Dançai folhas dentro da ventania onde estais abertas às sensações. A serenidade rompe em furacões de entrelaçados olhares para escutar os galhos a despirem-se. O orvalho do frio deixa seu manto espelhar-se, a brincar com as cores, a aquecer os últimos refugiados. Existe na mistura o contágio de ouvir os raios romperem entre as nuvens, flagelar a natureza, e saírem num descanso mórbido de preguiça. Todo o Outono se levanta, cantando múltiplas sintonias que a ampulheta não esquece.
Imagem retirada da internetWednesday, November 25, 2009
Saturday, November 21, 2009
Punhais de Lava
Naquela casa onde habitam os surdos da memória foram colocadas chamas na escadaria esquecida. Na madeira esculpida o desacerto do eco compunha o tilintar. Nos arredores existiam unicamente tascas, onde a única bebida consumível era feita de língua envenenada de um animal desconhecido, só se sabia quem o fornecia aos donos das tascas; um vagabundo vestido de negro, do qual os cabelos se enrolavam no seu próprio tronco do corpo e da sua unha pingava tinta. A escuridão da noite misturada com o nevoeiro brotava trovões da fonte da aldeia, e de lá germinava subterrâneos de veias. Punhais ferrugentos caíam do céu a dilacerar os corpos; dentro deles saía o odor do vinho fervente, a imagem da lava encadeada em licor de… língua envenenada.
Imagem retirada da internet
Thursday, November 19, 2009
Muralha dos Excluídos
Existem muralhas nas numerações escaladas das incógnitas. Os perfumes são batimentos infernais nas paredes dos séculos, interdito ao mergulho do silêncio, proibidos ao sufoco esquartejado da libertação. Se o cálice sentar junto dos enigmas os ilimitados círculos viram os trovões do avesso, por isso os mortos provam de si dentro das sepulturas das viagens. Quando cavados as assimilações do destino os remoinhos dos estrondos devoram a aridez, cambaleiam em furos incessantes, impossíveis de serem entranhados aos alicerces dos subterrâneos. Os gritos uivam em cada número visível, codificados na miragem do nevoeiro, enterrados na indelicadeza da dor, enquanto os labirintos das muralhas apanham a recapitulação do excluído.
"Muralha à Maresia (Fajãzinha da Alagoa, Agualva)"
Wednesday, November 18, 2009
Cavaleiros do Fogo
Os cavaleiros do fogo sentem os corredores dos odores. Colocam as folhas no balanço das notas do vento, onde pernoitam o massacre do pó. Na agitação das filhas a existência das masmorras sussurra a malvadez da mistura, grades de escadas arqueadas para saltitar na Lua do Outono dedilham as chamas com a linha a desequilibrar o orvalho; os momentos das crinas libertadas ao fogo fazem com que as folhas estejam no tom despido, Outono de veias que a emoção circunda a imóvel perdição da nudez das árvores.
Imagem retirada da net
Sunday, November 15, 2009
Filhos da Alma
Guilhotina a sangrar na sombra como duma linha invisível fosse, melodia da qual os olhares cruzados cantam sinfonias dedilhadas ao pingar. A família sente o odor impregnado; toda a pele estremece perante o vazio; o palco é os olhos esquecidos. Agora resta saber como conceber uma peça que junta o algoritmo desprovido de alguma sanidade. Por mais pedaços materiais que podem existir, a caixa é composta por uma substância que é destilada pela guilhotina, absorvida pelo pingar, recolhido pela sinfonia. Tira-se a ausência, obtêm-se a Alma.
Algures na cidade de Paris
Saturday, November 14, 2009
Esqueleto
Onde se encontra o interior da Alma dum esqueleto?
A resposta está nos corredores inalcançáveis que a embriaguez das tempestades colhe, por isso os pincéis do tempo fazem parte do devaneio das criaturas demoníacas que sabem onde penetram, e de lá rabiscam os seus sulcos de intimidades.
A resposta está nos corredores inalcançáveis que a embriaguez das tempestades colhe, por isso os pincéis do tempo fazem parte do devaneio das criaturas demoníacas que sabem onde penetram, e de lá rabiscam os seus sulcos de intimidades.
Tuesday, November 10, 2009
Puro Vento
A Alma é rasgada no Outono, no corredor empolgante das ventanias. As folhas virgens abrem-se à mistura fervente, o manto enlaçado das telas gemem, a vida brota em faíscas saboreadas pelos loucos insanos. Na ferrugem dos castanheiros o nome do vento desdobra o horizonte, das costas inflamadas ao dorso orvalhado, ao instante sentido no posterior anterior momento.
Dança o toque das madeiras assombradas nos dedos embebidos de licores, cada sulco de tempo é misturado naqueles que perante a fonte sabem escutar, entranhar as gotas do fluxo, visões alucinantes dos Seres inquietantes com o transbordo da leveza.
Dança o toque das madeiras assombradas nos dedos embebidos de licores, cada sulco de tempo é misturado naqueles que perante a fonte sabem escutar, entranhar as gotas do fluxo, visões alucinantes dos Seres inquietantes com o transbordo da leveza.
A pontiaguda inocência é a Alma rasgada, ouçam.
Algures em Portugal
Monday, November 02, 2009
Lágrimas Lunares
A terra queimada pela sombra rejuvenesce os vales selvagens das montanhas escarpadas, curvas delineadas em vertigens apocalípticas no vértice do império das noites lunares. Turbilhão de mantos a uivar gritos velozes, trepam pelas silhuetas das danças até ao sussurro dedilhado da metamorfose, violações incessantes ao compasso da Lágrima entranhada.
Subscribe to:
Posts (Atom)