Wednesday, October 22, 2008

Metamorfose de Nota

A primeira palavra não tem sentido em relação à primeira. A última palavra provém do vento da palavra do meio. Meia palavra esquecida no horizonte da frase. Segmentos juntos, e estagnados na palavra. Ela própria a decompor-se em fragmentos de letras. Imperturbada palavra, ágil a cavalgar, descida vertiginosa, leva o fogo da palavra à fogueira. Palavra escondida da nota.
Ó nota que fazes “Trim-Plim-Trim-Plim-Plim”, rebola no manto alterado. Quando te ouvi pela última vez a tua sonoridade era diferente. Subias ao inalcançável e sussurravas: “Plim-Plim-Plim”. Gota a gota sabias resvalar na melodia da pauta, entretinhas as carícias do alento. Agora somente se pronuncia “Trim-Plim-Trim-Plim-Plim”, nublado de rosto pintado. A metamorfose garantida da…

6 comments:

Blood Tears said...

Nada é o que foi. Outrora fragmento escondido, amanhã alento perdido...

Ps - Tens uma lembrança no meu templo

Blood Kisses

DarkViolet said...

Blood Tears:

Não se pode inspirar os cordéis dos abismos, e isso faz parte da evolução

Hator Reyna said...

A MÚSICA
Arrasta-me por vezes como um mar, a música!
Rumo à minha estrela,
Sob o éter mais vasto ou um tecto de bruma, Eu levanto a vela;

com o peito pra frente e os pulmões inchados
Como rija tela,
Escalo a crista das ondas logo amontoadas
Que a noite me vela;

Sinto vibrar em mim as inúmeras paixões
De uma nau sofrendo;
O vento, a tempestade e as suas convulsões

Sob o abismo imenso
Embalam-me. Outras vezes é a calma, esse espelho
Do meu desespero!

Baudelaire- As Flores do mal

DarkViolet said...

Hator Reyna:

Baudelaire é sempre uma boa escolha.

Paixões que ficam em baús segretos...Abrem-se ao desconhecido na metamorfose de um desespero bailante

MagnetikMoon said...

Melodias desalinhadas geram carícias nas frias sonoridades que desejaram criar.

Magnetikiss*)

DarkViolet said...

MagnetikMoon:

São orgias com profundidades de notas.
As sonoridades são metamorfoses do tempo, cria-se enquanto houver partilha