A cor púrpura dos céus escolhe os seus obreiros através das gotas. Elas caem, esventradas no esfaqueamento da escuridão, mudadas de cavernas para os altares dos precipícios. Resta a permuta caótica a despedaçar os momentos fulminantes para que sejam acolhidas, ou recolhidas na melodia do fogo.
O dia 14 de Abril de 2010 ficou marcado pela cristalização de Peter Steele, membro da banda Type O Negative. Os sopros dos assobios regaram os infernos até ecoarem com estrondo nas faíscas dos trovões. Momentos de pausas intrinsecamente ligado ao contágio da Alma com os Seres profundos, os demónios insanos. A terra rasgada chamou a si a energia do caixão, forças que as correntes enlaçaram o pó e num som penetrado consomem a combustão da insanidade da absorção. Pesadelos acariciados durante a vida, abraçados na morte; trilho mutilado aos remoinhos de infiltrações, ao contágio gemido da voz poderosa da retenção liberta. Viajar no desconhecido, na alucinação provocadora das trevas sufocantes, torna as extremidades um abismo de palavras, deslizante tempo a pingar o sentimento.
Lembra-me como se fosse hoje, Junho de 2007, em que sulquei em direcção à cidade maldita (Lisboa) para ver o concerto dos Type O Negative no Coliseu dos Recreios. Embriaguei os passos para ser amaldiçoado, ser penetrado até escutar a sedução das notas, uma a uma a pôr-me nu perante o esfaqueamento da cortina da loucura. Dilacerar o fumo num tempo ilimitado; embalsamar a eternidade num fogo áspero de desejo, num prazer oscilante de assombrações, queridas e abrigadas numa absorção de tempestades. O patamar intimamente ligado ao visionamento aglomera a construção fortificada da união dos sentidos, rendilhada forma de nevoeiro, espelhado reflexo da metamorfose.
Por vezes não se consegue explicar a fusão da sintonia, a máquina gritante de suspiros, os lábios de sangue deliciados com as folhas eróticas duma carícia a resvalar; permanece o sangramento desse mês, permanecerá além da morte... Sulco salpicos de pétalas na tua mão, o orvalho da corrente a sufocar o fôlego oscilatório de pingares nos meus lábios, no meu peito, Impregnar, Invadir, Respirar. A voz imortalizada de Peter Steele a pregar o coração na dança do Ser, um Lobo Demoníaco.
P.S.: A minha homenagem a Peter Steele, não no tempo devido mas no tempo injustificado da memória. Que o fogo o acolha num calor de furacões, na serenidade de pulsações inatingíveis, ondulações de abismos, pecados fúnebres de sedução, tentações da alienação...
Assombrações da altura:
http://pesnus.blogspot.com/2007_06_01_archive.html
O dia 14 de Abril de 2010 ficou marcado pela cristalização de Peter Steele, membro da banda Type O Negative. Os sopros dos assobios regaram os infernos até ecoarem com estrondo nas faíscas dos trovões. Momentos de pausas intrinsecamente ligado ao contágio da Alma com os Seres profundos, os demónios insanos. A terra rasgada chamou a si a energia do caixão, forças que as correntes enlaçaram o pó e num som penetrado consomem a combustão da insanidade da absorção. Pesadelos acariciados durante a vida, abraçados na morte; trilho mutilado aos remoinhos de infiltrações, ao contágio gemido da voz poderosa da retenção liberta. Viajar no desconhecido, na alucinação provocadora das trevas sufocantes, torna as extremidades um abismo de palavras, deslizante tempo a pingar o sentimento.
Lembra-me como se fosse hoje, Junho de 2007, em que sulquei em direcção à cidade maldita (Lisboa) para ver o concerto dos Type O Negative no Coliseu dos Recreios. Embriaguei os passos para ser amaldiçoado, ser penetrado até escutar a sedução das notas, uma a uma a pôr-me nu perante o esfaqueamento da cortina da loucura. Dilacerar o fumo num tempo ilimitado; embalsamar a eternidade num fogo áspero de desejo, num prazer oscilante de assombrações, queridas e abrigadas numa absorção de tempestades. O patamar intimamente ligado ao visionamento aglomera a construção fortificada da união dos sentidos, rendilhada forma de nevoeiro, espelhado reflexo da metamorfose.
