Monday, April 30, 2007

Gólgota

Descobriste a falha do encontro ao ouvir o maremoto das planícies. O salpico transbordou, sem surpresa das aves que avistaram o perfume no cume das nuvens. O resto dos vivos nem saborearam o derramar das gotas. O gólgota de cada espécie atinge o auge na contemplação exagerada de fugas. A insatisfação paira no ar, em gesto de agitação, em pausadas invasões...

Sunday, April 29, 2007

Argola

A argola sequestra os prisioneiros das cadeiras. Ouve-se os chocalhos a deambular nos corredores das ruas, uns presos as suas divagações, outros ao palpitar das emoções. Correm como loucos atrás do vazio e nem a argola os serve para parar. Por enquanto conseguem chegar a serem cegos sem abrir os olhos, por enquanto nem dos pés se lembram. Tentam aspirar o pó das cadeiras com as saias lavadas, esquecidas da falta de brilho. E ouvem os chocalhos soar em troca dos dias pelas noites.

Friday, April 27, 2007

Festival Intercéltico 2007

Mais uma vez irei perder o festival....Arghhhhhhh

Wednesday, April 25, 2007

O milagre...

A busca do santuário encontra o repouso nos lagos, e os ecos nas grutas profundas das montanhas. A silhueta da Lua encanta os caminhantes, as telas das notas bailam no ouvido onde as verdejantes árvores incorporam a magia. O tempo passa devagar, tocando o pormenor de sentir cada instante. A melodia dos cabelos dourados entreabre o desejo pela criança. O prazer devora a sua beleza num contágio entre a natureza e os Homens, um cântico vindo da Alma.

A Twlwyth é um estado mais avançado:D

(O milagre é transformar o céu em chuva dourada para quebrar o feitiço de retornares a casa com o gesso)

Monday, April 23, 2007

23 Luas


Corre nas veias a espuma do nevoeiro.
O rio estende-se nos braços das margens,
ao encontro de Almas no canto da vida.
Um abraço do Tejo nas 23 Luas.
O fascínio do número 23.

Ò minha Senhora....

"Ò minha senhora...Ò minha senhora...é um menino nao é?"



Aglomerar o clandestino passageiro
Arrumado na comoção do desfiladeiro;
Pernoito a ouvir a paródia do gesto
A desterrar a fúria do relento...

Furto o corredor da inquietude
Escavando o cego território;
Eclodir ou esbanjar o nevoeiro?!
Vestir os trapos do esquecimento...

Amanheço o deserto madrugador
Timoneiro da rede, saqueador da sede
Cobiço o silêncio num infame túnel.
Resquícios da sombra esfaqueada...



Parei a minha escrita, um homem senta-se ao meu lado (87 anos) e diz-me os seguintes versos:



Diz-me lá ao cantadeira...


Que te prezas de saber


Onde estavas tu metida
E antes do teu pai nascer
Se fores uma cantadeira afamada
Deves-me já saber responder...

Minha mãe foi regateira
Vendia melões na praça


Se eu sou corno, tu és puta
Somos todos da mesma raça



Ele sai em Ovar, e eu sigo no comboio para o Porto.


Saturday, April 21, 2007

Parabéns Loba

Um passo na tua viagem...
Um sorriso aberto nas velas...


Os meus braços enlaçam tua pele neste dia...

Parabéns Loba!

Thursday, April 19, 2007

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

There are some people, they are never down...

Wednesday, April 18, 2007

LVR

Ainda não vi teu lindo corpo...
Ainda não... Ainda não...Ainda não...
Não! Não! Não!
Acariciar os verdes prados...
Mando...Ando...Mando...
Aqui Li...Aqui Vi...Aqui Ri...
Ainda não... Ainda não...Ainda não...
A mão tira o pão...
Debruça-te no vão da escada...
Ainda não... Ainda não...Ainda não...
Santo cumpre a tua promessa...
Ainda não... Ainda não...Ainda não...

Tuesday, April 17, 2007

Velas Molhadas

Dos marmelos apodrecidos
Sangra o espanto do espantalho...
O cesto é colocado junto ao alho
Perguntando à alergia pelos esquecidos...

Volta ao sarcófago de telas
A revirar a camisa molhada;
Torna o sumo a chuvada,
A Alma, os cursos sem velas...

No aberto pântano o peregrino prega...
Prega sua essência aos pecadores sem moradia...

Monday, April 16, 2007

Calafrio

Os raios de sol encostam-se no rosto
Num abraço sem odor,
Numa correria desenfreada pelas bermas...

Moldados na sombra o melhor amigo
Aconchega o espírito do fantasma...
Ruínas tornam-se fronteiras visíveis
Do calafrio sentido...

Cada vez mais transpiro nas chamas do sol...
O gelo afasta-se das profundezas...
Não largo a âncora de mim...
Permanece o meu cachecol
Em redor do meu pescoço...
Sou eu... É a minha identidade...

Friday, April 13, 2007

Saltitar

Entrar no segundo certo...
Afundar nas pétalas incertas...

A concha perfumada,
O paradigma guardado;

A lenda desfeita
Entrelaçada na mão;
Dar voltas num ritmo frenético
À velocidade das estrelas
Numa folha queimada...
As cinzas caem em pedaços
a ornamentar rasgos de armadilhas...

