Monday, December 20, 2010

Feliz Natal!!!

BOM NATAL
E
FELIZ ANO NOVO!!!

Tuesday, December 14, 2010

Parabéns!

As folhas Outonais fazem parte do coração, beleza intimamente ligada ao partilhar dos odores do Ser. Quanto maior for o manto, mais as profundezas se esculpem com ardor. A provocação da natureza seduz o fluxo interior, torna-o a invasão da essência, uma pétala criada para descobrir o mistério tatuado. A cordilheira das cores é fumo que envolve os galhos despidos, da mesma maneira que cada Ser se perturba e se sacia dos enigmas. É preciso dançar, dançar com a harmonia e deixar os bancos vazios para eles sentirem a energia da liberdade.
Agora que cheguei à velhice tenho que continuar a aprender com as folhas, e fazer delas o fogo para queimar o tempo.
PARABÉNS DARKVIOLET!

Tuesday, November 30, 2010

Licor Mágico

No Universo do Outono existe o odor único que se implanta dentro do Ser e o absorve em tempestades incomparáveis. O fluxo a vaguear, sublime respirar; sustentação das raízes nas veias, o sentido insaciável de permanecer. Cada repousar, cada movimento, cada olhar; a contemplação do fogo a espalhar-se em recortados segmentos de folhas. Sente-se o brotar da terra, da humidade perturbada, dos galhos a ficarem nus, uma mistura que preenche o Ser até à exaustão. E de vez em quando o assobio dos pássaros recoloca a virtude no devido lugar.
Talvez um dia consiga uma foto dalgum pássaro junto dum cogumelo, a pintar a magia dum licor enfeitiçado, num estado delicado.

Monday, November 15, 2010

Nirvana

O tempo pergunta ao vento sobre o seu inquieto sussurro. Não se pode dizer que seja um murmúrio audível, um rodopio enlaçado na profundeza dum sotaque, mas um qualquer olhar perturbaria o equilíbrio fúnebre, por isso a dança é feita de forma inquieta. Esconder os mais íntimos pormenores é um estado incalculável. Talvez a prisão dos sentidos seja a libertação, um reino do qual os fogos se incendeiam sem perguntar o seu molde de saciar. Se a lima resgata a rudeza, a suavidade alcança a metamorfose, o Ser desaba fundindo a proximidade num fio invisível. Cor tricotada da evolução fica submersa, longe do apocalipse, longe da própria reconstrução.
Quando as folhas encaixam carruagens de cor, a sua pauta desfila a função do chamamento. Ecoar o toque cego da torre é insanidade, subir nela é embriaguez, entrar nela é êxtase. E se for de lá que se pode entranhar o reino então o silêncio é o piar dos banquetes, o altar primeiro do sentido. A explosão é o carvão dos vales, inferno silencioso do labirinto das árvores, terra nas chamas do Outono. O sabor faz parte da memória, resguardado ou apenas entranhado. Não se sabe o âmago dos feitiços que o sussurro provoca, mas o que isso importa?
Palácio de Cristal - Porto

Saturday, October 23, 2010

Terço

Enquanto a paisagem se desdobra é possível observar o passageiro diurno da folha solta. O pormenor é o seu ponto de fuga, marca atingível pela metamorfose num corrupio de depressões. Afunda-se o que é envolvida pela crença, limiar da fronteira para o redor desabar no dedo afiado que rasga o passado de forma imperdoável. Não há freiras para suster este apocalipse, só o ciclo esboçado no ar pelo terço o consegue fazer saciar o desespero interior que reina no Ser. Existe sempre o resguardo na solidão para aninhar a tenda de silêncios, um caos urbano da fé e da desordem. As duas juntas salpicam o poço até chegar ao momento do adeus em fúria.

