Monday, June 14, 2010

Crónicas duma viagem II

O olhar espreita o infinito da palma da mão. Retornar às pedras que sepultam a Alma, a fazem vibrar numa caverna, e num salto gigantesco a aprisionam com a doçura dos aflitos. A pulsação aumenta a cadência, sofre da alegria pelo reencontro. Dos espaços penetrados escuta-se o sótão das branduras insanas, silêncio apaziguador do caos urbano.
Os locais acolhedores ao Ser sabem acarinhar os vagabundos dos sentidos. Moldam-se à estátua da transparência e daí as esculturas dos patamares são a fluidez dos corvos. As maravilhas das chamas descontroladas ecoam em subtilezas circunscritas, caminhos profundos de sobreposição das camadas do destino. Sabe-se que cada pé em movimento constrói as asas do Ser. Resta saborear a intimidade...
Cemitério de Montmartre - Paris

6 comments:

Frankie said...

Estas crónicas são deliciosas. Aqui há amor e, isso, muda tudo; até as palavras...

Deixo-te um beijo e uma vénia :)*

Lúcia Machado said...

Olá :-)

Obrigada pela visita, agora com menos tempo...mas de vez enquando "espreito" :-)

O Neto do Herculano said...

A vida é feita de caminhos,
não caminhar pelo mundo
é não viver.

Mr. Lynch said...

Darkviolet;
Também visitei o cemitério de Montmartre quando fui a Paris. As tuas palavras são, como sempre, maravilhosas. As fotografias são excelentes. Gostei do pormenor do corvo em cima do jazigo na primeira fotografia.

Frankie said...

(...)
"In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore.
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he,
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door--
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door--
Perched, and sat, and nothing more.

(...)

The Raven, Edgar Allan Poe




:)

DarkViolet said...

Frankie:

Montmatre é um local encantador, onde cada curva e subida enche o prazer da Alma. Os corvos sao uma companhia frequente. Sentem-se a rasgar o tempo


Lúcia Machado:

Nao se pode ter tempo para espreitar tudo:)


Mr. Lynch:

É fácil os captar nessa posição. Sem dúvida um local para entranhar em que se fica ausente da cidade por momentos


BOMBA H:

Trilhar todos os espaços para os saber saborear