Saltito..Saltito...Saltito...

Sunday, April 08, 2007

Dor sem Fé

Rasgo os relâmpagos…
Ao aprofundar os fundos dos baús…

Chispas bombeadas do além…
Não pertencem ao corpo…

Profanação da cruz
Vai pelo pescoço dos troncos;
Abaixo do limiar da pobreza,
Por cima dos túmulos…
Crio alongamentos ocos;

Não escapo da dor!

Aventura regada no seio
Debruça a paixão do coração,
No ventre dum voo…

Dilacero a parte infinita do canto
Num mar levado pelas ondas.
Dorida espuma;
A sensação do pergaminho…

O caos sem fé…

















(Foto tirada por um amigo, João V., em Marco de Canaveses)

Saturday, April 07, 2007

Ondas nas ruas do Porto

A carcaça está no pulmão fumado. Pus os pés a dançar nas ruas, nas rotundas, nos pequenos bosques que abraçam a cidade, na ondulação que percorre a noite. Invento a transparência da iluminação num eterno tactear, a movimentar o fogo do fundo vazio. Flutuo no misterioso encanto de ouvir a escuridão, aberto ou fechado pelas esquinas, levo excertos de pedaços.

Tranco a porta e vou dormir…

Friday, April 06, 2007

Árvores Cruas

As árvores estão cruas no cimo da palma da mão. Estremeço no templo das asas; as geladas sensações pingam no olhar, a humilde dança, o surpreendido sorriso. Saí na vergonha tentando verter uma emoção, um lapso de memória para olvidar um dia mal passado. Arranho a eternidade com as forças ocultas, a delicadeza dos pés, e aplico a maldição de seguir na corrente. Os olhos assim o dizem… Há seres que foram elaborados para certas tarefas, só que jamais o tempo anda certo. Fazê-lo bater no caldeirão de feitiços é reagir às minhas estranhas maneiras…

Orgulho IV

Não há tempo...Parabéns ao tempo!
Há várias formas de estarmos com quem gostamos. E dessas formas podem ser transpostas para um campo infinito de posturas perante a acção de agir, sendo ela activa ou passiva. Há anjos e demónios que não sabem nem a sua própria definição, e assim se auto denominam. Estas definições não partem do grupo, mas sim de cada um. Corrigindo ao longo da vida o trajecto para poder atingir uma maior exploração de si mesma.
O equilíbrio das pétalas aconchegadas no peito germina. Fazê-las crescer leva a não esquecer, de estar presente nem que seja com uma leve brisa junto daqueles que nos ajudaram a desenvolver. Pensar, estar, com essas pessoas só quando elas se vão, deixa a amargura nos lábios. Aí nunca mais poderemos dizer fisicamente o quanto elas são importantes. O mais significativo do percurso não é a quantidade mas sim valorizar a qualidade, nem que essa seja imensamente reduzida.
Quando li este post da Nin fiquei emocionado. Ela fez algo que muita gente não faz: esteve com o seu melhor amigo. Há sempre um segundo para dar a quem gostamos, e quem diz que não tem tempo e di-lo sistematicamente, é porque afinal não sabe o que é gostar dessa pessoa.
Não há tempo. Parabéns ao tempo!

Manto

Queres morrer? Porquê? Ó mulher não desejas acalentar a esperança dum manto pacífico? Sei que vives nos teus momentos altos e baixos…Confirmei-o com ele o que já sabia. O homem disse-me aquilo que nunca irá acontecer, vendo ele nos meus olhos aquilo que eu tinha como adquirido. Consigo ver para além do real sem usar nenhum dos meus sentidos, um dom desenvolvido ao logo dos tempos e no qual as expressões captadas são por demasiado evidentes.
Os teus caminhos foram, e são de dor, não sendo eu capaz de reagir a esses indícios. O inevitável acontecerá. Estarei o máximo junto a ti o quanto eu possa…

Wednesday, April 04, 2007

Flutuação

A fragrância da ansiedade fica aflita no patamar da resposta. Saboreio o vento, observando a mulher do guarda-chuva aberto, com ela ausente. Amputar as gotas torna o sopro uma aventura, torna a miragem um feroz roedor do destino, uma vela descaída num punhal. Seguimos os passos, desejando aquilo que corremos atrás....Assim os cabelos ficam enrolados, esticados, molhados...A flutuação da cor do mar...

Monday, April 02, 2007

Viagem

Muitos sonhos entram nos lagos das pessoas: a viagem escondida nos cantos das fragas, o odor da mistura dum mercado, a lança dos campos na mudança das cores. O tesouro da ilusão mora na esquina de cortejar as letras, onde o alinhamento do percurso solitário segue pelos labirintos. Parar num ponto corta a chama, mas é necessário para depois ir ao fundo dos contornos. Visão das pastagens desérticas.

Sunday, April 01, 2007

Amo-te Lua...

Torci a Alma
Causando a ruptura,
Tropeçando na fractura…

Do tecto cai teias…
Moídas a pentear as veias…

Abano as tranças erguidas…
A força das asas bate.
A saia enrola-se nos olhos;
Os poros sulcam as marés;
Enquanto os dedos aninham-se
Nas pétalas da Lua…

Amo-te!



















Pequeno questionário:
http://home.att.net/~slugbutter/evil/
Resultado: Pure Evil