Sunday, October 17, 2010

Mensageiro do Inferno

Inadvertidamente enlacei o sufoco da respiração na escuridão completa da gruta. Não tenho para onde olhar, nem a sombra me faz companhia, nem a companhia constante do zumbido nocturno salta para dentro das minhas veias. O pesadelo ecoa como um estrondo; não tenho para onde fugir; ninguém me pode libertar desta prisão. A terra faz de mim seu escravo, tenho-a dentro do Ser a germinar as sementes da esperança. Fujo sem puder fugir por entre os corredores da minha mente, disponho as palavras dos livros num sossego despertar. Tudo se alimenta dum caixão amaldiçoado, onde os olhos se devoram, se rebentam até à exaustão. Posso sentir a explosão fragmentada da luz no labirinto das mãos, forças que se fundem e arrancam o sustento do licor, que preenchem as raízes.
O topo do inferno aglomera-se mas o ruído ecoa, a esperança expande-se a cada momento em cordas invisíveis de expectativa à procura do último resguardo da sobrevivência. O deserto tem poços desconhecidos perante as miragens das ossadas. Sufocar ou Amar…
Mineiros que estiveram soterrados durante 69 dias debaixo do solo do Atacama - Chile

Sunday, October 10, 2010

Templos Modernos

Os relâmpagos abrem a clareira dos cegos. Todos temos alturas em que a visão da Alma fica nítida e a contemplação da mistura torna-se um exercício de pureza. Pode-se elaborar as tarefas segundo fogueiras, abrigados do fogo segundo o fluxo da corrente do rio. Sentir a suavidade dos momentos, nos simples devaneios da insanidade.
Quando se estremece no ninho os labirintos escalam a pele dos corpos, sossegando a solidão. Este estado aglomerado por partituras ganha sua forma nos tortuosos recantos da imaginação. O Ser completa-se por etapas indefinidas, regado por soluços de varetas improvisadas. Enquanto que a respiração galopar o eterno será a chama dos relâmpagos, viagens ao som do rugido das alucinações.
Nunca se pode menosprezar o renascimento, porque ela é sempre feita de vontade, chama da qual se tem o sentido do Ser dedilhado no percurso. A vontade e a energia são irmãs gémeas, andam juntas, por isso quem tem vontade tem a energia para misturar Seres...

Tuesday, September 28, 2010

Sopro do Apocalipse

O sopro da existência progride no passo fumegante dos fogos, dos olhos rasgados do tempo para a calvície das planícies. Quando existem pingos constroem-se monumentos, dos quais as cavernas se encontram no patamar sombrio da solidão. Embrenhar uma mistura de paixão no fúnebre vaguear dos isolados estreitos faz a ligação destes abismos.
Há o primórdio a assombrar o caixão, e de lá sai a essência pura, um resguardo mais que temporário mas que precisa de certas pétalas para chegar ao eterno. De certos vendavais da memória o Ser treme, aflige as suas sepulturas até o sufoco espremer um licor. O licor eterno de sorver do cálice a imaginação, cativar o mórbido olhar do apocalipse, enroscar o ardor. E sem a lucidez, o Ser cego espia a insanidade, rasga toque a toque a sobrevivência.
Não há fio que ligue qualquer frase, nem palavra que se pode conectar, porventura o piscar de olho embala o último secreto, enigma esboçado no perfil do rosto da folha, nervuras, veias enfrascadas no Luar. A navalha cravada na cruz solta o grito do prazer... Inexplicável à corrente.

Thursday, September 23, 2010

Outono Lunar

Tenho a folha do orvalho na minha mão. Sinto o castanho a entranhar as danças neste toque subtil que entretêm, formas belas dos pingos que a natureza oferece num cálice. O vinho balançar numa mistura contagiante faz escorrer o resto do licor das brumas para o limiar das faíscas suaves, enquadradas no equilíbrio. Telas tecidas na forma abrupta do assobio, tão lentamente embriagante que desperta os patamares de vitrais.
Eclipses de nuvens brotam em salpicos, tudo à vista ganha uma magia meditativa da Alma, voos tão penetrantes que a Lua torna o seu ardor um ninho de chamas. A flutuação chama pelos elementos dos feitiços: os cogumelos, os castanheiros, os riachos, as gotas, o manto de folhas incandescentes, a dança do vento, o sussurro dos pássaros, o escutar do murmúrio que os galhos orvalhados polvilham o manto, o odor intrínseco do próprio Ser…
Sensibilidade do figo que balança no perfume da figueira tem o zumbido dum fantasma, percorre o Ser na permuta de adormecer nas suas profundezas Outonais.

