Saturday, May 23, 2009

Hospital Geral de Santo António - Oftalmologia -Porto

Quando irrompe os passos pelos corredores, será que irá trovejar as tarefas? Duvido muito que tal aconteça, sendo a conduta profissional algo de valor pouco espremido, de um toque do qual provém do esforço somente de olhar para as horas de saída, parco da vontade de ajuda daqueles que necessitam de cuidados, muito menos daqueles que procuram exprimir um relatório ou um acto em falta.

“Eu sair do meu lugar no autocarro para dar lugar a um velhote? Nem pensar!!!” Funcionária Auxiliar do HGSA

É difícil o mergulho no sistema hospitalar e não verificar como a lentidão funciona tão bem. Consultas que são a uma hora certa, atrasam pelo menos 3 horas!!! Será que terão a brilhante ideia de colocarem 20 pessoas à mesma hora, e essas 20 serem atendidas nessa exacta hora?! A mim parece-me que é isso que acontece. Quando se pede para falar com um médico, só se é atendido 3 horas depois, e nem uma desculpa pelo atraso, e ainda conversa a rir perante a pessoa que espera uma mínima justificação pelo atraso, será isso eticamente duma pessoa com educação? Perante uma pré-operação não sabem comunicar como estão a pensar fazer a operação, mas não se esquecem de passar imediatamente o papel de responsabilidade a nível da questão da anestesia para ser logo assinado. Se a operação correr mal já sabem como se defender, e como palavras ditas no ar ninguém as pode provar… Devia sim ser registado tudo o que é comunicado, ou não comunicado.

“ A enfermeira vai tirar o sangue, com o rosto bem pintado, tom vermelho carregado nos lábios. Aperta no braço do paciente uma luva para estagnar o sangue. Falha duas vezes a veia, a terceira acerta deixando a bolha na pele. Vai embora a dizer que já volta com uns pensos. Deixa tudo espalhado pela mesa, nenhum cuidado em limpar, pequenas gotas de sangue espalhadas, a luva apertada no braço... Passam 20 minutos e tenta-se verificar onde estará a enfermeira pintada. Ela no gabinete a brincar no computador e a olhar para a televisão:
-Desculpe. Não se importa de ir por os pensos? -enfermeira”Enfermeira do HGSA

Tanta coisa mal feita, mas algo que continua a confundir é que ninguém sabe nada fora das suas competências. Se perguntar como se faz uma cama a uma enfermeira, ela não sabe. Se perguntar à enfermeira que género de operação existe em oftalmologia, sendo enfermeira nessa zona, diz logo que isso é competência do médico. Se perguntar ao médico onde são a ambulâncias, nunca as viu por isso não sabe. Agora quando acontece isto, eu tenho que ficar ainda mais pasmado:

“A médica fala com a enfermeira. Depois o paciente pergunta à enfermeira sobre entregar relatórios antes do internamento, do qual ela diz que não é competência dela. Ela consegue pensar um pouco e diz o seguinte comentário:
-Sim é comigo que tem que dizer esse tipo de coisas, mas mais tarde, brevemente.
Não vale a pena dizer que esse brevemente demorou 3 horas”

Nada mais correcto do que esperar junto ao gabinete das enfermeiras e verificar o que acontece por lá. Discute-se a capa da playboy Portuguesa, a votação do concurso de cães, se o telemóvel tem o cartão a funcionar bem ou mal, se na novela Y o que terá acontecido… Enquanto os pacientes se entregam às dores, sem uma justificação de como podem ser acalmadas.

Não entendo a educação de certas pessoas. Alguém trata alguém por querida ou querido se não conhece a pessoa? Há enfermeiras que tratam, mesmo tendo ao seu dispor documentos dos quais podem saber a identificação das pessoas. Existem funções que as enfermeiras deveriam saber, e a igualdade de tratamentos esquecem. As pessoas não estão internadas porque querem, mas sim devido a precisarem. Se não houvesse doentes, não havia hospitais e os resultados que traria para a classe operária lá existente. E a pergunta legitima, é porque essa classe operária hospitalar se acha superior ao doente que precisa de cuidados?

Teria muito mais para relatar, deixando uma nota: existe sim alguns bons funcionários no HGSA no sector de oftalmologia, a maioria deles é de uma insensibilidade atroz com lacunas de má educação, falta de respeito pelo próximo e pelo seu dever de profissão.

P.S.: Quem alguma vez for internato no Hospital Geral de Santo António (HGSA) no sector de oftalmologia não lhe darão água engarrafada, e dirão ao paciente na sua maneira tradicional para se dirigir à torneira mais próxima. Facultam um copito. Claro se o paciente tiver a delicadeza de perguntar se tem agua disponível, se não o fizer terá que descobrir pela seca que os lábios terão ou da solidariedade das outras pessoas internadas… É natural ouvir uma animada conversa dentro de qualquer gabinete, e neles terem ventoinhas para os funcionários enquanto na sala de espera não existe nada para regular a temperatura. A diferença é que nesses gabinetes terá no máximo 3 / 4pessoas, enquanto na sala de espera umas 50 ou mais…
Se por acaso alguém for fazer lá uma operação com um médico X, não quer dizer que não seja o médico Y a fazer, e o médico Z a ter feito a consulta antes da operação. Tal aconteceu, tal acontece, tal acontecerá. Agora é preciso ter fé que os médicos saibam documentar, ler e interpretar relatórios. Uma justificação de escreverem de forma tão ilegível será para que outros médicos não reconheçam o que está escrito? Provavelmente, nunca se sabe…

10 comments:

Lady Candlelight said...

