Monday, December 31, 2007

Brasas Embaladas

Pedras molhadas ao sabor perverso dos corações. Agarrar a vontade de as tilintar, naquela ternura de as ver arder num limite inalcançável.
Escavar com os ardores na palma da mão até escaldar a pele, até o âmago virar gelo de fogo, até o pingar a progredir para gritar nas cavernas das teias. Som embalado de brasas dilacera o deserto...

As palavras circundam, circulam os pés nus...
Chuvisco de mais um ano...Fonte de gemidos...
Entra 2008...

Monday, December 24, 2007

Agasalho

Transporto o baú...
Enlaço as serpentinas...

Rego com a doçura o veneno.

O templo...
O tempo...
O vento...

Dedilhar o rasgo do coração...
Mergulhar a Alma na paixão...

Brilham as estrelas no agasalho da Lua...

Friday, December 21, 2007

Lareira da Noite Longa

A escuridão abrasa o segundo que escorre pelos poros. Velejar em tempos sem fim onde espreita o luar, a aconchegar as estrelas das nuvens deitadas no horizonte. Tilintar a noite longa na palma das folhas esvoaçantes. Dançam no chão, algumas nos galhos, outras no coração...Nesta transição a silhueta faz renascer nova época. Aromas a congelar essências e a transformá-las em licores para beber à lareira...


Thursday, December 20, 2007

Naufrágio Ardente

Navegar no mar....
Naufragar no rio...
Arrepiar as colinas....
Penetrar os soluços....

Dentro do tempo a iluminação rasga a espera....
Fora do tempo atormenta-se o desassossegar das velas...

Ouço os gemidos dilacerados no coração...
Ecos...Ecos....Ecos...
Ardentes...

Saturday, December 15, 2007

Calor do Ardor...

As folhas brancas pintam as telas dos heterónimos, enquanto as vozes salivantes de pensamentos sulcam o armazém dos sons. Na plateia o folhar dos jornais esboça uma curiosidade do entreter os olhos. Nos camarotes o visionamento dos duetos penetra o ardor dos toques embalados. Seres estranhos com sonhos acalentados. Paisagens dos escorregamentos delicados.
Cânticos sussurrantes desafiam patamares escaldantes, o desassossego cativante da mistura.
Até que chega a entrada dos heterónimos, e da mulher com fôlego. A escuridão abraça o louco dançar, da embriaguez louca de despir. Enrosca-se o calor, e abandonado ao estímulo de sentir as mãos, rodopia-se um vagaroso abrasar da Alma. Detido neste aprisionamento da liberdade o deslizamento enrola profundos desejos ao expender o infinito até à pele. O deambular das brasas seduz raios flamejantes, arcos de paixão, sensações de emoções a dilacerar as teias das veias.
Dedos que trespassam as flores vestidas, dedos derramados no vulcão. Inferno do baloiço a escrever o prazer, a rabiscar florestas de sonhos flutuantes, a endiabrar um pulsar sensual... Do ardor gemem lábios... Do calor ardem rios...Desejo forte do aquecimento íntimo...

Friday, December 14, 2007

Felicidades DarkViolet

Ao ouvir embalar os teus galhos sobes até ao profundo olhar das brasas. Ardes e tentas arder, umas vezes a ouvir a germinação do silêncio, outras vezes a saquear tremores de terra ao teu encontro. Um sorriso de ti para ti...

Tuesday, December 11, 2007

Hummm...

Beijos
e
Abraços!
Misericórdia a um pecador dos sentimentos. O inferno seja abrasador comigo...

Thursday, December 06, 2007

Run Santa Claus

Santa Claus…

You can run but you can not hide.
You can run but you can not die.

Run…Run…Run…
Fly or Die…Die or Fly...


You can run but you can not hide.
You can run but you can not die.

Butterfly…
Santa Claus…
Butterfly…

Wednesday, December 05, 2007

Gota

Chuva miudinha, colorida ao luar do nevoeiro, escorre em patamares da longa noite. Tesouros de sabores aglomeram-se junto à pele, resguardados nas profundezas do leito de mel, emigrados dentro das carícias. Cortejar contornos da bruma esboçada na lentidão dos prazeres, riscados entre os galhos despidos. Divertir os círculos de gotas ao entrelaçar do ardor para descair o manto...

Friday, November 30, 2007

Toques Embriagados

O desconhecido vento povoa a pele. Aqui ou ali, arcos de velas feitos em embrulhos de lareiras rasgam tímidos toques. Compasso de palavras, mordomias do desejo, ardentes pedaços que passam dum tempo descuidado para o rendilhar da chuva que não cai.
Será a beleza da mulher o canto do sopro do Outono? Será a ventania a esperança das rajadas devastadoras? Será a ponte o áspero gemido da inquietação?
Estreitas divagações do coração ancorado na mão.

Tuesday, November 27, 2007

Urna

Bebo os olhos

Rego os dedos


Urna

Trémulo borbulhar

Borboleta
Esventrar Delicado

Voar

Fatias do Labirinto

Saturday, November 24, 2007

Pulsar da Lua

A poeira envolve ondas infinitas
Com navalhas afiadas.
Cortam o minucioso compasso
Do badalar do segundo.
Espremem do cálice o sabor
Das tentações.

Costuras de veludo ou porcelanas rendilhadas...