Saturday, September 18, 2010

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS DO PORTO

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS DO PORTO - FIMP
17 - 26 DE SETEMBRO DE 2010
PROGRAMAÇÃO

Monday, September 13, 2010

Mente Abstracta

A matriz da mente humana desbrava o destino. Explosivo na sua retenção abraça as emoções, o som rude nas entranhas das encruzilhadas fugidias esvoaça. Pode-se escutar a sobrevivência no suspiro da sombra, ou na aglomeração dos sentimentos, provocar uma cascata de suspiros. Se tudo habitar na caverna das provocações, sairá de lá em pedaços profundos de odores.
Conhecer o rosto que brota a lágrima será a construção da cerimónia? O predador do silêncio, escondido e envolvido na dança pendular verte a parte sombria do movimento. Sente-se o retrocesso, a forma melódica da repetição. Badalar gerado pela alucinação das vibrações físicas que desagua na fonte da essência.

“O significado da primeira impressão!”

Um distúrbio momentâneo do equilíbrio, fragilizado pelos raios das tempestades ínfimas de prazer. Nessa forma de estar a oscilação produzida apodera-se do Ser até ele se conter numa fragmentação caótica. Um mecanismo flutuante até ao regresso da pausa inflamada. Estruturas paralelas percorridas pelo fluxo da respiração instantânea.

Wednesday, September 01, 2010

Type O Negative - Peter Steele

A cor púrpura dos céus escolhe os seus obreiros através das gotas. Elas caem, esventradas no esfaqueamento da escuridão, mudadas de cavernas para os altares dos precipícios. Resta a permuta caótica a despedaçar os momentos fulminantes para que sejam acolhidas, ou recolhidas na melodia do fogo.
O dia 14 de Abril de 2010 ficou marcado pela cristalização de Peter Steele, membro da banda Type O Negative. Os sopros dos assobios regaram os infernos até ecoarem com estrondo nas faíscas dos trovões. Momentos de pausas intrinsecamente ligado ao contágio da Alma com os Seres profundos, os demónios insanos. A terra rasgada chamou a si a energia do caixão, forças que as correntes enlaçaram o pó e num som penetrado consomem a combustão da insanidade da absorção. Pesadelos acariciados durante a vida, abraçados na morte; trilho mutilado aos remoinhos de infiltrações, ao contágio gemido da voz poderosa da retenção liberta. Viajar no desconhecido, na alucinação provocadora das trevas sufocantes, torna as extremidades um abismo de palavras, deslizante tempo a pingar o sentimento.
Lembra-me como se fosse hoje, Junho de 2007, em que sulquei em direcção à cidade maldita (Lisboa) para ver o concerto dos Type O Negative no Coliseu dos Recreios. Embriaguei os passos para ser amaldiçoado, ser penetrado até escutar a sedução das notas, uma a uma a pôr-me nu perante o esfaqueamento da cortina da loucura. Dilacerar o fumo num tempo ilimitado; embalsamar a eternidade num fogo áspero de desejo, num prazer oscilante de assombrações, queridas e abrigadas numa absorção de tempestades. O patamar intimamente ligado ao visionamento aglomera a construção fortificada da união dos sentidos, rendilhada forma de nevoeiro, espelhado reflexo da metamorfose.
Por vezes não se consegue explicar a fusão da sintonia, a máquina gritante de suspiros, os lábios de sangue deliciados com as folhas eróticas duma carícia a resvalar; permanece o sangramento desse mês, permanecerá além da morte... Sulco salpicos de pétalas na tua mão, o orvalho da corrente a sufocar o fôlego oscilatório de pingares nos meus lábios, no meu peito, Impregnar, Invadir, Respirar. A voz imortalizada de Peter Steele a pregar o coração na dança do Ser, um Lobo Demoníaco.
P.S.: A minha homenagem a Peter Steele, não no tempo devido mas no tempo injustificado da memória. Que o fogo o acolha num calor de furacões, na serenidade de pulsações inatingíveis, ondulações de abismos, pecados fúnebres de sedução, tentações da alienação...
Assombrações da altura:
http://pesnus.blogspot.com/2007_06_01_archive.html


Peter Steele

"Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.

