Tuesday, September 28, 2010

Sopro do Apocalipse

O sopro da existência progride no passo fumegante dos fogos, dos olhos rasgados do tempo para a calvície das planícies. Quando existem pingos constroem-se monumentos, dos quais as cavernas se encontram no patamar sombrio da solidão. Embrenhar uma mistura de paixão no fúnebre vaguear dos isolados estreitos faz a ligação destes abismos.
Há o primórdio a assombrar o caixão, e de lá sai a essência pura, um resguardo mais que temporário mas que precisa de certas pétalas para chegar ao eterno. De certos vendavais da memória o Ser treme, aflige as suas sepulturas até o sufoco espremer um licor. O licor eterno de sorver do cálice a imaginação, cativar o mórbido olhar do apocalipse, enroscar o ardor. E sem a lucidez, o Ser cego espia a insanidade, rasga toque a toque a sobrevivência.
Não há fio que ligue qualquer frase, nem palavra que se pode conectar, porventura o piscar de olho embala o último secreto, enigma esboçado no perfil do rosto da folha, nervuras, veias enfrascadas no Luar. A navalha cravada na cruz solta o grito do prazer... Inexplicável à corrente.

4 comments:

Fatima said...

Gosto de te ler, pois os pormenores que usualmente nos escapam são para ti sempre tão evidentes.

Bjo
Fatima

Lúcia Machado said...

...e na corrente, deixa a mente navegar ao sabor da imaginação.

:-)

Aмbзr Ѽ said...

futuro que amedronta.


http://terza-rima.blogspot.com/

DarkViolet said...

Fatima:

Obrigado. Mesmo assim há tanta coisa que me escapa e que não consigo transmitir. É uma questao de ir tentando até encontrar a insanidade mais correcta



Lúcia Machado:

A imaginação é uma batalha do eterno perante o reflexo, árdua



Aмbзr Ѽ:

Se o futuro amedronta será digno tomar outro caminho?