Tuesday, December 30, 2008

2009

Seja qual for a razão, provenha ela de onde o Ser não tem razão, ou quiçá da desventura aventurosa do caminho lúdico do pestanejar, espero ter o fôlego perpétuo de cegar a rebelião de um suspiro. Porventura inanimado o estreito mergulhar, tão ofuscado, esteticamente espaçado por compassos dum ofuscante passo transmudado, léguas de tormentos a resguardar dedos dedilhados, insolúvel problema confiscado no panorama oprimido do prefixo, imensos trocadilhos e nada posso dizer se o concreto no meio do fim tem algo a ver com o princípio do fim, seguimentos do mesmo raciocínio que peca pela lógica deprimente do Ser mutilado no próprio atrelado das vicissitudes. Circunstancias predeterminadas pelo ocaso do acaso. Ciumenta retórica, aguarda magnificamente o seguimento...
Às tantas os braços perdidos requerem abraços, um baço e tremido olhar, um retoque no toque; poderá ser a miragem misturada com aragem. Nem sei do dilema que aguarda o mar da frescura transbordante do rio. Essa corrente do destino ter certo a nascente. Tudo isto, além do dito anteriormente não é para levar senão a sério, um pouco de licor e mudada a coreografia volta-se ao abismo recolhido. Assim sendo a natureza tem conduzido a vertigem para o estado energético do borbulhar, frasco engarrafado tornado transparente à Alma. Ela sim vê o que a linha modifica o seu trilhar em cada respirar. Por isso tudo, mais algumas coisas que não foram ditas, conduzem ao ano 2009, um...
Sejam Felizes!

Monday, December 29, 2008

Encapuçados Embriagados

Voam labaredas nos poços
Reclusos do próprio sepulcro
Voam acentuados esboços

Rios negros aglomerados
Reclusos das danças intemporais
Rios encharcados com veludos

Culminam afiados aromas
Envolvidos ao badalar do funil
Tocam esquinas queimadas
Esculpidos infernos, tempero senil

Voam Rios, Rios Voam
Chaminés embriagados
Voam Rios, Rios Voam
Fumos encapuçados

A lareira estremece…
Lenha, mais lenha, muito mais lenha.
As brasas tremem!

Friday, December 26, 2008

Conversas de Natal

- Como se faz a farinha?
- A farinha faz-se da pedra.
- De que pedra normalmente é feita?
- Se queremos farinha negra: pedra de centeio. Se queremos farinha branca: pedra de trigo.

*****************************************

- Os pássaros estão cheios de frio nas árvores.
- Vai os apanhar para os pôr com as patas junta da lareira.

Tuesday, December 23, 2008

"Wally"

Onde está o "wally"? :)

Sunday, December 21, 2008

Invisibilidade do Visível

Marcas profundas onde se sente o inalar oscilatório da vitrina, captar da sensação para escandalizar o suspiro vibrante. Além do invisível a matéria encontra-se estagnada, sombra que remexe as profundezas, descobre o limiar das invocações a culminar a decapitação. No visível a Alma devora energias deliciosas, pondo corredores anárquicos na flutuação do inferno, inacabadas belezas que seguem a lógica de sugar cruzes para chegar ao rubro.
Recortes a desmembrar o Ser, a pô-lo na virgem disposição para consumar os actos do filamento. Início rega o estremecer do fim, quando o visível provém do invisível, débil linha, cruel segregar da existência; o trajecto alimenta-se da vivência única do cântico, desmontar o tempo, ou refugiar o fragmentar no desmontado tempo. Esta sequência prolongar-se-á com infinitas porções, do qual cada Ser provará partes visíveis e invisíveis, fará metamorfoses de qualquer parte, não distinguirá qual parte está. Deambulará.

Thursday, December 18, 2008

Mais de 40 Homicídios...

Há o sentido do vazio quando se chega ao ponto final da existência. Pode-se ponderar vários factores nessa turbulência, equacionar o impossível, transformar a realidade em ficção; com algum apetite voraz pode-se acreditar na continuação da vida para além da morte duma forma ou de outra. Nesse cenário tudo é realizável para quem aí chega.
Agora quando o homem (versão masculina) se apodera dos corpos alheios, da sua companheira, da sua amante, da sua mulher (ou qualquer sinónimo possível que acham mais plausível), e daí passa para a carnificina pura e dura, assassinando a mulher, a ele, ou até os filho (s) a questão passa para um pensamento de posse injustificada.
Como se poderá chegar a esse ponto de acção?
Complexo sem dúvida. Tentarei em breves passos explanar alguns acontecimentos que provocam tal acto. Haverá mais, não duvido de tal, mas acho estes os mais importantes.