Was like fucking the dead."

Wednesday, August 25, 2010

Baloiço de Luar

Envolta na pulseira de prata seu odor transpira o zumbido das sensações. Timidamente a magia ecoa com estrondo, imagem da contemplação das pegadas uivantes. O cair do som a eternizar a estreita insanidade do labirinto desperto, enquanto a ponte devora o suculento desejo de baloiçar no infinito, e a viela no seu gradiente de sombras veste a nudez com um véu. Cada momento despido geme no reflexo, um sentido pousado nas asas encurvadas dos Altares.
Ardes num pigmento de poços mágicos
Cintilas edificada no teu mausoléu
Cada sombra do teu brilho geme
Cada fissura da tua face sente

O toque dum olhar lunar faz faíscas
Nas cavernas de lava…

Wednesday, August 18, 2010

Crónicas duma viagem VIII

A paisagem recria o seu manto no relevo das pétalas e das águas. Cada pedaço da ponte é um encontro com os mistérios escondidos, forças que unem o tempo do fluxo dos infernos e dos céus. Enlaçados na ligação, as torres acompanham os toques, dançam em silhuetas de chamas. Há cores espalhadas nos recantos, notas fugidias, socalcos de fogo ardente. Até aprisionado na corrente os mortos gritam de dor pelo renascimento. Os Homens acompanham as viagens, uns entranham com tal profundidade que ecoam estátuas de gentileza no estado meigo do coração, a dança da roda.

Ponte Carlos - Praga

Saturday, August 14, 2010

Crónicas duma viagem VII

Hoje dispo-me sobre teu rio
Deixo o fluxo trilhar o amanhecer
Até sentir o escaldar da varanda aberta ao Luar.

Com as portas entre abertas ao fluxo
Arranho os sopros das brisas,
Deixo teus troncos arrancar-me o coração,
Depositá-lo dentro do tempo que floresce.

No manto nublado dos teus poros
Fazes estremecer a ventania,
E eu aqui sentado, contemplo as pétalas que me ofereces,
Até os olhos talhar a magia.


Rio Vltava- Praga

Friday, July 02, 2010

Crónicas duma viagem VI

Em Praga a madrugada chegou ao pé de mim. O silêncio das ruas produz o som caótico do encontro com um novo local. Sente-se o nublado manto dos céus descair no rosto, a escorrer o rio na silhueta das pernas. As linhas dos eléctricos gemem com as torres, as estátuas e o odor da frescura das encruzilhadas. A pedra nua está despida ao olhar, dando ao labirinto o fogo da solidão. Busco os recantos, à procura das gotas do tempo, aquela suave brisa do lavrar entre pontes de velas e arcos de demónios.

Praga - Praça Central

Wednesday, June 23, 2010

Crónicas duma viagem V

O retorno ao momento anterior fazem com que os espinhos se espetam nas pedras e se enlacem na vegetação, num sorriso de encontrar o encadeamento dos rodopios, das danças. O verde e o cinzento fundem-se numa só, melodia daquelas que querem a simplicidade ao apogeu da insanidade do pé a seguir ao outro pé. O estremecer dos lábios rejubila de notas, som que escoa na rapidez do tempo inquieto. Donzelas de caveiras fazem a escalada do último sopro, num limiar de afiados voos à procura do instinto, a energia do além a dedilhar o sumo das pétalas despidas. Posso abrir as asas, infiltrar-me em todos os recantos, mergulhar no vagaroso penetrar dos trovões, soltar a pintura das folhas. O uivo escaldante junta todos estes pedaços nas chamas intemporais do cálice.
A coroa da morte geme em remoinhos mas o violino é incansável, nele se funde pergaminhos de fogo e se faz a moldura de cinzas que se espalham em filamentos prateados, sentir Lunar. O corredor de labirintos perfura o Ser do fundo para as profundezas, com a intensidade do infinito.

