Sinto a densidade entranhar meus poros, os troncos a semear os meus pés de flechas prateadas, a vertigem de procurar o abismo das sensações. Elevo a água aos céus, o fogo ao corpo, deixo o pousio rebolar no meu interior, um assobio vulcânico de condensar os gemidos nos ecos prolongados dos sussurros. Perco-me sem me perder, afundo-me na escuridão num pestanejar enlouquecido. Propago o som pelas montanhas, pelo arvoredo que esconde os tesouros, rodopio enquanto escuto os pássaros a fazer a loucura de se abraçarem nos galhos sedutores.
A entrega procura o murmúrio incerto, fonte que faz brotar o escuto de permanecer resguardado, sem ser olhado mas estar a ser sentido.
FLORESTA NEGRA
A entrega procura o murmúrio incerto, fonte que faz brotar o escuto de permanecer resguardado, sem ser olhado mas estar a ser sentido.