Saturday, June 07, 2008

Multidão

“Aquilo que chamam amor é bem pequeno, bem restrito, e bem fraco, comparado à inefável orgia, à santa prostituição da alma que se dá por inteira, em poesia e caridade, ao imprevisto que se mostra, ao desconhecido que passa.”

Charles Baudelaire – O Spleen de Paris – XII As Multidões


As cores são olhos misturados, desfolham mentes diversas, agarradas em palavras que saltitam dos lábios, nos gestos barulhentos, acordados pelo movimento. A licença derramada, e choram corpos. Arrepio dum congelador povoado de sentido. O som penetra a imagem do corpo feito de chamas. Surpreendido pela ignorância dos cabelos, não sou mais que a sombra voadora. E, suspiro para além da imaginação, respiro do além para guardar um retalho. Uma tela esfrangalhada de notas dançantes, criativo odor dum desespero visionário. Talvez a criatura do ordenamento chame por mim, do profundo infinito até junto das cordas dos filamentos do mar. Um resguardo contagiante da ondulação. Pó e salpicos de pó...

2 comments:

Twlwyth said...

Uma sombra voadora que suspira e aguarda ondulações.

Essa das multidões e das orgias confunde-me.

DarkViolet said...

Twlwyth:

O rio corre como ciclones. As multiões e as orgias são semelhantes...Profanam a mente sem haver divagação do sentimento