Cemitério de Père Lachaise - Paris

Sunday, June 20, 2010

Crónicas duma viagem IV

A navalha afiada contempla o rosto dos espelhos. Rasga-se a transparência da tatuagem, contemplação dos momentos soltos que a Alma faz ferver no cais do labirinto das pétalas. Envolto em nevoeiro o fogo arde em toda a parte fazendo um casulo de mel. Colhe-se fusões agrupados do tempo como pingos de rejuvenescimento criados pela atmosfera das chamas rendilhadas, silhuetas de cores.
Se um violino se deixasse embalar neste ninho, as cordas iam-se soltar e o som a rebolar ecoaria nas profundezas das navalhas, corte tão profundo que da invisibilidade brotaria sangue das cavernas para o cálice.
Sainte-Chapelle - Paris

Thursday, June 17, 2010

Crónicas duma viagem III


Rio Sena - Paris
Resta esperar o silêncio acolhedor da noite enquanto os fantasmas se desfazem em transparências e se encaminham para o leito do seu devaneio. A escuridão encaminha o cego para o Altar por entre labirintos que se tornam difíceis de desmembrar ao olhar, enquanto as correntes embriagadas se juntam no fogo das encruzilhadas, a catapultar os filamentos, a elaborar sopros e mais sopros vindos do cálice.
Nos ardores despidos consegue-se interiorizar a nudez e Ela está sempre presente para construir o espaço mágico. Ela destila fragmentos de gemidos para ocupar o seu trono, na majestosa Catedral. Gárgulas a cavalgar, vestir a profundeza de florestas embalsamadas no manto da cerimónia.

Catedral de Notre Dame - Paris

Monday, June 14, 2010

Crónicas duma viagem II

O olhar espreita o infinito da palma da mão. Retornar às pedras que sepultam a Alma, a fazem vibrar numa caverna, e num salto gigantesco a aprisionam com a doçura dos aflitos. A pulsação aumenta a cadência, sofre da alegria pelo reencontro. Dos espaços penetrados escuta-se o sótão das branduras insanas, silêncio apaziguador do caos urbano.
Os locais acolhedores ao Ser sabem acarinhar os vagabundos dos sentidos. Moldam-se à estátua da transparência e daí as esculturas dos patamares são a fluidez dos corvos. As maravilhas das chamas descontroladas ecoam em subtilezas circunscritas, caminhos profundos de sobreposição das camadas do destino. Sabe-se que cada pé em movimento constrói as asas do Ser. Resta saborear a intimidade...
Cemitério de Montmartre - Paris

Friday, June 11, 2010

Crónicas duma viagem I

A noite está pousada na escuridão, nos campos verdes abertos às cegonhas enquanto o ardor das estradas queima a solidão com o seu calor e faz o tempo um altar de segmentos pintados à loucura. A lenha insana no trilho das paredes saboreia as lápides que separam caminhos no meio do monte. Pirilampos no fundo do horizonte tecem a tela pela noite dentro. As estradas fogem sem curvas no olhar, traçados na vastidão dum traço infinito. São árvores de pombos que não podem ser destroçados pelo vento.
As tabuletas do destino têm tudo definido. Nelas existem baús com os segredos guardados formando luzes de labirintos. Quanto mais explorados estes trilhos mais a vontade se espelha na Alma do Ser. A prioridade despida faz parte do esboço, como a escadaria penetra a torre e no seu manto eleva-se a viagem, tons inflamados do pó prateado.

Versailles

Thursday, May 27, 2010

A Sombra do Destino

A sombra do destino mergulhou na vastidão das profundezas. Do fundo ouve-se o estrondoso eco das palavras insanas, aquela mistura desconecta do espelho invisível catapultada para as silhuetas coloridas. O traço da escuridão tem a moldura de sombras no pincel dum romance gótico. A dança roxa compõe a tela, mágicos dedos insensíveis que dedilham a manta rendilhada. Cada sequência faz as montanhas desaguar o gemido do horizonte, melodia de notas a pingar o orvalho resplandecente. Na caverna a Lua brilha com o feitiço de pós brilhantes. O calor germinado na Alma faz o seu ardor um trilho de Luares. Sinfonia de Catedrais, de marionetas!