Pulsar a noite...
Inundar o bailar...
Estremecer incerto...
Tingir a Alma...
Silhuetas de mãos...

Rasuras limadas ou painéis espelhados...

Reunir o suspiro da Lua
Em torno do Amor...
Baralhar notas feitas de gotas de licor
No retorno do odor...
Mergulhar... Afundar... Dar...


Friday, November 23, 2007

Demónio

Espelho da Alma. Sorve-me...

Rio opaco escala a suavidade do tormento...
Maquilhagem!
Manta!
Tatuagem!
Rio sinuoso da fricção embalada...
Reflexo espalha-se. Devora-me...

Sinistra face...
Estranha foice...

Ardor infernal...
Rasgo gemido...

Ceifar a erecção da mão,
Gotas do sangue que rebenta.
Renascem...

Furos da paixão massacra o vento;
Perfis de vulcões.
Esboços íntimos desvendam a pele molhada;
Distender furacões.

A cera a escaldar desliza na pele...
Furar...Derreter.. Portões do Demónio.

Velas embriagadas nas trevas.
Pálido Vampiro...Puro...Levita...

Wednesday, November 21, 2007

Caixão

Pintar o caixão de roxo ao brilho húmido do prazer. Num resquício de vida do rosto gelado, o deslizar torna-se um remoinho de sentimentos. Florescer dentro da madeira (galhos, diabruras, chamas, rasgos, sensualidades). Pigmentos destilados ao redor das estrelas, onde confesso que o suspiro anda desvairado no meio dos trovões. Os incêndios das faíscas penetram o sabor da torre, derretem a pele ao fogo dum molhado olhar...Esventrar até ao suplício do sangue a correr de tanto gemer, ao tilintar dos lábios da vontade de dilacerar. Tormento que ondula no caixão. Seres que se invadem com o ardor da essência. Fragas de brasas...

Monday, November 19, 2007

Santo

Montes de estrelas ondulam no manto.
Fontes de telas mergulham no santo.

Sabor dedilhado com frescura.
Odor orvalhado com pintura.

Vou até ti...
Até ao fundo...
Profundo de mim...

Ciente do coração que cobre a felicidade,
Rasgo a sedução na Alma,
E tilinto a magia num sossego regato.

Rio imaculado da gentil pureza...

Friday, November 16, 2007

Nirvana

Unplugged in New York

"About A Girl

I'm standing in your lineI do Hope you have the time

All Apologies

In the sunIn the sun I feel as one

Come As You Are

Come as you are, as you were…

Dumb

Help me inhale
And mend it with youWe'll float around
And hang out on clouds
Then we'll come down
And have a hangover

Jesus Doesn't want Me for a Sunbeam

Don't expect me to die.

Lake Of Fire

They don't go to heaven where the angels flyGo to a lake of fire and fry

Oh Me

Would you like to hear my voiceSprinkled with emotion...

On A Plain

In a dream my memory has stored

Pennyroyal

Distill the life that's inside of me

Plateau

To beautify the foothills, and shake the many hands

Polly

take a ride

Something In The Way

Bridge

The Man Who Sold The World

You're face to faceWith The Man Who Sold The World

Where Did You Sleep Last Night

My girl, my girl, don't lie to me,

Tell me where did you sleep last night.

Where the sun don't ever shine.

I would shiver the whole night through.

"

Velas de veludo ardem como balas de fogo.
Suspiros..
O trespassar da Alma...

Thursday, November 15, 2007

Flechas de Veludo

Cavaleiros das abóboras encontram-se reunidos. Sei que a ansiedade está aprisionada na vastidão dum olhar, lembrado pelos esqueletos que cercam os esquecidos da representação duma poção. Serpentes voadoras que gelam ou aquecem.
O colapso dos poços retém figuras sinistras nos rostos. Quedas de personagens despidas a perguntar sobre o genocídio dos disparos. São as flechas voadoras; os sons embriagados das sepulturas que ocupam lugares dos reflexos.
Armai as armas para fazer rolar as cabeças dos homens.
Armai os ossos de gemidos para Amar.
Cruzai o escudo do veludo.

Wednesday, November 14, 2007

Quarta

Quarta esquecida.
Chama escondida.
Das nuvens regam-se crateras.
Dos raios ofuscam-se abrigos.
Pressentir ao fundo da imaginação o vazio.
...Rio...
Oculto segredo!

Monday, November 12, 2007

Castanhas

Piu! Piu!
Manto acastanhado que cobre meu peito num monte esboçado no olhar. A manifestação das folhas abraça o odor, enquanto o esqueleto impregnado rasga a moldura do ventre. Os ouriços furam a carne para proteger sua semente, a terra seca faz chover cogumelos mortos, a temperatura aquece a Alma em tons espalhados, e o nu embriagado escorre de paixão sobre as mãos.

Carvalhos, castanheiros, pinheiros...

Dedilho as castanhas ao entardecer das sombras. Guardo amostras na suavidade do toque para formar pequenas gotas de salpicos da ribeira. Explosões de desejos Outonais...

Carvalhos, castanheiros, pinheiros...

Nota: Fotos de DarkViolet.

