Tuesday, September 28, 2010

Sopro do Apocalipse

O sopro da existência progride no passo fumegante dos fogos, dos olhos rasgados do tempo para a calvície das planícies. Quando existem pingos constroem-se monumentos, dos quais as cavernas se encontram no patamar sombrio da solidão. Embrenhar uma mistura de paixão no fúnebre vaguear dos isolados estreitos faz a ligação destes abismos.
Há o primórdio a assombrar o caixão, e de lá sai a essência pura, um resguardo mais que temporário mas que precisa de certas pétalas para chegar ao eterno. De certos vendavais da memória o Ser treme, aflige as suas sepulturas até o sufoco espremer um licor. O licor eterno de sorver do cálice a imaginação, cativar o mórbido olhar do apocalipse, enroscar o ardor. E sem a lucidez, o Ser cego espia a insanidade, rasga toque a toque a sobrevivência.
Não há fio que ligue qualquer frase, nem palavra que se pode conectar, porventura o piscar de olho embala o último secreto, enigma esboçado no perfil do rosto da folha, nervuras, veias enfrascadas no Luar. A navalha cravada na cruz solta o grito do prazer... Inexplicável à corrente.

Thursday, September 23, 2010

Outono Lunar

Tenho a folha do orvalho na minha mão. Sinto o castanho a entranhar as danças neste toque subtil que entretêm, formas belas dos pingos que a natureza oferece num cálice. O vinho balançar numa mistura contagiante faz escorrer o resto do licor das brumas para o limiar das faíscas suaves, enquadradas no equilíbrio. Telas tecidas na forma abrupta do assobio, tão lentamente embriagante que desperta os patamares de vitrais.
Eclipses de nuvens brotam em salpicos, tudo à vista ganha uma magia meditativa da Alma, voos tão penetrantes que a Lua torna o seu ardor um ninho de chamas. A flutuação chama pelos elementos dos feitiços: os cogumelos, os castanheiros, os riachos, as gotas, o manto de folhas incandescentes, a dança do vento, o sussurro dos pássaros, o escutar do murmúrio que os galhos orvalhados polvilham o manto, o odor intrínseco do próprio Ser…
Sensibilidade do figo que balança no perfume da figueira tem o zumbido dum fantasma, percorre o Ser na permuta de adormecer nas suas profundezas Outonais.

Saturday, September 18, 2010

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS DO PORTO

FESTIVAL INTERNACIONAL DE MARIONETAS DO PORTO - FIMP
17 - 26 DE SETEMBRO DE 2010
PROGRAMAÇÃO

Monday, September 13, 2010

Mente Abstracta

A matriz da mente humana desbrava o destino. Explosivo na sua retenção abraça as emoções, o som rude nas entranhas das encruzilhadas fugidias esvoaça. Pode-se escutar a sobrevivência no suspiro da sombra, ou na aglomeração dos sentimentos, provocar uma cascata de suspiros. Se tudo habitar na caverna das provocações, sairá de lá em pedaços profundos de odores.
Conhecer o rosto que brota a lágrima será a construção da cerimónia? O predador do silêncio, escondido e envolvido na dança pendular verte a parte sombria do movimento. Sente-se o retrocesso, a forma melódica da repetição. Badalar gerado pela alucinação das vibrações físicas que desagua na fonte da essência.

“O significado da primeira impressão!”

Um distúrbio momentâneo do equilíbrio, fragilizado pelos raios das tempestades ínfimas de prazer. Nessa forma de estar a oscilação produzida apodera-se do Ser até ele se conter numa fragmentação caótica. Um mecanismo flutuante até ao regresso da pausa inflamada. Estruturas paralelas percorridas pelo fluxo da respiração instantânea.

Wednesday, September 01, 2010

Type O Negative - Peter Steele

A cor púrpura dos céus escolhe os seus obreiros através das gotas. Elas caem, esventradas no esfaqueamento da escuridão, mudadas de cavernas para os altares dos precipícios. Resta a permuta caótica a despedaçar os momentos fulminantes para que sejam acolhidas, ou recolhidas na melodia do fogo.
O dia 14 de Abril de 2010 ficou marcado pela cristalização de Peter Steele, membro da banda Type O Negative. Os sopros dos assobios regaram os infernos até ecoarem com estrondo nas faíscas dos trovões. Momentos de pausas intrinsecamente ligado ao contágio da Alma com os Seres profundos, os demónios insanos. A terra rasgada chamou a si a energia do caixão, forças que as correntes enlaçaram o pó e num som penetrado consomem a combustão da insanidade da absorção. Pesadelos acariciados durante a vida, abraçados na morte; trilho mutilado aos remoinhos de infiltrações, ao contágio gemido da voz poderosa da retenção liberta. Viajar no desconhecido, na alucinação provocadora das trevas sufocantes, torna as extremidades um abismo de palavras, deslizante tempo a pingar o sentimento.
Lembra-me como se fosse hoje, Junho de 2007, em que sulquei em direcção à cidade maldita (Lisboa) para ver o concerto dos Type O Negative no Coliseu dos Recreios. Embriaguei os passos para ser amaldiçoado, ser penetrado até escutar a sedução das notas, uma a uma a pôr-me nu perante o esfaqueamento da cortina da loucura. Dilacerar o fumo num tempo ilimitado; embalsamar a eternidade num fogo áspero de desejo, num prazer oscilante de assombrações, queridas e abrigadas numa absorção de tempestades. O patamar intimamente ligado ao visionamento aglomera a construção fortificada da união dos sentidos, rendilhada forma de nevoeiro, espelhado reflexo da metamorfose.
Por vezes não se consegue explicar a fusão da sintonia, a máquina gritante de suspiros, os lábios de sangue deliciados com as folhas eróticas duma carícia a resvalar; permanece o sangramento desse mês, permanecerá além da morte... Sulco salpicos de pétalas na tua mão, o orvalho da corrente a sufocar o fôlego oscilatório de pingares nos meus lábios, no meu peito, Impregnar, Invadir, Respirar. A voz imortalizada de Peter Steele a pregar o coração na dança do Ser, um Lobo Demoníaco.
P.S.: A minha homenagem a Peter Steele, não no tempo devido mas no tempo injustificado da memória. Que o fogo o acolha num calor de furacões, na serenidade de pulsações inatingíveis, ondulações de abismos, pecados fúnebres de sedução, tentações da alienação...
Assombrações da altura:
http://pesnus.blogspot.com/2007_06_01_archive.html


Peter Steele

"Loving you
Loving you,
Love loving you
Was like loving the dead.

Was like fucking the dead."