Sainte-Chapelle e San Vito

Monday, May 17, 2010

PPP

A cor púrpura dos céus escolhe os seus obreiros através das gotas. Elas caem, esventradas no esfaqueamento da escuridão, mudadas de cavernas para os altares dos precipícios. Resta a permuta caótica a despedaçar os momentos fulminantes para que sejam acolhidas na melodia do fogo.
Assim se faz a sombra do destino quando mergulhado no sabor do vento. As gotas irão partir segundo o seu trilho, na aventura louca de abrir um rumo ou simplesmente dar brisa à Alma. Absorver o Ir, embrulhar o ardor com o gemido da palavra. Partirei a saborear o desconhecido enigma da aventura. Dia 27, Porto – Paris – Praga, a linguagem do P.

Monday, May 10, 2010

Entrevista

Os PESNUS congratulam-se em ter entrevistado em exclusivo a pessoa do momento que pela sua obra não feita quis manter-se no anonimato. Tratá-lo-emos pelo Sr. XXX. Quando a entrevista foi realizada chovia torrencialmente no palacete e por isso tivemos que nos recolher dentro dumas catacumbas de ossos. As caveiras que decorram o espaço do Sr. XXX pingavam sangue pelos buracos do crânio. Recolhemos amostras desse líquido para ser analisado ao pé dumas amendoeiras Puras que irão ser plantadas quando o mundo eclipsar.

PESNUS – Obrigado por nos ter concedido esta entrevista sua Eminência Digníssima.
Sr. XXX – De nada. O cofre de Deus está mais recheado…

PESNUS – Tem uma bela decoração as suas catacumbas. De onde provém tanta imaginação?
Sr. XXX – Os meus 265 antepassados é que sabem. Eu estou aqui há pouco tempo e desconhecia este lugar. Um homem com uns cornos na cabeça aconselhou-me o local para meditação. Até me deu uma pata de cabra de qual fiz um brinco, que ponho quando adormeço. Agora venho para aqui com as minhas crianças a jogar ao berlinde e fazer desenhos nas paredes como na altura do Neandertal.

PESNUS – Neandertal!!!!
Sr. XXX – Desculpa. Desde Adão e Eva.

PESNUS – O camauro fica-lhe bem. Não tem medo do frio?
Sr. XXX – O frio é meu amigo de infância. A minha vida é dedicada a valores maiores. Valores de convivência com os peixes dos rios subterrâneos. De vez em quando lá acendo a lareira para ver como tudo se desfaz em cinzas. Faço sementeiras de cinzas pelo céu para ficar com menos trânsito aéreo e fazer as minhas viagens com Deus ao meu lado. Ajudar as Almas terrenas é o meu lema deste pequenino.

PESNUS – Como passa os seus dias?
Sr. XXX – Tenho escrito sobre o tempo e de como ele influencia os banquetes das mulheres virgens. Vim parar a este cargo quase aos trambolhões, nem o queria aceitar e agora tenho que cumprir o meu papel de sacerdote das Almas Puras. Os aguaceiros quando caem nos corpos fazem com que haja uma infiltração nasal parecida aos vulcões, muito proveitosa para de aí se extrair o sémen da fertilidade.

PESNUS – Tem sentido falta dos prazeres terrenos?
Sr. XXX – Jamais, nem sei o que é isso. O único prazer que tenho é olhar para a praça full ou fool de fiéis, acolher os seus dotes, ajudar os mais desfavorecidos durante algumas alturas do ano quando olho para eles da minha janela no vigésimo terceiro andar. Como ando com os bolsos rotos algumas pessoas podem cair…

PESNUS – Costuma usar algum amuleto?
Sr. XXX – Tenho uma cruz… do tempo de juventude…

PESNUS – Suástica?
Sr. XXX – NÃO! NÃO! NÃO!

