Olhos, mares, cantos vermelhos das margens por descobrir…
Arranco sons à tentação
Misturo vibrações
Dilacero o inferno...
Longas luzes penduradas
nas notas do piano
a virar esquinas das cordas...
Retiro o baú à suavidade
Trinco o distraído tempo
Levo o nascer da brisa
Ondulo o dedo
Faíscas de nevoeiro…
Pautas embriagadas.
Sunday, January 28, 2007
Friday, January 26, 2007
Deslizar
Deslizar dentro da terra
Num fresco mergulho.
O Gigante enevoado pergunta ao suspiro:
Donde a água desbota?
Transforma-se o sumo em veias...
Rende-se a madrugada às escavações...
A melodia enche os patamares da memória
Revestindo fios de água
Cobrindo de lama os desejos...
Adormeço despido nos braços
Das cavernas...
Repouso impaciente no espelho...
(Fotos dos subterrâneos do Porto. Entre outras coisas servia para abastecimento de água)
Num fresco mergulho.
O Gigante enevoado pergunta ao suspiro:
Donde a água desbota?
Transforma-se o sumo em veias...
Rende-se a madrugada às escavações...
A melodia enche os patamares da memória
Revestindo fios de água
Cobrindo de lama os desejos...
Adormeço despido nos braços
Das cavernas...
Repouso impaciente no espelho...
(Fotos dos subterrâneos do Porto. Entre outras coisas servia para abastecimento de água)
Tuesday, January 23, 2007
Surdas Mãos
Encosto pedaços tremidos da colmeia
Em eternos enterros precoces
Teço a teia na escuridão
Enquanto sequestro a surda palavra
Momentos únicos à margem
Segmentos rondam a viagem
As velas da noite assombram o tormento
Imaginei o esqueleto das pétalas
na nota duma nuvem
Salpiquei pedras nos rabiscos
duma folha de carvão
Pintei pontes em grutas
Nasci na âncora dum filamento
Sopra o esboço das lagoas
Esvoaça a cor sem mãos
Em eternos enterros precoces
Teço a teia na escuridão
Enquanto sequestro a surda palavra
Momentos únicos à margem
Segmentos rondam a viagem
As velas da noite assombram o tormento
Imaginei o esqueleto das pétalas
na nota duma nuvem
Salpiquei pedras nos rabiscos
duma folha de carvão
Pintei pontes em grutas
Nasci na âncora dum filamento
Sopra o esboço das lagoas
Esvoaça a cor sem mãos
Monday, January 22, 2007
Quem eu sou?
Os lenhadores buscam os pastores encostados ao badalar do machado. Ceifam os aromas das arestas limadas à procura do pó espalhado na terra, circunscrevendo as lágrimas da lâmina que fica arqueada na pele despida do pastor. Modelam-se traços pelos vales abertos, gargantas secas nubladas na sua rouquidão, rupturas do tempo onde calca o desnivelamento dos lábios. A pergunta do Amor é resguardada no segredo, bate no tronco, cai abaixo, alimenta a ribeira. Um filamento de lã, miragem do pé nu, apenas a vã viagem do guardador de cercas. Sós ou encontrados são a cadência da paisagem pura. Eles vivem num tecido, vivem na imaginação, vivem por um sonho que já encontraram. O sorriso está espelhado, espalhado, estilhaçado...Lenhador ou Pastor; quem eu sou?...
" O homem põe a sua ventura e a sua glória no que o atormenta." Francis Bacon
" O homem põe a sua ventura e a sua glória no que o atormenta." Francis Bacon
Thursday, January 18, 2007
O Velho
Atravessar o vestido
No arco da flecha vidrada
A noite retém o suspiro.
Donde vens velho?!
O Bosque melódico além...
A Capela de pedra que vêm...
Junto ao tronco da dor
Esvoaçado pelo mar,
Dormes tranquilo.
Compasso sem tino nem passo.
O pensamento tem asas negras?!
Unido pelo silêncio do vento
Tua Alma encostada
Faminta ou devorada
Não encontra repouso.
Roda nos socalcos do rio
A loucura virgem sem pio.
Bebes de ti?!
Abandonado ou resguardado
Penetras a palma da mão
A montanha do aconchego
Chega sem florir...
No arco da flecha vidrada
A noite retém o suspiro.
Donde vens velho?!
O Bosque melódico além...
A Capela de pedra que vêm...
Junto ao tronco da dor
Esvoaçado pelo mar,
Dormes tranquilo.
Compasso sem tino nem passo.
O pensamento tem asas negras?!
Unido pelo silêncio do vento
Tua Alma encostada
Faminta ou devorada
Não encontra repouso.
Roda nos socalcos do rio
A loucura virgem sem pio.
Bebes de ti?!
Abandonado ou resguardado
Penetras a palma da mão
A montanha do aconchego
Chega sem florir...
Tuesday, January 16, 2007
Hoje!
Hoje!
A chuva cai miudinha no meu colo, contornando o cabelo para formar uma mancha de embarcações esféricas. Deslizo os dedos no orvalho, a transpirar a pele, a rolar no espaço permutado pelo perfume. Ancoro na extensão dos filamentos da natureza, naquela transparência que floresce vinda do céu a deixar seu rasto húmido. Olvido a minha própria existência, olvido a cor dos pesadelos, olvido o quente sangue. Sou possuído por esta suavidade e descaio do meio das nuvens para o odor da terra. O cheiro de fogo traça diabruras no rosto, aberto ao borbulhar das gotas. Extraio a essência da pureza.