Monday, November 05, 2007

Segunda

Tarde de Segunda,

Abri os olhos para entreter a dança das folhas, enquanto repouso a comer ao ar livre. Sinto a brisa quente do Outono com o silêncio abrasador da pele a arder. A sombra respira o vértice de saciar a sede. Pinga o vento na viagem das cores. Aroma que contagia o eterno horizonte.

Saturday, November 03, 2007

Sábado

Sábado de manhã,

O rádio invade as embriagantes masmorras do demónio. Contos de árabes, harmonias de letras antigas ou o sopro da melodia das velas roxas. Ouço os galhos a ficarem mumificados ao dedilhar do fogo, propagando num suspiro toda a alma inflamada. Cânticos suspensos nos raios de sol que entram, que penetram com ardor a Lua esboçado no ar.
A Alma nua reflecte o espelho. A chama ardente tilinta o demónio.

Thursday, November 01, 2007

Quinta

Quinta à noite,

Bruxa e demónio andam à solta. Fantasmas de pele despida rolam sobre o canto das castanhas e das velas. Perfume de fragrâncias, sensíveis ao desmembrar de gemidos....

Tuesday, October 30, 2007

Terça

Noite de Terça,

Rego o começo da escuridão com o soltar dos cabelos. Estendo-os pelas costas a destroçar a marginal memória de quase me ter esquecido de como gosto deambular por estas ruas. Arregaçar o gemido das varandas encostadas às sombras. O tilintar escorre nos olhos das bebidas. Mecanismos mecanizados que carburam num frenesim áspero da vontade. Roçar de letras, desgaste embriagado de licores.
O silêncio do vento compõe o corpo e a Alma numa mistura. Silhuetas diluídas num chamamento infernal. Povoo o estalar das folhas.

Sunday, October 28, 2007

Domingo

Manhã de domingo,

Mais uma hora, menos uma hora...Rolar os dados, rolar a vida...
Silêncio das ruas toca as janelas fechadas aos raios do sol. Alguns caminhantes dormem num sonolento vadiar, outros ouvem cânticos eclesiásticos.
Chego junto duma mercearia, onde as frutas me invadem as narinas. A mistura contagiante de odores profundos, lembra os pomares onde passeava. Não com tanto poder de escolha, mas com a mesma intensidade envolvida. Penetro o local e vou escoando cada fruta para o saco de plástico. Saboroso néctar, maduro desfiar de prazeres.
Saio da mercearia, e contorno as vielas desertas. Dedilho os diferentes paladares antes que venha o infernal marchar dos pés ruidosos.
Dar ou retirar uma hora...

Thursday, October 25, 2007

Moon Dance

Dispo-te até gemer dentro de ti...
Enrolo-me na silhueta do odor...

Entras pelas folhas a suspirar;
Penetras rasgos da existência feitos de mistérios.

O sossego das estrelas enlaça-se no brilho prateado;
Amor cantado.
Notas de viagens perfuradas pelo tempo aprisionado.

Nu,
Minha Alma sente
Saudade de voar até ao calor das chamas que envolves.

Descair no núcleo do magma.
Alcançar teus elos...Vou até ti, Lua...


Sunday, October 21, 2007

Números

“As pessoas grandes adoram os números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não perguntam nunca:”Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que colecciona borboletas?” Mas perguntam:”Qual é a sua idade? Quantos irmãos tem? Quanto pesa? Quanto ganha seu pai?” Somente então é que elas julgam conhecê-lo.”
Antoine Saint-Exupéry – O Principezinho.


Friday, October 19, 2007

Asas

O círculo das asas, um horizonte, uma orientação segundo um portal gigante. Negro vestido...Violeta despido. Regado à tradição de voos, ao ritual da inspiração.
Desobstruir a reabilitação das fechaduras num sopro desgovernado. Arrancar obstáculos estrondosos do silêncio para levantar mórbidas asas. Existe fragrância na pele do tempo. Sulco que incendeia o estalar das folhas de madeira.

Tuesday, October 16, 2007

Cruz

Gigantes estão na metamorfose da fluidez. Olhos que olham o sangue, escorre na face, uma ternura rasgada a provar a doce loucura da dor. Seguem onde o fundo alcança o devaneio das profundezas. Um beijo eloquente a regar a tempestade despida. A cruz corta a pele, entrando nas veias até que o som se desperdice no vento. Abanar a eternidade com a palma das mãos, com a face do inalcançável.
Os galhos são infiéis quando as folhas não descarrilam nos galhos.

Friday, October 12, 2007

Falésias

A orla dançante cobre as trevas
na borda das falésias.
Aroma esvoaçante...

Wednesday, October 10, 2007

A Orquestra

A interacção das pessoas confinadas ao espaço terrestre põe do mesmo lado certas teorias físicas:

  • A partir do momento que pelo menos dois seres interagem o sistema não volta a ser o mesmo. O nosso sistema, a nossa sociedade, a nossa orquestra, e todos os seus contextos e intervenientes está em constante mutação.
  • Quanto emitimos apenas um fotão por uma montagem de dupla fenda, ou ele passa ou não passa. Funciona o campo da probabilidade...
  • Os múltiplos universos paralelos vão até onde a imaginação alcançar seu clímax.