- O controlo de todos os movimentos seja feito na sombra, ou com uma venda nos olhos num estado despido (controle mendigado), ou até ao ponto máximo do auge, controlar obsessivamente todos os passos sem descrição. Nisso tudo existe durante a fase do relacionamento, fases intermédias em que se faz um pouco dos três, a baralhar completamente estados emocionais.
-Discursos com visões completamente opostas, feitos em momentos diversos. O homem acaba por ter de mudar a sua visão, sem se aperceber do ridículo da situação, nem pondera tal facto. Todas as perspectivas têm de encaixar na sua versão, se isso não acontecer irá tomar partido da opinião da mulher para não a perder. Incoerência do deambular das palavras.
- O diálogo é a miragem. União baseada no monólogo, aceite e quando questionado pode levar a um mal-estar no relacionamento, perspectiva mais positiva.
- Motivações do “casal” completamente opostas que de um momento para outro coincidem em todos os pontos. Quando o relaxamento das pessoas acontece, aparece as divergências, tentando de novo a coincidência. Tal coincidência é forçada, e não realizada com a pureza da Alma.
- A agressão física vista como algo normal. Começa por pequenas pancadas, subindo o tom até se tornar insuportável. Arrependimento precoce pelo acto de agressão, perdoado pela mulher. Continuação desses actos. Ciclo vicioso. Isso pode-se aplicar também a agressões ditas psicológicas.
a) Poucas agressões – ruptura.
b) Muitas agressões – ruptura.
c) Muitas ou poucas agressões – aceitação.
- Questão dos filhos leva muita das vezes à aceitação dos acontecimentos. A ruptura não acontece para dar Amor ao(s) novo(s) Ser(es). O homem vê isso como ideal para continuar a absorver um relacionamento fictício, mas real para ele.
- A pressão do endividamento familiar ou a dependência financeira de um em relação ao outro, leva ao continuar da ligação. Tensão violenta do poder económico, e muitas vezes a manutenção do Status Quo.
- Criações de ilusões impossíveis de realizar para ambos. Imperceptibilidade da incompatibilidade, levando ambos para uma utopia ilusória, trajecto composto de miragens inalcançáveis.

Quando a ruptura acontece desencadeia-se um repouso falso. O homem tenta aperceber-se a causa que desencadeou tal acontecimento, por vezes auto culpando-se, ora pondo a perspectiva de haver outro homem na vida da mulher, ora culpando a mulher por não ser honesta em sentimentos e actos. Tenta a reconciliação abordando a perspectiva sentimental. A promessa é feita na perspectiva de um retorno a um “paraíso” do começo longínquo. Torna-se obsessivo no intento, chegando de forma camuflada fazer o que já se fazia no relacionamento. Um camaleão camuflado muito mais perigoso, um predador sem escrúpulos, tudo vale até se humilhar perante ele próprio e das pessoas que o rodeiam. É o controlo mendigado feito com muito mais astúcia do que na situação do relacionamento. Torna-se aí irracional, completamente desprovido de valores, sendo a posse do seu objecto (a mulher) o único objectivo a conseguir. Não irá parar até isso acontecer, seja duma maneira ou de outra. O sufoco será tanto que desencadeia reacções diversas. Irei somente salientar uma, em que a mulher decide conscientemente com ela própria, recomeçar a sua vida noutro lugar. Leva a sua determinação, vontade e sentimento até onde ela plena de si sabe o melhor para ela, onde ela desejar. Tudo isso leva a um choque gigante no homem. Pensando para ele próprio, e por vezes dizendo a ela (maior pressão – descontrolo quase total):
“ Ela não vai sobreviver”
“Vou-lhe fazer a vida negra”
“Planos para que os amigos em comum a odeiem, não voltando a falar com ela”
“Irei vigiar cada passo dado por ela, aqui, ali, em todo os lados possíveis”
“Tu vais voltar para mim, tu sabes disso”
“Fomos feitos um para o outro. Ninguém nos vai separar”
“Não tens capacidade físicas, nem psicológicas para ser atraente”
“Amo-te. Tu também me Amas”
“Ai de ti arranjares outro homem”
Resultado:
A mulher ignora-o, ele não aceita.
A mulher refugia-se no mundo dela, ele não consegue lá ir.
A mulher sobrevive, ele planeia o afogamento económico dela.
A mulher cria laços de amizade, ele vê relacionamento amoroso.
A mulher apaixona-se, ele congemina um plano final.