Amanhã!
A chuva cai miudinha no meu colo, contornando o cabelo para formar uma mancha de embarcações esféricas. Deslizo os dedos no orvalho, a transpirar a pele, a rolar no espaço permutado pelo perfume. Ancoro na extensão dos filamentos da natureza, naquela transparência que floresce vinda do céu a deixar seu rasto húmido. Olvido a minha própria existência, olvido a cor dos pesadelos, olvido o quente sangue. Sou possuído por esta suavidade e descaio do meio das nuvens para o odor da terra. O cheiro de fogo traça diabruras no rosto, aberto ao borbulhar das gotas. Extraio a essência da pureza.
Amanhã!
Monday, January 15, 2007
Cortinas de Fumo
Gostaria desfolhar um sorriso
Na palma inversa do riso;
Abrir cortinas de regaços
Ao virar o discreto manto
Para perfumar ondas esqueléticas...
Do baloiço cortante
Ouviria o bailar das mãos
Enternecido a levitar chamas,
Pendurado nas bolhas de cordel
Que desfilariam no delgado mel...
O odor do Porto penetra
Nos ramos de fumo
Pedir perdão ao coração...
Na palma inversa do riso;
Abrir cortinas de regaços
Ao virar o discreto manto
Para perfumar ondas esqueléticas...
Do baloiço cortante
Ouviria o bailar das mãos
Enternecido a levitar chamas,
Pendurado nas bolhas de cordel
Que desfilariam no delgado mel...
O odor do Porto penetra
Nos ramos de fumo
Pedir perdão ao coração...
Sunday, January 14, 2007
Pecados de Pedaços
Sabes ouvir o som das estrelas
a desfolharem lágrimas…
Sabes sentir os murmúrios
dos charcos…
Sabes ondular a lua
no colo…
Sabes que o saber torna vulnerável
a tua própria sabedoria…
Entranhas pecados feitos de pedaços
A sussurrar as pedras do caminho….
…geladas para ti…
…cristais para outros…
a desfolharem lágrimas…
Sabes sentir os murmúrios
dos charcos…
Sabes ondular a lua
no colo…
Sabes que o saber torna vulnerável
a tua própria sabedoria…
Entranhas pecados feitos de pedaços
A sussurrar as pedras do caminho….
…geladas para ti…
…cristais para outros…
Friday, January 12, 2007
Trovões Gelados
Da lâmina regada soltam gritos...
Dos dedos enterrados cai chuva...
Do pensamento aberto pintam toques...
Das pétalas olvidadas o vaso acarinha...
Abençoai as torres colocadas em redor
Do corpo crucificado...
Abençoai a lágrima das flores
A regar licores...
Seguro o pólen dentro da Alma
A ramificar, a derramar, a esventrar,
O canto de castelos enevoados...
Amparo trovões gelados
De quentes encostos bravios
Submerso nos feitiços de suspiros
Dos dedos enterrados cai chuva...
Do pensamento aberto pintam toques...
Das pétalas olvidadas o vaso acarinha...
Abençoai as torres colocadas em redor
Do corpo crucificado...
Abençoai a lágrima das flores
A regar licores...
Seguro o pólen dentro da Alma
A ramificar, a derramar, a esventrar,
O canto de castelos enevoados...
Amparo trovões gelados
De quentes encostos bravios
Submerso nos feitiços de suspiros
Wednesday, January 10, 2007
Manto de Pétalas
O vento voa nos ramos sem folhas, aberto ao tactear desconhecido, a desflorar o aroma do perfume que rola pela pele. Das manhãs submersas o rio contagia as escadas ao debruçar pelos cabelos à espera do fogo do Inverno. Aquelas chamas envolvem o cobertor do tempo, um abraço de pigmentos dourados salpica o orvalho gelado, cristaliza na mão para ficar colorido no coração. Derrete os dias a crescer, a rasgarem aberturas de espaços e num sorriso leve sai segmentos de flores em terras de feiticeiros. Pegadas alternam ao sabor do caminho e dançam na maresia da espuma. Mais um ano, mais uma flor a crescer.
Friday, January 05, 2007
Uivo
Fazem tertúlias em mesas redondas...
Para Arder os olhos nos encontros
À espera de mãos cruzadas
A abraçar o sossego...
A roda das cabeças com tormentos
Chega a saltitar na invertida imagem, miragem...
Demorar o suspiro alimenta o peito enigmático
E da meiguice fico isento,
Voando resguardado num assento.
Num uivo de Lobo que esperneia
Cheio de brandura na colmeia
Forma-se visões com fissura de teia
Para Arder os olhos nos encontros
À espera de mãos cruzadas
A abraçar o sossego...
A roda das cabeças com tormentos
Chega a saltitar na invertida imagem, miragem...
Demorar o suspiro alimenta o peito enigmático
E da meiguice fico isento,
Voando resguardado num assento.
Num uivo de Lobo que esperneia
Cheio de brandura na colmeia
Forma-se visões com fissura de teia
Thursday, January 04, 2007
Wednesday, January 03, 2007
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