Friday, October 13, 2006

Poemas Esquecidos De Outubro

Suavidade

A lua afunda-se na manhã submersa
Sem o tempo a pautar o toque,
Com sopros a acariciar
O esqueleto indestrutível da suavidade...

Porventura meus olhos fecham-se
Na elegância suprema de voar,
Distraio a mordidela,
Arranco no destino da palma da mão.

O bosque cheio de charcos
Perfumado num espelho olvidado...

My eyes are bleeding,
You are in my eyes...

......................
Chuva de Licor

De Alma corrente,
Deus de lábios com rios
Molda nas mãos os fios,
Escorre pela mente
O grito contido da semente...
A chuva de Licor;
Impiedosa e Cruel...

.....................
Tatuagem de Lua

Tenho a noite no meu berço
Embalado nas estrelas de fogo,
Morte árdua e dançante...
Vestes negras acorrentadas ao céu
Pingam a coragem do olhar,
Dum momento de lucidez colectiva
À ruptura que na moldura dura,
Tem na escultura o grande pendura...
Sempre com a mão tatuada
De prata dourada...

...........................
Punhal de Vida

Ó esqueleto sem ossos, que olhas do tecto
O tédio da atracção por máscaras,
Vazio da indiferença, atado em amarras

Se tocas dormente, vermelho teus olhos ficam...
Se chamas ocas queimam, teus braços seguram...
Se folhas caem, tuas vestes pintam...

Então, de que forma são tuas asas?
De mel embaciado, ou de gelo embalsamado?
És mórbido, louco insano!...Confundes as Ruínas.

Fogem de ti, da mesma maneira que se atam na cruz.
Sopram veemente por fogueiras secas, de luz
Nua a escapar nos canais ensanguentados.

Misantropo um dia te chamaram,
Num estranho orifício d desejo,
Assustaram-se com o jazigo ou um beijo!

Ceifas cada rosto, perfuras os seios,
Deixas o punhal dilacerar sem devaneios
E, sem remorsos perguntas quem és...

São longas tuas garras, afiadas sem espessura,
Negras, que um carrasco limou,
Enquanto na atmosfera caía a água pura.

São os traços, cicatrizes ou arestas floridas?
Sangram na mão? Loucura? Apenas sopros
Pálidos do olhos fascinados nos corpos.

Da Alma que cuidas na morte, sentes o odor
De lágrimas que se esfumam no assassínio da dor.
Chamas a ti a noite eterna dos corvos...Sangue!

Always red in your dress...undressed
“Loving you is like loving the Dead” – Type O Negative

5 comments:

Lord of Erewhon said...

Esticaste o pernil e voltaste melhor que nunca! :)=
Grandes poemas!

Abraço.

oldmirror said...

estes poemas não podiam mesmo ficar esquecidos. Mto bem

sinais-de-fumo.blogspot

susana said...

Dizem que a inspiração é o reflexo da dor ou do amor! E tu voltaste mais inspirado que nunca! Estão divinos estes poemas!
Devo andar desprovida de ambos, pois não consigo concentrar-me, recuso-me a escrever!
beijos e continua

Anonymous said...

E volta e sabe que é a noite,
pois já viu o sol e não sentiu este frio.
Doce calor que se tornava acolhedor,
não sentes mais saudades do que era?
Sentes o que tens e ficas sozinho,
sonhando com o amor que te devia pertencer.

DarkViolet said...

.A grandeza apenas depende de quem os lê.

.O esquecidos que falam não tem muito a ver com esquecido que dizes.

.Tu escreves, nem que seja somente pelo tacto

.Tudo me pertence, tudo aquilo que é meu.