Racionalmente aproxima-se dela por a dita “amizade” e o homicídio é realizado. Irracionalmente assassina tudo o que rodeia. Tudo que alguma vez pudesse significar algo. Ela, ele, filho, filha, mãe, pai, companheiro actual dela... Um ponto final dado insipidamente, sem dar o valor a si mesmo, nem à sua vida.

Este homem irracional desprovido de qualquer auto estima, amor-próprio, orgulho, sensatez, objectivo de vida diversificado, destaque-se pela brutalidade do fim simples. Inacabado no seu vazio, aposto que nem os vermes o desejarão devorar na terra.
Aos mais de 40 homicídios acontecidos em Portugal no ano de 2008 é revoltando a condição do homem para chegar a esse ponto. Se a mulher quer criar a sua vida de outra forma, deixai-a ir. Cada Ser é único, merece o estado que procura. Se ela não o encontrar, terá o trajecto feito na procura de outra forma. Se ela encontrar será feliz, o que deveria trazer para o homem satisfação. Não há maior prisão do que sentir ter feita a escolha errada, e não é preciso estar a esbofetear isso como se fosse comida. Todo o ser humano sabe das escolhas erradas durante a sua existência (há uns que não sabem, mas isso está dependente da falta de QI), sendo o erro característico do ser humano. Provocar a germinação da vida tem ser uma constância, não a sua decapitação por um acto obsessivo e duma irracionalidade atroz. Para isso, um suicídio é um acto com mais valor, tanto a nível de números de mortes, como de implicações de tirar a vida a outra ou outras, apesar de não trazer tanto lucro para as agências funerárias (humor negro).
A vossa batalha deve ser o esplendor da vossa essência, nada mais; sendo isso um objectivo puro e válido para uma eternidade de aconchegos ao fôlego permanente.

Sunday, December 14, 2008

F

Estrondos de esplendor moram dentro de mim. Arrecado a visão fulgurante dos meus olhos, rebolo na pele do meu Ser, na Alma do recanto dos raios prateados da Lua, e viajo dentro da exaustão. Feitiço das recônditas chamas povoam fragrâncias de germinações, o jardinar da alucinação vigorante, solidão embriagada com fulgor. Retorna a iluminação do Ser demoníaco, dança de teclas construídas no telhado coberto de pétalas. Colher o aroma a deflagrar no coração, silhueta abissal do verter único da essência. Espírito brilhante do renascer chega até ao teu dia Demónio, até mim...Saboreio-o sossegadamente, enrosco-me com o feitiço do meu dia; Parabéns DarkViolet!!!

Friday, December 12, 2008

Sonata à Lua

Permanente.
Rainha do altar.

Regar a cantoria!
Embebedam-se as Luas com gemidos de água.

Regar o desfolhar!
Ancoras a palpitarem.
Tocar o adormecer!
Serenidade do caos a relatar o dedilhar.

Alterar a sonoridade!
Recoloco a subtileza da dança na mão.

O retrato do incêndio
Percorre a vastidão
De encontro aos violinos.
Segue-se no corredor da escuridão
A abrir os hinos.
Das notas flutuantes
Só as inundações são senhoras!
Aconcheguemo-nos...

Wednesday, December 10, 2008

Fe

Helicoidal falésia a despedaçar a sinfonia... Brutal apocalipse que aconchega o pingar...A ponte brota a fonte, desespero e agonizante desejo de chamas a incendiar a vastidão das profundezas. Rostos cobrem o feitiço duma altitude desesperante para invadir o culminar do encadeamento das lágrimas até à esperança. Banquete da reincarnação, ritmado na agitação das cordas do violino, colhe todo o detalhe das festividades.

Monday, December 08, 2008

Fei

Inevitabilidade do último suspiro sabe sempre a infinito. Assim são as escadarias do feitiço; um rendilhado de veludos sempre a elevar-se em turbilhões excitantes. O balançar de cada subida ou descida, rasga o êxtase em fragmentos ínfimos de silhuetas, a santificar o inferno para dilacerar as teias. Os únicos Seres da purificação agrupam-se nos remoinhos deste prazer, dobrando, alinhando os pós, até o canto dançar sobre a viagem da pedra decorada, esculpida.
Quem arremessa o cordão à escuridão da ressurreição?
Se nesta divagação houvesse escadas, o cego não necessitava do cordão. O vislumbrar do arremesso poderá ser o incomparável desejo infiltrado nas masmorras.

