Tuesday, March 01, 2011

Avignon - França

A ponte que acaba no rio, que se afunda no abismo, recolhe as queimaduras do inferno. Ponho as folhas secas que sobram da arca no cabelo, consagro a moldura de um boneco de neve e espeto-lhe a navalha de sangue nos seus pecados. Escore o sangue cheio de veneno para suavizar a sede do poder dos cegos. Cavo uma sepultura de neve, enterro-me num repouso ardente. Permaneço o peregrino de unhas negras que germina no frio da Alma ancorada ao trilho amaldiçoado dos galhos dispersos. Lapidar o corpo perante o destino, banquete estendido para jamais ser extinto pelos homens.

AVIGNON

3 comments:

Vanuza Pantaleão said...

"Lapidar o corpo perante o destino..."

É verdade, amigo, a vida material deve ser lapidada para que o espírito possa criar asas e voar para a eternidade.

Conheço o mundo através dos teus versos e imagens...
Abraço terno!

Vanuza Pantaleão said...

Obrigada também por sua participação no nosso novo cantinho, o Matagal. A sua opinião é sempre valiosa e nos mostra novos ângulos dessa realidade múltipla em que vivemos.
Beijos!

Lady Alexiel said...

Delicioso, o gatinho a espreitar qual gárgula incrustada nas ameias seculares...

:)*