PESNUS – O que pensa de Portugal?
Sr. XXX – Quanto ao país, conheço muito pouco. Sei que fica perto da Rússia. O meu antepassado directo dizia bem dele e da sua ginjinha. As pessoas devem ser humildes. Fizeram 50 mil hóstias para eu comer. Gente bondosa. Vou levar algumas nos bolsos para entreter os dentes o ano inteiro.

PESNUS – Agradecido por esta entrevista.
Sr. XXX – Aos pastorinhos o queijo da santidade. Bendito sejam os estados laicos com montes de feriados católicos. Por ultimo deixo uma recomendação: Deus afaste as crianças dos Bispos como eu me afasto da palavra dos crentes.
Preservo o preservar…

Foto ao Vento do Sr. XXX

Wednesday, April 28, 2010

Jardim Botânico do Porto

Há cantos onde as cores perfumam as vistas, basta ir de encontro a eles, explorar as profundezas do tempo vagaroso e sabe-se que a Alma é recolhida no sopro da natureza. Existem múltiplos lugares na cidade do Porto para que isso aconteça, o Jardim botânico é um deles. Nesta altura espalha cores nos soluços das suas envolvências, as flores gemem de fragrâncias, os seios das pétalas pingam os tecidos feitos da nudez dos anéis. Mantos de folhas verdes enroscam-se aos galhos, com os cabelos a deslizarem nos dedos de fogo dos raios solares. Entra-se nas pedras de vulcões quando os gatos rebolam na suavidade das sombras a procurar o chorar das águas ou o movimento inquieto dos pássaros. Tudo se harmoniza na vastidão dos pequenos labirintos, dos lagos germinados no além, dos cactos de pele infernal, das estufas que procriam a semente da insanidade, colher a pétala de esboços. Existe pedaços que deflagram em espinhos flutuantes nos nenúfares, rejubilam botões de cataratas nos filamentos das fugas impossíveis. Esferas a badalar assombrações na gruta mágica da cidade.

Thursday, April 22, 2010

Linhares I

O vestido estava coberto de galhos, gotas feitas de estrelas que agasalhavam os rostos do passado. Tudo moldado com a cobertura da Primavera a tecer a teia dos espaços estendidos, silhuetas enlaçadas.
A natureza mantém-se intacta, com as nervuras nas cascas dos caminhos. A mobilidade do vento faz os movimentos sensuais transbordar de prazer ao toque subterrâneo. Pé atrás de pé no dorso da terra ardente, de chuva coberta.
Quando os riachos eram elaborados com o orvalho da manhã o tempo passava devagar ao som dos grilos nas árduas tarefas dos chapéus. A lenha estalava debaixo dos pés pelo trilho aberto nos montes, fogo vagaroso que o manto clama. As pedras dispostas nas paredes aninham-se umas às outras ouvindo o piar dos pássaros, leito das giestas, ardor. Tudo se funde na harmonia, no despertar dos aromas misturados. O som da água a escorrer, compasso da tranquilidade a gemer o seu encanto. Destilar arvore despidas, dedilhar as ervas verdes, a brisa soletra notas que as aves acolhem na sua melodia única. A terra molhada ferve de pujança a adornar os raios de sol, envolvendo os carrascos, a cobertura das sombra a pintar o tempo. O estado selvagem da natureza brota com energia abrindo poços aos poços, deixando transparecer a sua fecundidade, como no passado, somente a ausência dos Seres, dos avós, presentes no carinho dos céus.


Thursday, April 15, 2010

Mulheres

Há tantas mulheres nestas ruas despidas que o caos veste a miragem das folhas. Gosto dos galhos a serpentear a nudez dos corpos femininos, o vento a entrelaçar danças que os olhos rebolam. Os dedos são desconhecidos nos mapas das imagens, mandamentos da sensualidade a perfumar as ruelas do destino. A coroa das velas são as veias dos seios, fé interna da mulher a esculpir enigmas incompreendidos pelo racional. Se no fluxo a parte entranhada das alucinações geme, o gesto testemunha o tecido rendilhado da delicadeza. Perfis de rostos a moldar cabelos, virgens toques dos lábios nublados de vontades. Voam beijos ao vento, ao palpitar de dourados, prateados ou bronzeados instintos. Despe-se o calçar das pernas no orvalho das madrugadas.