Friday, December 05, 2008

Feit

Quando a manta chega junto das estrelas do inferno, importa sentir o permanecer dos uivos incessantes, mergulhos de palpitações vibrantes. Não é qualquer Ser, não é qualquer folha de fumo da natureza, nem o raio fulminante que do acordar do alvorecer sabe o seu ardente gemer; será somente a virgem das purezas loucas a permanecer na cinta da vitrina recolocando pós no socalco dos remoinhos.

Espalhadas vertigens são trilhos dos viajantes...
Colheita de pó feita pelo véu...
Colheita de sementes feito pelas folhas...
Espalhado odor mistura a Alma...

“A vida é queimar perguntas” Antonin Artaud

Wednesday, December 03, 2008

Feiti

Captar o labirinto a desfolhar a visão dos lagos pingados. O momento estagnado de prazer acolhe os fios debruçados, suspiro frustrado de raios humedecidos a reflectir. Desdobrar o tempo, retalhar o pó, florescer o calor emanado pela terra. Transpiram curvas na envolvência dos troncos cruzados, nuvens embaladas pelo toque entreaberto da chuva. Os ninhos de janelas são contagiados no encantamento das folhas caídas, coloridas de gemidos acastanhados amarelados.
Mistura destas cores difundem-se manipuladas por um feitiço do inferno. Os Seres abraçam perversões ligadas à natureza, repetindo a sequência até à eternidade se tornar o apogeu do fogo.
“Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, ou inventou senão para sair do inferno” Antonin Artaud

Sunday, November 30, 2008

Feitiç

Torrencialmente a Alma deseja ser fiel à difracção, visão mágica transferida para a visão do chamamento. Nítido arregaçar dos dedos sobrevoa as cores deflagradas, a rasgar a pluviosidade do inferno incandescente. Ilhas de assédio descaem num brotar fresco, num brilho mergulhado no lume fantasma. Com o alcance da energia as sombras alegram manchas fascinantes, pecam para preservar a suavidade. Camadas de explosões criam faíscas esmigalhadas, cantos que chegam para florir o feitiço da vegetação sangrenta dos desejos; cascatas do olhar transparente feito à medida do horizonte. As silhuetas deslocam-se abruptamente ao sopro do licor de cada gota tornando inalcançável a corrente devastadora.

Thursday, November 27, 2008

Feitiço

Miragem escondida. Quem descobre os labirintos da própria imagem encontra o fogo do seu sustento, vertente aberta para a observação e da imperceptibilidade das folhagens. Descaem gotas agradáveis à sensibilidade, solidão que acolhe a própria solidão. Baús do acolhimento sobrepostos em correntes de lava, reutilizando amostras de belezas colhidas com as mãos dedilhadas. Fragrâncias recomendam o uso das fragrâncias, ciclo contagiante da partilha. Refrescar ingredientes na escuridão, usar dentro do caldeirão, espalhar no fôlego da pureza adquirida.
Assim o começo do feitiço entrelaça-se à volta dum remoinho, colocando a suavidade do altar no por do sol. Ouve-se a rua a desintegrar fulminantemente à pressão da respiração.

Tuesday, November 25, 2008

Abraço

Retorna a escuridão ao poente dos sentidos, a intercalar a magia do palco.
- Quanto reflexo inspira o leito do orvalho?
- Não tenho espelhos na escadaria para saber a quantidade. Posso sim admirar as palpitações do orvalho, enquadrado na perspectiva do horizonte, ficar junto do berço, do abraço.

Saturday, November 22, 2008

Solidão

Ia ficar com uma mão livre quando estagnei o corpo no céu. Meio atrapalhado rocei os olhos um no outro, deixei cair as mãos numa lufada de frescura. O entrelaço gemido arregaçou a sua preguiça, roçando o horizonte, resvalando o destino. Não entendi se a imaginação das folhas estaladiças penetrou ou não o véu do meu rosto, sei que as frescas luzes se misturaram como raios oblíquos, a desdobrar as brisas nubladas, cruzando a rouca solidão do caminhar nu das árvores.
Acolhi dos rudes desertos a força das subtilezas, salpicado da vegetação formado pelas correntes. O desaguar do labirinto foi-me pintado no cume das melodias. Cortei a retalhada tela, a formar folha atrás de folha, conjunto de levezas. Entretida Alma tocou a face, desconcertante nota de Outono na semente do milho...

