Wednesday, August 26, 2009

Vinho

A adega das chávenas olha o corredor das tábuas estaladiças. Sente-se no meio do orvalho o sentido tremido do licor, saliente na lareira do piano pingos de tempestade andam soltos, num destino com a misericórdia das asas flutuantes. Sem pestanejar o vento soletra a cegueira nas janelas dos livros, quadrados envidraçados de vitrais, véus em mantos roxos a levitar nas células. Embriagado o odor esperneia na madeira, enquanto o néctar tem sabor das ampulhetas dos demónios.

Foto daqui

Wednesday, August 19, 2009

Sopro da Figueira

Existe um sopro dentro do odor da figueira, interior íntimo da corrente inalada no sufoco do tempo. As memórias dos insanos cantam com as cordas esticadas dos figos a canção dos dias afogados. Cada gota a ser sorvida num intemporal de raios, mas num instante de pés para o ar, a ampulheta rebenta na caverna, e silencia o seu desassossego. Parece o milagre das tentações a ser esfaqueado no nevoeiro onde pinga o sangue, mas nos 31 açucares espalhados na Alma existe a inquietação do Outono, por isso mais vale vestir-me com as folhas, rasgar o inferno das peugadas.
Os frutos sabem atar-se uns aos outros de forma divina, os Homens é que não sabem seguir suas essências ao limite das suas vontades.

Imagem retirada da net - Autoria desconhecida

Thursday, August 13, 2009

Nocturna Paisagem

Como são deliciosos os cristais com os chinelos nos pés. Até no consultório dos malucos se consegue saborear os pigmentos envidraçados, num prato floreado de divagações. O fumo alicerçado no edifício pode cair dentro do alguidar mas existe a loucura no trilho das janelas para espalhar o ruído surdo dos murmúrios. Enquanto isto na escuridão da noite caminha-se de chinelos com a ajuda duma bengala, toque de cantos dispersos provenientes dos atordoados candeeiros.

Imagem retirada da net - Autoria desconhecida

Wednesday, August 05, 2009

Lua Purificadora

Descalços meus pés mergulham nos sabores da Lua, na purificação aberta dessa silhueta que arde em fogo, não parando de dançar nas chamas do desconhecido. Cada fissura penetra o eco deslumbrante das mãos atadas no cordão virgem de alcançar o inatingível espírito, voar dentro da Alma, na inconstância de absorver o que de mais íntimo sai das pétalas. Trecho da melodia que a Lua faz acompanhar suas notas, a amante de muitos prazeres eternos.

Imagem retirada da net - Autoria desconhecida