LINK

Monday, October 08, 2007

Galhos

Vestem-se segundo o sabor dos gestos
Os Galhos;
Labirinto de encruzilhadas, de portas.
As ventanias secretas misturam
Os Galhos;
Gemidos de carícias estalam os rios
Os Galhos;
Mistérios das nuvens, rosto entristecido,
Os Galhos;
Arrepiam cambalhotas de desejos
A desfrutar a leveza das guilhotinas...
Cortes do cru aberto, nus,
Os Galhos;
Recordar a lembrança, a loucura de trepar,
O chuvisco ao orvalhar
Sinfonias de trevas adormecidas,
Os Galhos;
Deter um movimento puro
A sepultar a terra ferida.
Os Galhos;
Anel de pétalas a cantarolar a suavidade
Os Galhos.

O frenesim arrebenta ao despido olhar.

Sunday, October 07, 2007

Enigma

A bala entra dentro da pele, ardente a pautar seus rasgos. Cada um toma conta do seu ninho em lutas ferozes para olvidar as asas trituradoras. Nem mesmo a auscultar o silêncio sobra tempo para a memória; toque ao som do desaguar do rio no mar. Gritos estrondosos mutilam as margens, descanso mutilado ao ciclone do sossego.
Permanecem metáforas, permanece o sentido vago.

Sete voos, sete novas…
Números nus…

Treze paus, trezes estacas…
Véus separados…

Vinte três sentidos, vinte três desconhecidos…
Chuvas torrenciais…

Incógnita, enigma...
Caveira ou mineira…
Obscuro, coberto…

Archote refugiado…
Sentir o nevoeiro…

Somar

Saturday, October 06, 2007

Rugby



A França esmagou, triturou, dilacerou a Nova Zelândia.
Lindo!
20-18
Post desconexo com o tema do blog ou talvez não.
LOL

Sino

Sino pinga...
Tom ao som do tom...
Pinga!

A cor do badalar...
Sufocar...
O ar...

Ardor ou Amor!

Sem cura a dor não dura;
Ou pura ou plena verdura...

Fixar o crucifixo
Dentro da Alma,
O pingo!

Condensado gelo...
Aroma fresco...
Espelho de água...
Gestos...
Poças de salpicos...
Carroça a deambular,
Andar, marinhar...

Voar...

Thursday, October 04, 2007

A Face

O Punhal derrama-se brutalmente sobre o corpo. Verte o sangue da pele ao sequestrar o desfolhado pólen. A chama do inferno, o gelo do céu. Derreter as vagas do tormento.
O fundo ecoa dentro de mim.
Quem pergunta?
Quem sugere pintar feras na face?
Qual animal se levanta numa luta contra a vontade?
Qual o lugar?
Para além da germinação empolga-se o saltitar das sementes. Punhal encravado...Suculento sabor!

Tuesday, October 02, 2007

Lago Penetrante

Assombrado pelo lago, o rasgo penetrante chega perto da escuridão, repousar no suspiro, calor. Deambula sobre a pele num gesto que faz gemer o coração. O debruçar ecoa na vastidão das árvores, intervalo onde pinga o desejo. Ouvir as cortinas estendidas na mão com o licor a verter subterrâneos, destroços de relíquias. Dedos fogem entre dedos, fixa a troca do ardor liberto.
Folhas fazem o manto do Outono...

Saturday, September 29, 2007

Chuva de Teias

A teia encharcada...
O peito nu...
As cordas soltam notas de gotas...

Thursday, September 27, 2007

Dali

Navegar entre os esboços, tons ilegíveis de cal branca. Ossadas desmembradas no estranho local abandonado, fazem revisitar as ruínas, contornos da flutuação da imaginação. A madeira estalada, a desfazer-se no pó, a escrita de vagabundos do devaneio. Recoloca-se o passado aos olhos dos visitantes, românticos gestos que balançam na reconstrução. Esculturas de cavalo voam num bronze toque, novos seres abraçam contos de fantasias ondulantes. A nota de sombra povoa os demónios, borboletas, dragões, girafas em fogo...Arder na bíblia, dores conflituosas com mantos de cabelos. A escadaria desce de patamar em patamar, a aproximação do fogo, profana mistura de lábios, excitação descaída das mãos...

Wednesday, September 26, 2007

Arder

A lágrima enrolada
Enche os inesperados retalhos...
Arder iluminado...
A esperança assenta
Ao êxtase nu beijar.
Grito louco no profano telhado exaltado.
Trémula Lua percorre o sonambulismo,
Fogo nocturno, violento trovejar.
Arrebata meu ser na gota da tua silhueta...
Fundir as teias, entrar no fogo.

Monday, September 24, 2007

Fio de Trovões

Ruínas de trovões assombram o vale numa metamorfose de florestas coloridas. Os risos estrondosos lavram o lagar, a consumir as embriagadas bagas. Num poço profundo os condenados andam a polir o carrossel. Embalar as asas num fio salpicado.

Saturday, September 22, 2007

Desabrochar

Treme a terra no sítio aclamado pelo silêncio. O ronronar das trovoadas despedaça as folhas tornando os galhos um sabor nu. Despido a vislumbrar o orvalho, cortinas do tempo crescem dentro do manto. Não falta muito para os cogumelos desabrocharem. Até os esconderijos mais elaborados se tornam um licor derretido. O agigantar da essência da natureza.

Friday, September 21, 2007

Outono

As folhas irão começar a descair...
Silhuetas do Outono...

