Tuesday, January 29, 2008

Imagens

No percurso dos meus pés encontrei umas fotos espalhadas no passeio. Cativou-me o aspecto preto e branco da imagem. Algumas viradas ao contrárias, umas direitas, todas com aspecto de serem de longe. Disseco o tempo a observá-las sem as apanhar. O toque pode amedrontar e fazê-las retornar ao seu proprietário. Reviro os olhos em volta para observar se alguém está próximo enquanto no meu pensamento se figura a ideia que as fotos foram abandonadas, ou esquecidas, ou quiseram fugir. Parecem ter vida mesmo estando imóveis no meio do chão. Aninho-me junto delas, penetro os odores de outras paisagens. Misturas quentes de africa, rostos e tendas, árvores e rios. Não que seja um continente que me atrai, mas algo no meu coração fica crucificado.

Monday, January 28, 2008

Lavrar

Um zumbido fúnebre pernoita no ouvido olvidando a seca que lavra os mantos escondidos. Os galhos põem suas extensões nos lugares mórbidos esquecendo ao sorriso um leito para desaguar odores. As lapas imóveis acarinham-se umas às outras enquanto quem possui asas saltitantes morde o que aparecer como seu ideal de beleza.
A Alma dos pedintes devora os azulejos pintados ao acaso.

Tuesday, January 22, 2008

Prazer


Os aromas das fragrâncias invadem as sensações.

Os filamentos voam na pele...

Essência sensual do prazer...

Thursday, January 17, 2008

Soprar ao Vento

O terror dos olhos foge,
Num Sopro,
Num desassossego.
Arranhar a paixão da cova ao caixão...

Forte som embriagado desce colinas de neve...
Cego ou seco...

Perfume de balas cobre o rosto.
Esfaqueado pelo gelo,
Coberto de fracturas de Alma.

Trovões abrem sepulturas
Do manto de sangue para o altar.
Corredores da escuridão
Povoados de solidão,
Rasgados com a humidade do prazer...

Silêncio fúnebre...
Medo,
Audácia,
Êxtase...

Odor do desejo penetra a suavidade.
Língua embala a vastidão do suspiro.
Reflexo do comboio despedaça o tempo.
O enlaçar do Amor...

Olho de voz aterrador respira ao compasso dos sinos.

Tenho os cabelos ao vento...
Longos até onde o veludo toca o seio.
Rasgas-me o coração?

Monday, January 14, 2008

Saudade

Descalço a entretida saudade numa força que rasga o tempo. As âncoras são transportadas dos areais para o mar revolto. Os ossos flutuam na imensidão das energias magnetizadas. Voar nas ondas violentas do calor, num sopro, numa ventania, num trovão...Chamas ao ecoar da vastidão
Altar de asas mergulha nas velas...Filamentos afiados da cantoria, sabor do balanço do fumo....Violinos...

Saturday, January 12, 2008

Foice


Lagos
Correntes
Remoinhos
Gotas

Escuridão...

Tuesday, January 08, 2008

A Marcha...

A Alma que arde perturbada voa na pele ardente. Geme descontrolada entre os pingos até a essência se transformar num suspiro penetrante. Aí desfolhado pelas correntes desorientadas, o ninho navega num naufrágio sufocante, enquanto que a cortina de fogo debruçada sobre filamentos se orienta ao sopro da paixão que rasga as ondas. A gota atravessa o mel até o seio saciar a sede...Perturbação inquieta do temporal, subida ao inferno desejado. O corpo nu dilacerado pelo vento das teias ouve mãos...Ouve no fundo do profundo a marcha da meia noite.

Friday, January 04, 2008

Olhos Cegos

A miséria torna a eternidade mais consciente da mobilidade. Estimular a linha-férrea num prolongamento a reter o desacordado andar. Respirar o suspiro, retirar o tiro. Retratar o cego na página solta dum livro, pintando o pincel na esquina de querer voar. Das asas magoam-se a razão dos olhos, barreiras de lágrimas que soltam a intrínseca incerteza.
A combinação sobre a laje tumular abre fissuras de fogo. Mãos de gelo retiram filamentos de sémen... Véu embaciado nas trevas.