Galhos
Ocultas a montanha coroada
Onde barcos divinos provam o vinho;
Pegas o frágil colo enrolado em linho
E os murmúrios da água abandonada...
São matrizes cruzadas, de dedos afiados...
Funis perturbados com o silêncio oco
Dum sorriso de asas, que fazem voar como louco
Os imortais ecos de galhos crucificados...
Os espíritos param nos altares
No mar, no ar, suspeitam das folhas
Em cada canto, dando tons às entranhas
Para perfumar, perfurar, os ramos encantadores...
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Mutilação
Chamaram a polícia...
Querem-me prender estes canalhas.
Têm os bastões hirtos, com a saliva a exaltar-se;
Nem os fantasmas dos pesadelos
Contidos nas grades os faz desaparecer
Na sua própria humilhação...
Bando de fornicadores
Que mutilam os órgãos dos anjos
Rindo-se das cicatrizes alheias
Para mostrar as fezes...
Os seus odores mesquinhos
Declamam a ocupação
Dos seres supremos...
Mantenham-se nessa ilusão
Seus cobardes.
Venham-me prender
Que ides ficar sem pele,
E aí sabereis como
Provar a vossa pútrida carne...
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Sei
Não sei de que cores pintaram as nuvens
Talvez de Lilás...
Talvez de Negro profundo...
Não sei onde está magia das mãos
Talvez em pó espalhado...
Talvez em cinzas perfumado...
Não sei como fizeram os socalcos
Talvez com miragens...
Talvez com mera ilusão...
Semearam pontes...
Armadilharam sem destino as trevas...
Plantaram desejos de maldições...
Acenderam marés-cheias de sons...
E no fim perguntaram num sufoco de letras:
-Ainda pensas em voar?...
1 comment:
Esse recolhimento fez-te bem!Aquele da polícia assustou-me um bocado, "bando de fornicadores" eheheh!
SEI,que voar vais querer sempre!No dia que te cortatem as asas, será o mesmo que te matarem!
beijos
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