Monday, April 28, 2008

Rosa

O beijo escala o desejo; a sombra fantasiada fica encapuçada num sopro. Esqueci-me da rosa vermelha de sangue. Deixei-a sozinha, perdida no canto. A “crueldade” está despida ao toque do sol escondido. Deixei-a lá, deixei-a apaixonada na sua cor. Não a levei; não entendo como a deixei.
É o tempo do beijo; o subtil encosto. Deixei-a sem a recolher nos meus dedos. Pétalas enlaçadas ficaram na solidão. Esqueci-me dela...Não a abracei...Esqueci-me de mim...

Não é ela!

Sunday, April 27, 2008

Sopro

Quando a pétala mergulha...
Quando o licor se afunda...
Negro veludo... Roxo...


Wednesday, April 23, 2008

Rendilhado

Chovem rostos perdidos no altar do rio. Agua pura da essência gelada, agua vestida de cigana, agua rendilhada de invocações. Transparência guiada pela Lua, fugitiva no esconderijo, provocada pelos devoradores de serpentes que degolam as veias. Assim o segundo passa a ser eternidade, assim as secretas visões das florestas abandonadas são esfaqueadas pelo silêncio.
O esqueleto constrói muralhas intransponíveis ao olhar. Sensações negras são despidas no olhar da Alma, cobertas dum orvalho de chamas rasgadas nos luares. Murmúrio estrondoso.

Sunday, April 20, 2008

Licor de Lua


A energia do teu manto...
O poder da tua silhueta...
Teu corpo nu sobre meus espinhos
Penetram o destilar do teu cálice...

Resguardo o perfume da pétala do teu olhar...
Preencho-me na perseguição do teu licor...

Licor de Lua


A energia do teu manto...
O poder da tua silhueta...
Teu corpo nu sobre meus espinhos
Penetram o destilar do teu cálice...

Resguardo o perfume da pétala do teu olhar...
Preencho-me na perseguição do teu licor...

Saturday, April 19, 2008

Metamorfoses

As peças reunidas ao acaso propagam-se na prisão. Observa-se o monótono vestido negro que embeleza cores não espalhadas. Querem metamorfoses de perturbação, ocultos olhares, e no fim a bebida de nunca terem tocado.
Situo-me no fundo da sala junto duma paródia de letras. Esqueço o silêncio da sala e amordaço as nuvens para elas iluminarem o vazio.
Não entender a pergunta, nem a resposta se assemelha à pergunta.

Wednesday, April 16, 2008

Profundezas

Enjaular as masmorras das cordilheiras, obscuro labirinto de privações circundam as paredes entrelaçadas numa fuga impossível, num gemido de gelo aquecido. Roda a palpitação do ser vindo das profundezas que somente quer regar a letra. Dança a selvagem loucura de afundar o poder dos dedos. Esquecer a lâmina que corta. Esquecer a nota que desenha a melodia.
Perguntar por algo desconhecido, pétala destilada sepulta o monstro do devaneio. Sopram os pardais da solidão, mais velozes, mais famintos. A ternura da timidez aconchega as feras.

Sunday, April 13, 2008

F1

Os motores estão a aquecer...

Thursday, April 10, 2008

Dois e Meio

Havia dois guarda-chuvas,
Um guarda-chuva e meio.
Escondido dentro dos bosques uivava o tempo.
Marteladas incessantes do silêncio
Num assobio vertiginoso...

Havia dois sorrisos,
Um sorriso e meio.
Encapuçado fora da imaginação do sentimento.
Maravilhadas imagens da violência
Afundado no terror temeroso...

Metade da metade...
Dobro do dobro...
Geme a respiração....

Monday, April 07, 2008

Existir

Existem folhas de seios.
Existem néctares de gotas.
Existem secretas pétalas.
Existem cânticos de chuva.
Existem teias na escuridão...

Existiam filamentos prateados, cortados aos bocados para poderem ter sido saboreados.
Mas existe a aflição do vento.
Existe um rasgo não tocante.
Existe o golpe dedilhado.

Trovejaram raios de lâminas afiadas...
Deixaram o sangue a pingar no violeta do lilás.

Wednesday, April 02, 2008

A Noite Só

As vertigens acarinham a avassaladora vontade de desabar montanhas. Fragmentar cada rocha em estilhaços de lava. Vaticinar a escuridão acarinha o manto duma noite só, e em certos labirintos a sensação bate nas vielas, estremecendo os sopros fugidos, palpitando.

Ela grita.
Ela chora.
E no silêncio ela implora.
O que é?

Sussurro notas nas luzes que salpicam as ruas. Gotas atadas dum sabor dúbio deslizam nos canteiros. Seguro-as nos lábios dos olhos, misturo-as na vastidão das estrelas.

Tuesday, April 01, 2008

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Este é o oficial.
Os outros são os oficiosos.
Valem tanto como este.