Wednesday, November 19, 2008

Sensações Virgens

Persistência dos sons cobre
As notas...
Uma,
Duas,
Infinitas,
E tão poucas...Tantas...

Primeira;
Amontoada no céu atravessa o oceano,
Na margem navega dentro da virgindade.

Segunda;
Areia de lava estremece
Ao sopro tangente do entrelaçar.

Infinitas;
Gaiola de espelhos
Embalam o crepúsculo.

Audível retorno das ondas!
Manto de estrelas cavalgantes!
Rosa dedilhada!

Tranca-se a nota,
Explodem as sinfonias.

Saturday, November 15, 2008

Cogumelos

Crescem serenos à espera dum toque de orvalho, num silêncio embalado pela natureza. Postos isolados ou em pequenas aglutinações suaves, reencaminham o trajecto dos tempos para a agitação do interior. Cobertos com as folhas dos céus, rompem-nas timidamente, preferindo seu agasalho. A quantidade de luz fá-las espreguiçar, dá-lhes arrepios de sensualidade, deslizando a silhueta os odores da vontade....

Prazer tímido do Amor

Salpica, Pica...
O afogamento refinado
Sustém, Retém...
O sustento aglutinado

Calhaus tropeçam,
Rebola a paisagem

Calhaus gemem,
Abraça a viagem

A teimosia flexível
Torna o licor
Um recolhimento.
Indiscreto movimento
Da sombra,
Imóvel aflição
Da leve brisa da vida.

Soltar a energia
Cogumelos...

P.S: Se alguém desejar alguma foto mais pormenorizada pode pedir

Thursday, November 13, 2008

Caverna Lunar

Lendário viajante
Entrelaças as crinas nos dedos
Rompendo a chama incandescente

O orvalho da Alma
Transborda correntes de fogo
Dentro da caverna

A intensidade brilhante do esplendor...
Escuridão...

Tuesday, November 11, 2008

L

Um encontro...
Uma pausa...

Sino que toca num compasso apressado, fugidio, não sabe as horas. Toca perplexas as agitações que abriga reconciliando o segundo com o infinito a atear as fronteiras da ressurreição. As freiras sepultadas aleatoriamente no caixão do Amor escutam murmúrios, enquanto o som puro dilacera os vales assombrados. Talvez no profundo do badalar desejam o rasgar intempestivo, o néctar flamejante do desassossego que se apodera do perdão, segmentos da maldição.
Embaraçado no esconderijo cada louco sabe o sentido do orvalho. O que raramente sabe é o porquê da maldição cair dentro da sua Alma, seja ele parte da fantasia ou a própria magia, com trajecto elaborado de silhuetas integra miragens, violinos a deflagrar notas floreais. Do suspiro de sentir fica assolado, sem solução óbvia para guardar o baú das divagações.

Tormento...
Maldição...

Sunday, November 09, 2008

Lo

Juntar cores no altar do desconhecido, juntar círculos enfeitiçados, juntar a poção de sementes prateadas, e num vértice do sentimento cavalgar o horizonte na mão da mutação. Tarefa quando efectuado por um louco requer a dança dos sentidos, ritmado sem busca de algo despropositado à corrente. Ao haver melodia recolhe-se o coração para a expansão, acolhe-se a compreensão para a fuga. Noites de luzes a rodopiar os braços, a esgaravatar o último fôlego dos dedos, contágio da Lua com a escuridão a declarar a revolução das estrelas com os mares. A dádiva dada pelos loucos a quem deseja se impregnar com uma vontade pura...

Dançai...

Friday, November 07, 2008

Lou

Desejar dançar num planalto com tulipas negras imaginárias a descarrilar pétalas nas estrelas. Este trajecto atormenta qualquer louco.
Prever terramotos no céu quando o ninho está aprisionado dentro da cave descampada. Este trajecto recolhe qualquer louco.
Imperceptível dedução condicionada ao espaço submerso, definido pela fronteira do tempo despedaçado. Este trajecto acalenta qualquer louco.
Gradeamento frequentado por círculos de demónios ávidos de sangue, acolhendo a serenidade do caos com luzes de arco-íris. Este trajecto relaxa qualquer louco.
Saltitar no refúgio do sentimento aglomerando pós de sementeira quando faz a colheita com o sopro do fogo. Este trajecto germina qualquer louco.