Queda do Vento

A queda da trovoada ou o vento esculpido no olhos?! A explosão gera inundações de gotas, a soprar o além desgovernado pelas saliências do suspiro. Na própria divagação o ar surge nublado. Risco que tocam, rasgos acautelados...Repouso ao palpitar da meditação, a prender correntes de encruzilhadas. O tempo, o vento, o alento.

Wednesday, September 19, 2007

Cinzas

A cinza voa num compasso desmesurado.

Thursday, September 13, 2007

Poços do Devaneio

O tempo virgem urge aos soluços, a arrancar os passos do chão com derrocadas de pele a desfalecerem o assombrar dos murmúrios. Olhar...Tocar...Impregnar o suspirar numa alegoria de espelhos...Instantes abreviados num condensador a deflagrar o deslize. A escuridão fica perplexa, a encher profundezas; poços do devaneio.

Tuesday, September 11, 2007

Vento ao Monte

Cada círculo oferece o esplendor da viragem,
Viagem dum sublime olhar guardado,
Colagem ao rosto moldado.

Rodas de silhuetas que se fundem no limiar do abismo, ao vento que sobra no moinho. Do monte ecoa o livre perfumar, cânticos de pedras lapidadas.

Kandinsky

Friday, September 07, 2007

Sombra

A sombra que rasteja...
A Alma que voa...
Do labirinto o esconder não foge...

Tuesday, September 04, 2007

Pronúncia Descuidada

Acalento o sossego inquieto junto ao palpitar, um rasgo de murmúrios que bailam ao anoitecer. Coloco a cadeira na varanda, sento o corpo nas escadas de pedra, a noite cai bruscamente como a temperatura que me envolve. Os rabiscos no papel, iluminados pela luz da sala, voam excitados numa pronúncia descuidada. Aprendo a soltar as letras, elas que fazem os números, eles que compõem a sinfonia; as notas, a folha, o corpo quase nu. Despidos os sons, a embriaguez de licores desce sobre a pele...refresco ou doidice...

Resguardo


As folhas secas cobrem o chão,
estalam como madeira.
O aroma do Outono aproxima-se,
resguardado dentro da concha.

Friday, August 31, 2007

Reflexo Helicoidal...

Viram ossadas dentro do caixão, armadura de prata coberta de pétalas orvalhadas. O reflexo benzia a madeira estalada, vento escondido da poeira, idade sem pulso. Chega o instante obscuro a pernoitar nas planícies, o tactear dos ferros doces da masmorra. O laço feito de ossos enrosca-se ao perfume do andamento helicoidal. Um batimento, um ciclone de vapores...

Thursday, August 30, 2007

Poção Noctívaga

Estrondos ecos, mordomias de translações...
Sombras vastas, corredor de rio...

Abre-se a Alma, deslizar eloquente...

Arrebentar encharcadas mãos, dobradas ao tilintar, sedosas...
Traspassar o momento invisível
Ao tropeçar das palavras...renda dedilhada....

A escuridão das colunas,
Remem no dorso das costas,
Flutuam na encosta,
Afundam-se num olhar prateado...

Poção noctívaga...

Tuesday, August 28, 2007

Orvalho de Lua

O tear, teia do esconderijo...
Reboco que atinge a miragem
Até ao infinito do reflexo...

A mão, visão do inalcançável...
A espessa abertura, os olhos...

Orifício fechado ao tempo...
Canal resguardado à tempestade...

O orvalho enche meu peito...
A Lua preenche o orvalho...

Saturday, August 25, 2007

Arbustos Nublados

Andam cegas as aves do desespero, um balanço sem baloiço, uma fuga ao tilintar do extrair da uva. Licores remem pelo rio em direcção à nascente, divagando pelos arbustos de densa vegetação. Sobem ao cume das tocas, o zumbir das falésias. Forte ao som da nublada chuva...

Thursday, August 23, 2007

Parabéns Susana

A manhã acorda serena num olhar desperto. Azulejo cosido no tear regalado das ondas, o tempo esvanece... Cada rabisco leva as flores perfumarem as telas dos dias, cada asa salpicada faz-te voar nos traços da vontade. Orientação desorientada, do oriente para o ocidente, cruzadas traçadas, lutas despidas, vestidas. O sabor da maresia prova o teu caminhar do longo prolongamento do brilho das estrelas. Rejubilam os sinos...

Monday, August 20, 2007

Já..

Ligação...1...2...3...
Contacto...4....
Interferência...5...6...7...
...
Corta...Corta...Corta...
....
Naufrágio à vista...8...
Trim...Trim...Trim...9....
....
Assalto...Alto!...
Em frente...Flecha....10...
...
Corta...Corta...Corta...
...
Pinga o suor...Arde...Vira-te....
Já!...Agora...Já!...

11...11...11...11...11...11...11...11...11..

Thursday, August 16, 2007

Nevoeiro

Ouço o fumo do nevoeiro
A perguntar à sombra pelo seu destino...
A porta é aberta pelo escuteiro
De navalha de toque fino...

Monday, August 13, 2007

Labirinto

O último sobrevivente ancorou nas trevas. Trazia uma galho seco numa das mãos, e na outra o vazio das tentações. Multidões de teias moldavam o corpo, transparente como orvalho, profundas como trepadeiras. Caminhou durante segundos infinitos a rasgar ocas árvores, a vergar uma luz inquietante que suspirava num gemido refrescante. Pousou os cabelos nas fragas e cruzou o labirinto...