Este texto deixou-me particularmente triste por várias razões!Eu explico: há gente que esta na reforma mas acha que ainda pode exercer embora sejam autenticos dinossauros e ocupem entao o lugar de novos que desesperam por iniciar!Depois tambem há novos que praticam com aquela leveza do "isto nao é comigo,não é em mim que esta a doer".E eu?Bem,eu cá continuo a desesperar perante brutais injustiças,noticias de atentados ao trabalhador,exploração,degradação da profissão e penso "fogo eu sei como se faz uma cama!loool"...e porque é que insisto?Não sei,só sei que não me vejo a fazer outra coisa,só falta a oportunidade!

Gothicum said...

"Quanto mais eu vivo, mais eu percebo o impacto da atitude na vida. Ela é mais importante que o passado, que a educação, que o dinheiro, que as circunstâncias, que os fracassos, que os sucessos, e do que as outras pessoas pensam, dizem, ou fazem. "
(Chuck Swindoll)


...eu trabalho num ambiente hospitalar... e é como em todos lados...há excelentes profissionais, aqueles assim assim...e os fracos! Como em tudo na vida! Esperamos que a nossa saúde não vire tipo a americana...aí é que será um deus me livre!
Abraços.

Ps: Se soubesses os milagres que se fazem todos os dias com o pouco que há! Portugal nem ia acreditar...Há muito para mudar...claro! Mas continuo a dizer ...que não se torne americana! Quanto muito tipo Holandesa...

Abraços.

Gothicum said...

Dark...aquilo que relataste não deve de acontecer...é mais que óbvio e concordo em tudo contigo( pelo menos no que toca à simpatia! Apenas digo que nós também temos de mudar um pouco em relação à procura dos cuidados básicos de saúde...por exemplo não ir para as urgências por toma lá aquela palha...se tu estivesses numa quinta à noite ou num domingo de pois das 24 horas...perceberias o porquê deste meu comentário...fim-de-semana prolongado (santa justificação de presença)!

Vanuza Pantaleão said...

Dark, vim conhecer seus demais espaços e saio daqui com a certeza da sua enorme consciência sobre os temas abordados.
Tenho alguma "intimidade" com o ambiente hospitalar, fui esposa de médico, etc. e tal. Hospitais, em geral, e os públicos, em particular, são depósitos de restos humanos ou desumanos...
Um enorme abraço!
(no blog da pornografia tem lugar para os comentários? Não os encontrei. Gostei de lá também!)

DarkViolet said...

Lady Candlelight:

Há muitas perspectivas de como a saúde devia evoluir. O que abordaste acerca do conflito entre pessoas que estão há muito tempo em funções e pessoas mais novas é uma realidade. parece do género se foi "maltratado" poelo meu superior, os que vem a seguir vao sofrer, uma "praxe profissional". Tudo se resume no respeito e na educação, principalmente. A exploraçao é algo complicado, e pode funcionar para tantos lados que é perturbante. Se calhar é essa a justificação de cada um fazer o que está escrito para fazer, o que não acho correcto. A oportunidade é seguir as convicçoes


Gothicum:

Gostei do nosso debate, apesar de já estar respondido os comentários quero somente salientar que realcei muita parte negativa nos post, mas existe no sistema de saúde pessoas competentes e querem ao máximo ajudar as pessoas necessitadas de tal. A cooperação entre as várias identidades de forma séria ajudaria muito a evolução deste estado de coisas


VANUZA PANTALEÃO:

São espaços espalhados nesta net selvagem. Nos hospitais existem pedaços de vida, deveriam se unir e propagar uma maior partilha. Por vezes dá a sensação que tudo é mecanizado por ser a única forma de funcionar, e os sentimentos de aconchego ficam ausentes. Não é necessário chegar a extremos para mostrar humanidade perante o próximo. Não existe ou existe pouco, uma relaçao de numeros estáveis entre doentes e funcionários de saúde, e assim o trabalho acumula, o stress aumenta, e cai-se na insensibilidade muita das vezes.
P.S: esse blog não tem permissão de comentarios

Anonymous said...

Será alvo de processo judicial pelo que esta aqui escrito. para alem de ja saber kem e e suas perninhas vao deixar de andar em breve. E KEM SABE NAO FICA CEGUINHA?

DarkViolet said...

Anonymous:

Grata pela preocupação. A sua mensagem será reencaminhada para as entidades competentes.

MagnetikMoon said...

De facto, é lamentável o modo como esses ditos "profissionais" lidam com os pacientes.Nota-se uma frieza, uma falta de respeito pelo próximo tais que é incrível como ainda exercem!Logicamente que há pessoal competente nos quadros e benditos sejam porque fazem um trabalho de ajuda ao próximo imprescindível às comunidades, mas não se pode ignorar nem deixar passar em branco situações como estas!!!

Magnetikiss*

MagnetikMoon said...

Anonymous:

Muito Cuidado!!!
Atente bem no que lhe digo.

DarkViolet said...

MagnetikMoon:

Existe sempre um sistema que não pode ser penetrado, e dentro desse sistema anda muita gente a tapar as costas um dos outros; são as ditas classes de merdas que pensam que são mais que os outros, e fazem o que querem até alguém reagir contra elas, mas reagir duma forma que não deixe dúvidas nenhuma