Refugiados os loucos fortalecem amizade com o trajecto...

Tuesday, November 04, 2008

Louc

A consciência inerente ao abstracto é um factor condicionante, mas mesmo assim perfura a consciência para se tornar inconsciente. Crente no seu voo recorda a idade da sanidade em que povoado de clausuras conseguia ser para além do seu manto, um criador ardente. Quando chega o seu sopro artificial, o refúgio de palpitações enriquece o esplendor do altar de pétalas. Aureola trajada de abismos questionam os troncos mudos. Muito provavelmente estarão inflamados com a magia das cartas.
Com naipes floreados, números de notas esculpidas, arestas de chamas, o transbordar torna-se nítido ao nevoeiro, e dalguma luz que abraça o louco. Cartas de Outono, gemido de gotas.

Sunday, November 02, 2008

Loucu

Quando estagnado no horizonte nublado, circunda os remoinhos, rebola nas folhas, e quando chega a chuva sorri com as palavras do olhar. Pinta telas com a imaginação de outros loucos, utópicos nas paisagens resplandecentes.
Quando colocado na luz decadente do mundo, belo e imponente, partições que se juntam no patamar de poços deslumbrantes, ofusca o gelo revolucionando peripécias de artes decantadas.
Sente ambas de uma forma imaculada. Saltita arrepios no corredor das visões da cegueira, nas visões da infinidade. De repente no manicómio a sua escravatura transforma-se num vento áspero de delicadezas, imperceptíveis aos seus irmãos, muito menos aos “iluminados”.


Wednesday, October 29, 2008

Loucur

O tronco desramado é a imaginação dum louco. Num deserto consegue encontrar a floresta mais densa, num lago mistura divagações para encontrar o silêncio, num grito retalha falésias de suspiros. Faz da ruptura uma energia que bebe sofregamente na concentração fértil das obscenidades.
O ritual aglomerado pela matriz alcançável do riacho infinito faz com que o veludo cobre somente a cicatriz da mão. Nessa viagem os dedos dançam no vento formando gotas de licor. Aí o louco sentencia os lábios no eterno resplandecer da fissura. Bebe desenfreadamente abrindo o fôlego à sua imensidão...

Saturday, October 25, 2008

Loucura

O sopro de feitiços é a ilusão para um louco. Sempre vestido com as folhas só sabe encontrar razão no sentimento, naquela força da solidão. Nem hesita perante os olhos descaídos, nem a revolta das feridas que marcam a sua Alma. Procurará o alimento da imaginação para ser feliz. O louco não habitará ruas povoadas de pessoas, o seu lugar será num labirinto de divagações subtis, percebidas somente pelas grutas vulcânicas do desalinhamento. A forma de estar não é para ser entendida, o ruído dos pés são as mãos, as mãos são ramos das ossadas, sangue de gemidos, irracionalidades para os mortais. Dorme entre as brumas, a buscar o desabrochar das carroças, risco de profundidades superficiais aos ouvidos. O assobiar desse trilho é música de fantasmas, ameaça das sanidades, provocada pelo cordão de cabelos negros. Manchas amordaçadas dos loucos são criações de liberdade, frequentadas por obscenas vontades que ao aproximarem dos puros eles fugirão. Difícil aguentar tal devaneio. Nisso os “iluminados” não desejam ser contaminados por eles, por não pertencerem a tal caminho, nem aos balões de exageros de divindades e demónios que penetram suas mentes. Resta a eles sepultarem um punhal de desejos em si próprios, correntes de chamas provocadoras e devorar florestas com serpentes.
Como podem os loucos entenderem o beijo quando não sabem beijar? Eles não beijam, Amam intensamente as vertigens, incompreendidos sopram a ilusão para dentro da própria Alma.

Friday, October 24, 2008

Brutal Essência

Percorrer o roteiro das velharias à velocidade de múltiplos odores. Cada recanto repartido na lembrança das Almas, compilações feitos a um ritmo especial onde rasgos e rédeas não tem lugar. As sensações explodem para o visitante embriagado, o pedinte dos azulejos que intimamente se deslumbra com o saltitar do pormenor, acorda na esquina ao tilintar o sonho. Desajeitada beleza incorpora no rosto a busca infindável...