Wednesday, August 08, 2007

Chuva Tremida

Arrebatam o fogo aos céus na busca das insaciáveis fogueiras. Colocadas nas sepulturas as cinzas deitadas ao vento espreitam casas assombradas, penetram como chuva tremida, rasgam trovões ao salto do tempo escondido.

Monday, August 06, 2007

Parabéns Twlwyth

As velas pousadas num círculo misturam odores de suavidade. Cada cera derretida congela em tons prateados, a cantarolar a melodia dos violinos. As cordas frenéticas sobem de tom, ao vento do queimar dos troncos, lançando chamas no nevoeiro madrugador. Sinos rejubilam com o estilhaçar de mais um ano, enquanto a profanação do tempo brinca aos dados. Os feitiços propagam-se dentro da tua magia.

Thursday, August 02, 2007

Charco Nu

Estou no vale, resguardado do sol,
Onde abro poços na vastidão do arvoredo...
A profundidade esconde-se de mim,
E eu sigo a sombra do galho...
Partido, perdido...
Deixo cair a corrente de pedras...

Convergem ensaios de sons
Num êxtase pintado a nu...
Risco o chão, rio no charco da ribeira...
O fumo ausenta-se, sentindo o quebrar do leito...

Estendo as letras do poema contínuo...
Divago nas esferas das gotas...

Monday, July 30, 2007

Gelo

Repouso a saturação num zumbido irrequieto, o regaço do ninho. Esfrego os pés na madeira do soalho, entretendo os círculos. Tudo mexe num silêncio pousado de notas, umas mais arrepiadas, outras sem sentido. O calor despedaça as fragas a arder, nem o vento sopra, nem o alento se espreguiça.


Sunday, July 29, 2007

Destino

A escuridão da palma da mão
Passeia dentro das vielas...
Correndo num destino,
Arrepiado pela noite...

A esquina das arvores
Chega no remar das sombras,
A esconder os bolsos
Revirados...

Reflexo nu...
Despido na concha...
Transparente rio da fresca loucura...
Evaporo no vulcão da Lua...

Opaco destino...Mergulho...

Friday, July 27, 2007

Salpicar o Fogo

Saia debruçada no altar...
Cortina curta moldada no voar...
Baralho da fogueira em nevoeiro...

Por dentro das gotas o grito
Salpica o orvalho do fogo...
Gemido entretido...
Vestido retido...

A transparente brasa
Rejubila o calor...

Tuesday, July 24, 2007

Chiar

À toa ecoa a proa, baço ferro...
Lavra o manto descalço...
Mato rasgado, pousado na carruagem...

Chia cada instante perfumado...
Pequenas gotas de água
A espernear o sentido reticente...

Flutuam as pausas tilintadas...

Saturday, July 21, 2007

Crinas

Das crinas afundo o nevoeiro.

Wednesday, July 18, 2007

Parabéns Duende

Trovões brotam do céu, semeados na cordilheira dos salpicos. Cada silhueta das estrelas range, embrulhado no odor da germinação. Teu destino que esvoaça num berço, seja a busca eterna dos arrepios da Alma. A felicidade nua floresce nas veias dos galhos compondo a sinfonia do pulsar. Sente a Lua a acelerar as cores das serpentinas. As bolhas de sabão0o0o00ooo tilintam por magia...Floresce à beira das tuas plantações...


Sunday, July 15, 2007

Eternidade

Dir-te-ei que sou belo, ver-me-ás como um monstro. A neblina da chuva entra nos poros do fogo, circunscrevendo a permanência do descanso. Relatos que fogem do encanto dos ossos ao tocar as cinzas dum desenho opaco. Somente a cortina retalhada sobre o rosto pede clemência às pétalas sufocadas em néctar, mas por isso o levantar dos sinos faz troar relâmpagos. Cantam os pós estalados ao rugir do amanhecer, a bruma da eternidade.

Friday, July 13, 2007

Madrugada do dia 13

Ceifa os trovões do tempo ido, a exaustão percorre-me sem regras, reconhecendo a cerimónia onde abordo fantasias. Receio o colapso da imaginação proveniente do esgotamento das bolhas da loucura, o lugar da mordomia da caça selvagem. Arrepio o abandonado cadáver das cinzas, umas asas transparentes profanadas pelo gelo. Funde-se ao sabor do frio em desconhecidos odores, num rasgo olvidado com galhos deixados ao acaso. Deixo-os nus, cobertos de aromas com forma de utopia; a busca dos meus lábios chega perto de um silêncio atroz. O retrato de mim fica baço que até o esquecimento se esquece de mim...Chove até explodir as veias da canção encantada, cálice de metáforas...Agarro o entrelaço...

Thursday, July 12, 2007

Vegetariana

“Vegetariana com tigela a meio, come carne. Nem o presunto lhe sacia o estômago”

Wednesday, July 11, 2007

Silêncio do Trovão

Força...forca...Força...
Aberto poço da escuridão...
Contagem do declínio...
Desfalecimento...falecimento...
Rega...Chuva...Pluma...
Risco...Rasgo...
Silêncio...

