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Há cantos onde as cores perfumam as vistas, basta ir de encontro a eles, explorar as profundezas do tempo vagaroso e sabe-se que a Alma é recolhida no sopro da natureza. Existem múltiplos lugares na cidade do Porto para que isso aconteça, o Jardim botânico é um deles. Nesta altura espalha cores nos soluços das suas envolvências, as flores gemem de fragrâncias, os seios das pétalas pingam os tecidos feitos da nudez dos anéis. Mantos de folhas verdes enroscam-se aos galhos, com os cabelos a deslizarem nos dedos de fogo dos raios solares. Entra-se nas pedras de vulcões quando os gatos rebolam na suavidade das sombras a procurar o chorar das águas ou o movimento inquieto dos pássaros. Tudo se harmoniza na vastidão dos pequenos labirintos, dos lagos germinados no além, dos cactos de pele infernal, das estufas que procriam a semente da insanidade, colher a pétala de esboços. Existe pedaços que deflagram em espinhos flutuantes nos nenúfares, rejubilam botões de cataratas nos filamentos das fugas impossíveis. Esferas a badalar assombrações na gruta mágica da cidade.
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