Wednesday, October 22, 2008

Metamorfose de Nota

A primeira palavra não tem sentido em relação à primeira. A última palavra provém do vento da palavra do meio. Meia palavra esquecida no horizonte da frase. Segmentos juntos, e estagnados na palavra. Ela própria a decompor-se em fragmentos de letras. Imperturbada palavra, ágil a cavalgar, descida vertiginosa, leva o fogo da palavra à fogueira. Palavra escondida da nota.
Ó nota que fazes “Trim-Plim-Trim-Plim-Plim”, rebola no manto alterado. Quando te ouvi pela última vez a tua sonoridade era diferente. Subias ao inalcançável e sussurravas: “Plim-Plim-Plim”. Gota a gota sabias resvalar na melodia da pauta, entretinhas as carícias do alento. Agora somente se pronuncia “Trim-Plim-Trim-Plim-Plim”, nublado de rosto pintado. A metamorfose garantida da…

Tuesday, October 21, 2008

Navegação

Abocanhai o inferno
Para serem vossos pastos.
Ide à procura da incurável
Questão da existência.
Se alguém não
For bem-vindo no trapézio,
Soltai forcas estranguladoras.
Ninguém irá gemer de reticências...

Estas pontes julgadas,
Fontes cheias de amarguras,
Brotarão...
Pedirão súplicas de agonia
Ao vento,
Gritarão pelas Almas abandonadas...
Sementeiras do ninho escondido
Esquartejarão a navegação.

Monday, October 20, 2008

Grito Oco

Quem mata o morto
Se não sabe crucificar o horto?

O agitado momento, esculpido,
Paranóia, simples movimento,
Empalidece o turvado aroma...

Caos desconcentrado relaxa
Envolto no hesitar.
Ingere-se o nevoeiro
Dentro dos lábios,
Gelado!

Perturbado sobre estacas
A carroça chia desenfreadamente...

Uivar desmesurado duma Alma!

Thursday, October 16, 2008

Infinito

A casa do sótão localizada no telhado da cave, encontra-se na esquina dum mapa, a tocar o labirinto da floresta. No contorno da horta profana-se a dor, relata-se como as fragrâncias são perturbantes, como a barba cortada ao acaso faz florescer cogumelos e, do suspirar desagua reflexos dum lago arrepiante. O mordomo devora à janela a chuva do destino.
Mas isso é o que se consegue a observar por um binóculo. Olhar duplo, rosto detido nas lentes, mãos de cordas; observa-se o licor...

Wednesday, October 15, 2008

Galhos de Tulipa

Ondular sobre a transparência, mordidela desconhecida, odor retalhado da nervura. Curvas oblíquas...
Quantos galhos existem numa nuvem? Galhos de escadas, Almas esculpidas ou a vertigem das folhas?

Fragrâncias da palma da mão com pedaços agregados ao suspiro, ancorados a um manto esplêndido de tulipas...Visão imaginária...

Monday, October 13, 2008

Lua Amedrontada

Recorro à chuva para me secar...
Desboto as cheias para puder navegar...

Invoco as folhas fracturadas das castanhas,
Atrapalho o vento no seu trilho...

Acordo o deslumbramento da mão,
Adormeço ao chegar da virtude...

Infiltrações do sossego....
Tormentos das asas...
Evasão dúbia das certezas...

Tuesday, October 07, 2008

Colheita

Havia masmorras para loucos quando o tempo era feito de pó. Grades colocadas no céu para não deixar os deuses se aproximarem das insanidades, nem dos banquetes destes seres, nem da colheita destilada das suas Almas.

Monday, October 06, 2008

Folha em Branco

Círculos enroscados numa superfície estalada, sobrevoa o tempo da imaginação. Chegam as folhas juntas dos gritos, escavando o corpo na tortura mórbida das tocas, e no desespero do labirinto o cabelo enlaça-se nos troncos rígidos.
Uns escalam muralhas, outros preferem poços, até sulcam campos devastados pelas inundações. Mascaram-se de lobos, sem puderem almejar à criação; vestem-se com cores mutiladas de violações sem se aperceberem do precipício; correm desalmadamente sentindo a ousadia da vontade com as mãos atadas às fogueiras frígidas; tiram imagens para a posteridade, fabricando um conto do qual ninguém pertence ao ser; afundam-se sem tocarem o infinito, ou tocarão sem eu o conseguir entender…

Saturday, October 04, 2008

Brilho Gélido

Readquiri o prolongado cântico
No reencontro da perplexidade.
Difusa queimadura de fogo
Renova o sopro
Com o brilho a escaldar
O renascer do ciclo virtual.
Emerge a escravadura obediente,
Aquela cuja sua manta é enigma,
Aquela cuja Alma é magma.
Instantes fugazes do oriente.

