Olhei para trás, e o que vi atrás de mim? As cinzas do meu olhar ou as peugadas da minha sombra? Talvez somente o deslizar duma nota musical. Aquele som de cabelos molhados, longos, firmes, pousados na neblina duma distância limitada pelo pó que se levanta. Bracejo as mãos no ar, virando, contornando a espessura desta intensidade, densidade de grãos, aglomerados de poeira das vivências que devoro na sombra dos cabelos. Não deixo cair o sopro do vento, pego nele com as letras do esquecimento e faço a minha tela de sedimentos soltos. Por isso olho para trás, para dar mordidelas sanguinárias, como se estivesse a degolar minha Alma, e no momento de sugar o vazio preencho-me de nevoeiro. Volto ao período das trevas num cavalo de tinta negra... Isto é o meu mundo, que foi feito para ser devorado pelos suspiros de gritos.
4 comments:
Q grito triste, 'darkviolet'!
Nem uma janela tão rasgada para o horizonte, e nela uma silhueta tão lindamente poisada te 'iluminam' o olhar?!
bjs
Ah! Ñ reflecti q no horizonte só há corvos...
Há luz lá no fundo da janela...Há sempre um sorriso de gritos...e os corvos aparecem...
Ainda o nevoeiro,... enquanto ele se mantiver haverá serenidade! Nada de exaltações, nem emoções que possam vir afundar a alma!
beijos
( apesar do nevoeiro é dos melhores textos que já li aqui e gostei tb muito da imagem)
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