Turbilhão do vulcão...
Rebordo sinfónico...
Imaginação...Vastidão..
Encosto...Entreposto...
Colosso de ossos...
Arrecadação sem arrumação...
Trovejar...

Tuesday, July 10, 2007

Homem

Os homens desgastam os ossos, atropelados na fila do momento. No lago indefinido das soluções encontra-se os assobios do vento voraz, retendo a ribeira de emoções, cortando o gemido das cheias. Aglutinar a pele rasgada, a força cruzada num destino nublado. A melhor visão saboreia o desfilar da solta despedida.

Monday, July 09, 2007

Ilha da Páscoa

Das 7 consegui acertar em 4.
Somente queria que as estátuas da ilha da Páscoa estivessem nesse lote.
Adoro aquelas esculturas em pedra.

Friday, July 06, 2007

Atchim

Quando o nariz pinga...Atchim!
Quando a garganta está inflamada....Atchim!
Quando a temperatura do corpo não é constante...Atchim!
Uma laranja..Um chá...Uma malga de leite...Atchinzinho!

Friday, June 29, 2007

Tricotar a Lua

À margem da luz tricoto
A vista perdida...
Dos rebordos da luz
Encho as estrelas ardidas...

Enlaço o cesto
A cavar feitiços,
Cavalete de gotas
Que bailam na viagem...

A Lua monta as cordilheiras do tempo...
Desce no soluço dos socalcos...

Thursday, June 28, 2007

Taste my Blood

Por cima das sepulturas o veludo sobe nas silhuetas do rosto.

Encontro sons feitos de incêndios, rebusco a paz flamejada.

“Jesus Christ looks like me.


Rasgar o vestido nu,
erótico paladar que descai nos lábios,
que se enrola no desfilar das notas.
Vou até ti. Devora-me...
Derreto no inferno!

Sunday, June 24, 2007

Type O Negative VII

Tenho os lábios nus, cantos de pétalas adormecidos no algodão. A chuva lava os poros sem cessar, as nuvens embalam a pele, viajo. Pés, mãos, maestro, rego o mar...

Type O Negative
Album:"October Rust"(1996)
Música:My Girlfiend's Girlfriend

Thursday, June 21, 2007

Type O Negative VI

Agreste o som que mora no refúgio petrificado da existência. A brisa enfurece as faíscas, o sol devasta as lâminas do jasmim, cores de explosões descritas no imaginário de um odor. Desço a cortina do nublado espanto, desperto para arranhar o nevoeiro do enlaço quente. Calor vestido com trapos de chamas, enforcado ou enfurecido...” Blowin' through the jasmine”



Type O Negative
Album: "Bloody Kisses" (1993)
Música: Summer Breeze

Sunday, June 17, 2007

Type O Negative V

Rachadas de chuva brotam na face a espernear o vento, agreste como a leveza. Noutro segundo tudo se modifica, e aí bate clarões de luzes virando do avesso o esfrangalhado relevo ao toque dos gritos sublimes de espanto que chegam num surpreendente pintalgar. Dançar no Outono para espalhar a vida de retenção, trespassando o fogo da lareira. O traje do santo sepultado espanta os náufragos das velas dormentes, regar silhuetas dos braços ondulantes, ao cavar lágrimas do rejuvenescimento...” a bed of autumn leaves”


Type O Negative
Album:"World Coming Down" (1999)
Música:Hallow's Eve

Wednesday, June 13, 2007

Type O Negative IV

Dispo a pele molhada da saliva. Tenho o perdão das chamas mergulhadas no corpo da eternidade. Os cabelos deslizam suavemente no clímax, acorrentados ao roçar frenético dos quentes lábios. Dor que sufoca o atormentar do prazer, da humidade do corte flamejado, rasgado, os devaneios que adocicam o inferno.
As brasas limam o êxtase, carícia tocada pela extremidade, ardor munido de descontrolo. A loucura apodera-se das paredes que se derretem.
A lança penetra o fogo, a clamar pela ossada pernoitada nas profundidades do campo nu...” Inside of her - deep inside of her”

Type O Negative
Album:"Bloody Kisses" (1993)
Música: Machine Srew & Christian Woman

Sunday, June 10, 2007

Type O Negative III

Do poste abandonado os trovões despedaçam a madeira desfolhada. Trocadilho de cabelos enrolados à volta do pescoço sem ouvir o pestanejar da solidão. Sussurra por entre a pele enlaçada, aberto pântano, rouquidão fortalecida ao patinhar dos vapores das soltas notas. Avisto os abandonados dos naufrágios com remos feitos de folhas que o mundo não se esquece de amedrontar. Curto tempo da força jamais leva a forca ao seu desmaio. A morte apadrinha os seres, a convivência torna-a o suplemento da vontade em amar. Sustento em querer viver…” I still dream”



Type O Negative
Álbum:”World Coming Down” (1999)
Música:Everything Dies

Saturday, June 09, 2007

Type O Negative II

Embrulhei vidros neste desejo mortal da evaporação. Faço parte da lei seca, do deserto esventrado do Outono; um circo de lamentações que aniquilam o pigmento do sofrimento. Sirvo de alimento ao demónio das purezas, do qual ele se aprisiona na liberdade concedida. Meus lábios estão ajoelhados ao Amor, morte santa; moldura corrida ao vento passado. Tenho passos sem fim de onde não estou, para onde passou o que já ficou. Seguro o ramo da vela queimada, floresce o chamamento da partitura…Virá num manto, vinho tinto…” one hundred candles burning”





Type O Negative
Album:"October Rust" (1996)
Música:Love You To Death

Type O Negative I

O fúnebre olhar envolve-se na neblina. Nada do olvidar pode dormir sobre estrados de madeira para não apodrecer sobre a miragem. O caixão aberto com pétalas esquecidas rasga os patamares de cada perfume. Quebrar o sufoco chama os feitiços dum corpo nu, fracção do riso das lágrimas, recanto aleatório do forno da Alma. Perfurar o orvalho da noite, mistura de Lua, profundezas de lobos, dimensões com cortinas de verniz. As cinzas põem o vestido do fogo num sopro de desejo...” Dye em black.”