Servir o insípido
Torna a criação
Um progressivo vulto embaciado.
Da repetição não germina um caixão.

Friday, October 03, 2008

Mergulhar no Suspiro

O corpo está banhado no próprio corpo. Um mergulho para devastar as raízes, tornando a envolvência um perfume prateado transparente. Danço num suspiro, na gravidez da minha Alma, ardentemente, sem receio.

Tuesday, September 30, 2008

Cinzas

Olhos colocados sobre o dorso,
Olhos envoltos num poema;
Sentado o pó reintegra-se em imagem submersa
Dançando efémeras paródias;
Espalha-se na mão,
Povoando círculos.
Embriaga toques infinitos
Nas profundezas,
Sem que do altar vislumbre
O acordar do destilar.

É Outono no coração do concerto,
E escuto a cinza...

Monday, September 29, 2008

Folhas

As folhas gostam da chuva.

Regar multidões nas mãos
Questionando o barulho do furacão.
Não chegar ao suspiro...
Não aproveitar o retiro...

As folhas gostam da chuva.

Thursday, September 25, 2008

Ilusão da Neve

Tenho neve no cabelo, profunda e embriagada, metamorfose dum silêncio a descair sobre os ombros. Dentro deste conceito não recordo doutra sensação sem ser essa. Pluviosidade que marca a sensação da pele. Iludido, captei o estrondo deste descaimento. Iludido, arrastei o rasgo até ao íntimo. Iludido, tentei sonhar mais além. E dentro deste reflexo escrevo o indecifrável. Alongar o tímido olhar, desconstruído ou pautado num palco aguardado, com ou sem guarda, com mutação ou preenchido pelo preso toque.

Wednesday, September 24, 2008

Transparência

Membro composto por um osso, envolvido em hélice, dentro do qual a harmonia capta a disfunção do momento. O entristecer momentâneo chega sem perguntar a transfiguração do rosto. Acordar o despir ou talvez a natureza da própria fragmentação. Incógnito labirinto que da transparência transpira, que na Alma evapora.

Tuesday, September 23, 2008

Alçapão

Encontrei dentro duma viagem um alçapão acastanhado. Caía em mim recortes de aprofundar esse horizonte, de puder chegar a uma cortina onde pudesse despir uma miragem, ou simplesmente levantar o véu do esconderijo. Perguntei ao desconhecido rasgo o que haveria atrás do alçapão, mas a resposta não apareceu, nem a vontade do suspiro foi forte para ser acolhida.

Monday, September 22, 2008

Outono

Deambula a chuva sobre a terra orvalhada, e sobre o céu morram cantos que desfalecem na forma de gotas. O chapinhar sobre as rigidas folhas faz a melodia arquear uma brisa. Acolhedor festival Outonal rejubila o desassossego...

Thursday, August 28, 2008

Planalto Melancólico VII

Acordei dentro da montanha, no profundo vale, sobre as cores espalhadas do planalto. Cheira a pessoas com a alegria de fantasias, espirros de satisfação pelo reencontro com as ondas do perfume da terra. Lábios sedosos abraçam esta viagem, buscando o incontrolável sustento da razão. Desaguam rasgos de sentimentos, algures…

Monday, August 25, 2008

Planalto Melancólico VI

Intempestivamente o tempo muda; floresce neve na viagem para o inferno num manto encapuçado de serenidade a assaltar a linha do acolhimento. Guardo o sopro que acarinha a derrocada dos flocos, até a vertigem colocar o rasgo nas mãos. Arrecadado não chego perto das faíscas, nem da vista pego no molde do suspiro, nem do rosto acolho a paisagem. Resta a Alma que voa no planalto, desmesuradamente na saudade...

Thursday, August 21, 2008

Planalto Melancólico V

O repouso do fogo habita ao lado do sossego da paisagem, desabotoando o manto das árvores. Regresso ao voo das ruas que acarinharam a infância, circunscritas ao pormenor que os dedos esboçam a cada momento. Contactar as pessoas a perfurar mudanças, aliciar a vinda do vento sobre o rosto. Observar o decaimento da saia sobre as pernas, a inclinação da ribeira nas costas das folhas secas. Pecados da cascata, pontes entrelaçadas.