Tuesday, March 09, 2010

Ir

A bebida enfrascada pela hora, impercebível ao gosto do olhar. Cada um saboreia as estações na hora do dia da permuta, da luz e da escuridão. O retorno do início vira ao contrário a vareta do fim como se fosse uma piscadela fundida no infinito.
Aos raios das trevas a questão é ingerir a visão na sombra desconhecida de acreditar na sequência do destino, não um destino qualquer mas o destino em que não importa se a folha se encontra embebida ou bêbeda de melancolias.
Aos raios das luzes é necessário visionar a tabela das encruzilhas, destilar o orvalho para após alguma reflexão partir no trilho do desconhecido.
Ir, sem questionar o Ir!

Thursday, February 25, 2010

Calvin, Hobbes e companhia

"
Calvin - Socorro! O vento está a soprar outra vez! Espera! Vamos cair!
Calvin - AH! Recebi a carta que escrevi para mim mesmo!
Calvin - Porque hei-de ser EU a mudar o mundo?!
Calvin - Estava secretamente à espera de uma explosão ensurdecedora.
Calvin - A vida é cheia de possibilidades impossíveis.
Calvin - A arte não tem a ver com ideias. Tem a ver come estilo.
Hobbes - Olha, uma cobra!
Calvin – Quando uma pessoa pára a meio de uma frase para escolher uma palavra, é a melhora altura para aproveitar e mudar de assunto!
Calvin- UÁU! Estou rico! Posso ter tudo o que quero! As minhas orações foram ouvidas!
Susie – “Quando a vida te dá um limão, faz limonada”
Hobbes – O problema com as novas experiências é que raramente são as que escolhemos
"
Calvin&Hobbes - É um mundo mágico - Bill Watterson

A felicidade de jogar Calvinbola é o sorriso da imaginação flutuante.

Tuesday, February 02, 2010

Desconhecida Vertigem

1. Tinha dito e escrito o que haveria para ser dito. Estendido está dito.
2. A atracção é o vazio da ausência.
3. Descer no interior incerto, descair no exterior certo.
4. A insanidade despida é uma melancolia.
5. Atalhar no labirinto, dilacerar o cordel do infinito.
6. A respiração tem o rumo do destino.
7. Os escravos devoram os pormenores.
8. Quem nunca procura, raramente encontra a vontade.
9. Esquece o esquecimento.
10. O sofrimento está nu enquanto o mergulho for profundo.
11. Vislumbrar a solidão como a morte adiada.
12. Acariciar o enigma do silêncio é o terror dos poços.
13. Ao sentir um salpico, a Alma estremece e fica despida.
14. O fogo é a maldição dos esquecidos.
15. Ciclo do ponteiro, ruído infernal da surdez.
16. Quando a timidez geme, recantos das silhuetas são a fuga do orvalho.
17. Explicar a omissão é algo perfurado pelo inexplicado.
18. Questionar o vazio tem o sentido de questionar o todo.
19. A lógica sustém o inatingível do olhar.
20. Construir a dor no castelo das vertigens é a muralha de um Louco.
21. Num ribeiro a cegonha é o palco esverdeado.
22. Se tiveres a abranger as masmorras, dilacera o corpo, e deixa a Alma no estado de sofreguidão.
23. Quando os segundos de articulação alucinam a excitação, troca de gatilho.

Thursday, January 07, 2010

Santa do Devaneio

Ó Santa traz as teias
Na mistura do holocausto
Ó Santa do devaneio traz a loucura
No caldeirão das faíscas

O caos dos relâmpagos
Capta a fonte no suspiro
Ó Santa, Ó Santa, Ó Santa

O Crucificado toca o pássaro da lareira
Dilacerado sobre o manto do hospício
Com o céu em fogo encaminha a insanidade dos cegos
Para o barco dos fantasmas

Santa do Aleluia, Santa do Aleluia, Santa do Aleluia
Afunda a Onda, Afunda os Náufragos