Por vezes não se consegue explicar a fusão da sintonia, a máquina gritante de suspiros, os lábios de sangue deliciados com as folhas eróticas duma carícia a resvalar; permanece o sangramento desse mês, permanecerá além da morte... Sulco salpicos de pétalas na tua mão, o orvalho da corrente a sufocar o fôlego oscilatório de pingares nos meus lábios, no meu peito, Impregnar, Invadir, Respirar. A voz imortalizada de Peter Steele a pregar o coração na dança do Ser, um Lobo Demoníaco.
P.S.: A minha homenagem a Peter Steele, não no tempo devido mas no tempo injustificado da memória. Que o fogo o acolha num calor de furacões, na serenidade de pulsações inatingíveis, ondulações de abismos, pecados fúnebres de sedução, tentações da alienação...
Assombrações da altura:
http://pesnus.blogspot.com/2007_06_01_archive.html
Peter Steele
"Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.
Was like fucking the dead."
13 comments:
Curioso como escolheste precisamente esses versos e dessa música...
PS: Há memórias para as quais qualquer momento, qualquer tempo é o certo...
Também eu lá estive no Coliseu nesse dia. Fui sozinha, porque não conhecia ninguém que também fosse. Mas, sabia que tinha que o fazer porque, para além de certas músicas terem um grande significado pessoal para mim, também sentia no fundo que seria um "acto histórico",ou seja, seria a primeira e última vez que ouviria aquela voz ao vivo e fiquei irremediacvelmente seduzida pela sua presença...
Gostei(...)
adeus, Peter. saudades eternas.
http://terza-rima.blogspot.com/
Uma bela homenagem, e merecida!
sou curiosa por natureza, mas no bom sentido :-), li o texto e como não conhecia a banda nem o vocalista em questão... pesquisei primeiro a pessoa, depois a banda... ´gostei desta ;-)
http://www.youtube.com/watch?v=R7zQGn3V0IY
De certa forma, fica a aqui a homenagem a uma boa voz.
As notas que de momento assombram as minhas lágrimas de sangue, são precisamente estas.....
O passado tornamo-lo presente, e acende ainda muitas fogueiras......
Blood Kisses
Não é das bandas que goste de ouvir, mas felicito-te pelo bonito registo aqui deixado.
Bjo
Fatima
... não conhecia, mas gostei muito de ler a tua homenagem!
Sempre nos limites...
(tardia mas presente)
Frankie:
black nº1 tem a sua magia e o seu lado negro um explendor único. Os versos tirados pode ter alguma analogia mas acabam por exprimir muito do ritmo da mistura.
As memórias foram feitas para preencherem a Alma
Psiquê:
Posso dizer que se passou o mesmo comigo. Fui na busca daquele momento único. A presença só ela transmitia muito daquilo que o inferno pode ser. As chamas romperam o palco e o inferno incendiou as Almas de quem acolheram o tormento
Pearl:
Obrigado
Aмbзr Ѽ:
Ele estará presente naqueles que o fizerem incendiar no Ser
A. Reiffer:
As homenagens devem ser feitas as pessoas que digam algo a cada pessoa
Lúcia Machado:
Foi uma boa escolha apesar de haver melhor no reportório dos TON. É interessante dar a conhecer novos conceitos, como de receber. É uma voz assombrosa, digno de um demónio
Blood Tears:
As fogueiras progridem dentro do Ser que escuta as suas músicas. Remoinhos de licor que sente o fluxo
Fatima:
Obrigado. As musicas que uma pessoa escuta dizem muito de um Ser, deste que nao sejamos obrigados a dizer que gostamos desta ou daquela banda. São os fios das notas interiores
Miosotis:
Por vezes é preciso ultrupassar os limite para saber onde se encontra o limite.
Obrigado
Apesar da morte repentina, Peter Steele foi abençoado. Converteu-se ao cristianismo uns anos antes de falecer. Paz à sua alma.
ass. imago dei
Anonymous:
A revolução do Ser é contínuo, até ela suavizar na essência
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