Saturday, September 29, 2007

Chuva de Teias

A teia encharcada...
O peito nu...
As cordas soltam notas de gotas...

Thursday, September 27, 2007

Dali

Navegar entre os esboços, tons ilegíveis de cal branca. Ossadas desmembradas no estranho local abandonado, fazem revisitar as ruínas, contornos da flutuação da imaginação. A madeira estalada, a desfazer-se no pó, a escrita de vagabundos do devaneio. Recoloca-se o passado aos olhos dos visitantes, românticos gestos que balançam na reconstrução. Esculturas de cavalo voam num bronze toque, novos seres abraçam contos de fantasias ondulantes. A nota de sombra povoa os demónios, borboletas, dragões, girafas em fogo...Arder na bíblia, dores conflituosas com mantos de cabelos. A escadaria desce de patamar em patamar, a aproximação do fogo, profana mistura de lábios, excitação descaída das mãos...

Wednesday, September 26, 2007

Arder

A lágrima enrolada
Enche os inesperados retalhos...
Arder iluminado...
A esperança assenta
Ao êxtase nu beijar.
Grito louco no profano telhado exaltado.
Trémula Lua percorre o sonambulismo,
Fogo nocturno, violento trovejar.
Arrebata meu ser na gota da tua silhueta...
Fundir as teias, entrar no fogo.

Monday, September 24, 2007

Fio de Trovões

Ruínas de trovões assombram o vale numa metamorfose de florestas coloridas. Os risos estrondosos lavram o lagar, a consumir as embriagadas bagas. Num poço profundo os condenados andam a polir o carrossel. Embalar as asas num fio salpicado.

Saturday, September 22, 2007

Desabrochar

Treme a terra no sítio aclamado pelo silêncio. O ronronar das trovoadas despedaça as folhas tornando os galhos um sabor nu. Despido a vislumbrar o orvalho, cortinas do tempo crescem dentro do manto. Não falta muito para os cogumelos desabrocharem. Até os esconderijos mais elaborados se tornam um licor derretido. O agigantar da essência da natureza.

Friday, September 21, 2007

Outono

As folhas irão começar a descair...
Silhuetas do Outono...

Queda do Vento

A queda da trovoada ou o vento esculpido no olhos?! A explosão gera inundações de gotas, a soprar o além desgovernado pelas saliências do suspiro. Na própria divagação o ar surge nublado. Risco que tocam, rasgos acautelados...Repouso ao palpitar da meditação, a prender correntes de encruzilhadas. O tempo, o vento, o alento.

Wednesday, September 19, 2007

Cinzas

A cinza voa num compasso desmesurado.

Thursday, September 13, 2007

Poços do Devaneio

O tempo virgem urge aos soluços, a arrancar os passos do chão com derrocadas de pele a desfalecerem o assombrar dos murmúrios. Olhar...Tocar...Impregnar o suspirar numa alegoria de espelhos...Instantes abreviados num condensador a deflagrar o deslize. A escuridão fica perplexa, a encher profundezas; poços do devaneio.

Tuesday, September 11, 2007

Vento ao Monte

Cada círculo oferece o esplendor da viragem,
Viagem dum sublime olhar guardado,
Colagem ao rosto moldado.

Rodas de silhuetas que se fundem no limiar do abismo, ao vento que sobra no moinho. Do monte ecoa o livre perfumar, cânticos de pedras lapidadas.

Kandinsky

Friday, September 07, 2007

Sombra

A sombra que rasteja...
A Alma que voa...
Do labirinto o esconder não foge...

Tuesday, September 04, 2007

Pronúncia Descuidada

Acalento o sossego inquieto junto ao palpitar, um rasgo de murmúrios que bailam ao anoitecer. Coloco a cadeira na varanda, sento o corpo nas escadas de pedra, a noite cai bruscamente como a temperatura que me envolve. Os rabiscos no papel, iluminados pela luz da sala, voam excitados numa pronúncia descuidada. Aprendo a soltar as letras, elas que fazem os números, eles que compõem a sinfonia; as notas, a folha, o corpo quase nu. Despidos os sons, a embriaguez de licores desce sobre a pele...refresco ou doidice...

Resguardo


As folhas secas cobrem o chão,
estalam como madeira.
O aroma do Outono aproxima-se,
resguardado dentro da concha.