Type O Negative
Album: "Bloody Kisses" (1993)
Música: Black No. 1

Thursday, June 07, 2007

Wednesday, June 06, 2007

Inferno

O terror encontra-se amedrontado
na esfinge do sentimento.
A introspecção da fuga quotidiana.

Thursday, May 31, 2007

Pânico

Molho o arpão da saudade
Num frasco de notas floridas;
O esquecimento perdido está,
A lembrança cavada cairá.
Nada do ser recolhe as trincheiras.
O pânico evapora o medo
Comprimido pela luz,
Seco de esperança...
Olho teu brilho,
Enlaço a silhueta.
A lágrima descai
Pesada Alma, restolho...
Ouço o barulho do silêncio da Lua...

Tuesday, May 29, 2007

Cavalo de Fogo

Nos confins do céu nublado o condenado é expulso do território. Avançar sobre as fontes espalhadas com os pés no bolso. Rara moldura não conseguirá morder o horizonte, nem do vento ouvirá tremer os lábios, nem da cauda se ouvirá o ranger. Da lava incandescente o corpo diluir-se-á para o fumo o envolver e o levar nas catacumbas da memória. O fogo arde no Demónio.

Sunday, May 27, 2007

Guardador da Luz

A tatuagem que baila no gesto da noite pergunta pelo guardador da luz. Onde está suspenso a corda da vibração pintada pelo vento?
A loucura ceifa a matriz da multidão mecanizada. Sem perguntas, sem respostas, sem a imposição de tais inquisições. O que resta no lameiro onde a chuva não pára de respingar?
Nem na mais densa floresta as questões incomodam o cinzento borbulhar da actualidade. Recreios nus sem velas…

Friday, May 25, 2007

Caracóis

Eles bem tentaram fugir mas eu fui mais rápido LOL

Wednesday, May 23, 2007

Maestro

O pescoço do tempo faz chover os seus pergaminhos queimados. As folhas do esqueleto seguem no trilho, instável na pulverização, contorcido no pólen espalhado no ar. O dia choveu tremido com a “neve” a misturar-se no meio das gotas. O ser transportou-se para a paragem sem passagem possível e na noite os caracóis saíram para o caminho. Senti os meus pés a esmagar o inverso do gigante. Tento voar neste labirinto, ao desgaste do medo, ao acasalamento de sémen. “ O Maestro rege a orquestra sem partitura”.

Sunday, May 20, 2007

Santa Maria da Feira - Teatro de Rua

A Lua fazia de baloiço à estrela numa noite de fria Primavera. Escalar a história na pura imaginação do riso, uma subida tão íngreme que o cantarolar da versatilidade descai pelos trapos das cores. Tantos instrumentos num corpo fazem a sinfonia ser o precursor das alturas. Todo o círculo ambienta-se ao desfilar das notas musicais. Plim…Plim…Plim…

Palhaços de machado e faca na mão esmagam de susto a personagem da cruz. O balão arrebentado, o copo com água invisível, a palmada que voa sem superfície, a mala de viagem sem bilhete, ou a maquilhagem na ponta do nariz vermelho!

O foco corrompeu as Almas presentes, incendiando a água, chamando os gritos das chaminés. Rolaram cilindros dos cereais na balança indestrutível do temporal das labaredas. Chiam os ferros que queimam a pele, arde o corpo com troncos descalços que clamam mais chamas.

Oito pessoas brincam numa esfera criando uma malabarismos de esqueletos. A dinâmica flúi no sabor do ar. Enquanto eu entretenho-me a tentar tocar num balão solto...

Saturday, May 19, 2007

Garrafa

Um abraço duma bebida que se encontra na garrafa no incondicional segredo resguardado da ténue brisa. O vidro mostra a transparência. O líquido molda o brilho da sua criação, e a suavidade de quem o quer beber fica suspenso ao saber o que irá acontecer depois de o deglutir. Não deixa de ser verdade que algo que toca o suspiro, voa sobre os glaciares. Encontrar cada recanto para deslizar e observar os rasgos no caminho. Sentir!

Friday, May 18, 2007

Sagradas Mãos

Os instantes são flechas do mergulho sagrado, reflexo da paisagem misturado ao orvalho do paladar, um sumo que ao vento faz eclodir a memória. A sensação povoa espaços desconhecidos como o calor atormenta a pele que ferve. São cavidades na porta, percorridas no tacto do devaneio. O terror das mãos apreendidas dança no espasmo da lentidão.


Wednesday, May 16, 2007

Gelo

O gelo pingado do demónio