Saturday, March 29, 2008

Trevas Ardentes

Andas a sonhar Demónio?

Ouvi-te gemer ontem à noite. Tuas garras estavam infiltradas de prazer, ensanguentadas dos rasgos de paixão. As carícias desciam no corpo das chamas a tocar o abismo das vertigens. Sulcaste o fogo dentro das teias até elas romperem tua pele. Cordas dedilhadas na sede de seres possuído.

Continuas com o sexo erecto Demónio?

Navegas sem parar nas linhas dos sinos. Tocas o inalcançável sobre as nuvens até ouvir um suspiro dos remos. São contornos estranhos que te fazem palpitar, nos sonhos e na realidade. Uma estranheza profanada em beleza, numa corrente do descarrilamento...

Terás unicamente que te satisfazer com o sonho Demónio?

Tuesday, March 25, 2008

Tormentos

O que atormenta o vento são as folhas.
O que atormenta a azeitona é não ser espremida.
O que atormenta a viagem provém do sopro.
O que atormenta o carvão não pode salpicar a Alma.
O que atormenta a tinta, o regaço da criança, ou o olhar do tempo, é a ausência.
O que atormenta a vela ilumina a tela.
O que atormenta as chamas da insatisfação bebida é a flor do mistério incompreendido.
O que atormenta a memória não pode ser cultivada pela aparência, apenas restrita numa livre escuridão.

O que atormenta o fogo são as teias.
Um tormento de paixão.

Friday, March 21, 2008

Inflamar


Dedilhas as estradas...
Iluminas corações...
Inflamas as chamas da solidão...

Tuesday, March 18, 2008

Calor

Calor da escrita...
Servente dos desejos, o cego rosto
Cobre o guarda chuva;
Da chuva muda
O decaimento das rochas estremece...
Densa as cicatrizes resvalam
O dedilhar do ar puro,
Da varanda despida,
Do telhado molhado.
Mar além da imaginação,
Povoa o segredo da paixão.
Enroscar o pergaminho de teias.
Calor da Alma...

Sunday, March 16, 2008

Badalar

O pastor alemão põe chamas no caixão. Madeiras escuras do tempo fugido, a careca reluzente de pó, a mulher que devora os dedos. São segundos dum compasso mórbido. Badalar estremecido das labaredas dos lábios. Gemer ao cântico do funeral.




Wednesday, March 12, 2008

Beleza de Sangue

A beleza irregular questiona o movimento da caridade.
- Acordas o suspiro da Alma com essências perfumadas?
- As paredes estão escritas com sangue.

Sunday, March 09, 2008

Loneliness

Palavras ocas, vazias, depreendidas. Um sopro embriagado.

A serenidade do aconchego...

“Quem tem medo do Lobo mau?
Quem tem medo do Lobo mau?
Quem tem medo do Lobo mau?”

- E se quiseres devorar a Alma? E... A pele requerer fogo? E... Possui-me!
- Tenho medo de ti, capuchinho! Fazes-me cócegas.
- Devora-me. Não perguntes porquê.

Os olhos estão escondidos. A roupa enche a solidão. Sentes-te sozinho? O sabor nauseabundo da sociedade rasga tua fuga? Provavelmente saberás qual o órgão mais importante na mulher?
Deixa-me ver as fotos dos esgotos que elas perguntam por um carinho. A audiência espera por ti. Tens mulheres despidas para te cortejar, prémios de risos, tempo desperdiçado...Terás comportamentos do vazio oco das palavras?

Fecha os olhos, liga os monitores televisivos. Sentes o abandono?

- Vêm cá Lobo mau, desejo-te acariciar....
- Tenho medo...Mas vou...Não, não vou!
- Aqueço-te. Não te como prometo.
- Vou morder, rasgar e dilacerar teu corpo.
- E a parte do violar não irá acontecer?
- Não!

Assobiar ao suspiro de navegações subterrâneas. Fogos transparentes. Nem sei onde mora o amor, se é no adeus da palavra ou no silêncio do abraço.

Hitler companheiro de Deus?! As asas não te seguram. Solidão tua, solidão minha...Caminhamos, caminho, caminhas. Buracos são decorações, o afundar na monotonia de não fugir.

“E o órgão mais importante na mulher é o nariz”

Será?

Quero o Lobo mau a uivar e se puder ser também a violar.

Saturday, March 08, 2008

Flecha Ardente

Ramificar a semente
Sobre a fonte das asas,
(Escurecer...)

Alienado dentro do casulo.
Encontram-se patamares de suspiros
(Ferver...)

Que embalam retalhos de odores
À volta da fogueira.
(Arder...)

O sangue flutua no abraço...
Na chama...
Na Flecha...
Na Alma...



Monday, March 03, 2008

Noite de Letras

( Herberto Helder ???????)

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Pinga o pois é...
Zangado, sem pé...
Chama deflagrada...
Nos corpos orvalhados
Penduram crinas de fogo!!!
Irrompe furacões repletos de orações.

Olhar paralisado recordando a embriaguez das abertas reticências. Verter, reter, gemer, elevar o som da cor embaciada pela talhada dor... Gravar os cantos escondidos dentro da arca. Ecos que ao chegar sentem a sensibilidade. Propagar do zumbido...Balanço do vento...

Provoca-me!
Sente as vertigens...
Rasga-me!
Retêm o suspiro...
Decifra-me!
Navegar o calor do frio...
Acolhe-me!
Espelhar as florestas...
Tatua-me!
Reflexo de cabelos...

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Saturday, March 01, 2008

Punição de Voar

Será proibição de sentir?
Será aniquilação de sorrir?
Letras cunhadas a mistério
Para misturar o perfumado nevoeiro...

Desfiar
Numa valsa
O aroma escrito;
A chama do fundir
Rebola na reflexão,
Num declínio,
Numa evaporação,
Num círculo rasgado no coração...

Desprotegida luz...
Desamparada escuridão....
Raios cavalgantes...
Voar!