Sunday, November 30, 2008

Feitiç

Torrencialmente a Alma deseja ser fiel à difracção, visão mágica transferida para a visão do chamamento. Nítido arregaçar dos dedos sobrevoa as cores deflagradas, a rasgar a pluviosidade do inferno incandescente. Ilhas de assédio descaem num brotar fresco, num brilho mergulhado no lume fantasma. Com o alcance da energia as sombras alegram manchas fascinantes, pecam para preservar a suavidade. Camadas de explosões criam faíscas esmigalhadas, cantos que chegam para florir o feitiço da vegetação sangrenta dos desejos; cascatas do olhar transparente feito à medida do horizonte. As silhuetas deslocam-se abruptamente ao sopro do licor de cada gota tornando inalcançável a corrente devastadora.

Thursday, November 27, 2008

Feitiço

Miragem escondida. Quem descobre os labirintos da própria imagem encontra o fogo do seu sustento, vertente aberta para a observação e da imperceptibilidade das folhagens. Descaem gotas agradáveis à sensibilidade, solidão que acolhe a própria solidão. Baús do acolhimento sobrepostos em correntes de lava, reutilizando amostras de belezas colhidas com as mãos dedilhadas. Fragrâncias recomendam o uso das fragrâncias, ciclo contagiante da partilha. Refrescar ingredientes na escuridão, usar dentro do caldeirão, espalhar no fôlego da pureza adquirida.
Assim o começo do feitiço entrelaça-se à volta dum remoinho, colocando a suavidade do altar no por do sol. Ouve-se a rua a desintegrar fulminantemente à pressão da respiração.

Tuesday, November 25, 2008

Abraço

Retorna a escuridão ao poente dos sentidos, a intercalar a magia do palco.
- Quanto reflexo inspira o leito do orvalho?
- Não tenho espelhos na escadaria para saber a quantidade. Posso sim admirar as palpitações do orvalho, enquadrado na perspectiva do horizonte, ficar junto do berço, do abraço.

Saturday, November 22, 2008

Solidão

Ia ficar com uma mão livre quando estagnei o corpo no céu. Meio atrapalhado rocei os olhos um no outro, deixei cair as mãos numa lufada de frescura. O entrelaço gemido arregaçou a sua preguiça, roçando o horizonte, resvalando o destino. Não entendi se a imaginação das folhas estaladiças penetrou ou não o véu do meu rosto, sei que as frescas luzes se misturaram como raios oblíquos, a desdobrar as brisas nubladas, cruzando a rouca solidão do caminhar nu das árvores.
Acolhi dos rudes desertos a força das subtilezas, salpicado da vegetação formado pelas correntes. O desaguar do labirinto foi-me pintado no cume das melodias. Cortei a retalhada tela, a formar folha atrás de folha, conjunto de levezas. Entretida Alma tocou a face, desconcertante nota de Outono na semente do milho...

Wednesday, November 19, 2008

Sensações Virgens

Persistência dos sons cobre
As notas...
Uma,
Duas,
Infinitas,
E tão poucas...Tantas...

Primeira;
Amontoada no céu atravessa o oceano,
Na margem navega dentro da virgindade.

Segunda;
Areia de lava estremece
Ao sopro tangente do entrelaçar.

Infinitas;
Gaiola de espelhos
Embalam o crepúsculo.

Audível retorno das ondas!
Manto de estrelas cavalgantes!
Rosa dedilhada!

Tranca-se a nota,
Explodem as sinfonias.

Saturday, November 15, 2008

Cogumelos

Crescem serenos à espera dum toque de orvalho, num silêncio embalado pela natureza. Postos isolados ou em pequenas aglutinações suaves, reencaminham o trajecto dos tempos para a agitação do interior. Cobertos com as folhas dos céus, rompem-nas timidamente, preferindo seu agasalho. A quantidade de luz fá-las espreguiçar, dá-lhes arrepios de sensualidade, deslizando a silhueta os odores da vontade....

Prazer tímido do Amor

Salpica, Pica...
O afogamento refinado
Sustém, Retém...
O sustento aglutinado

Calhaus tropeçam,
Rebola a paisagem

Calhaus gemem,
Abraça a viagem

A teimosia flexível
Torna o licor
Um recolhimento.
Indiscreto movimento
Da sombra,
Imóvel aflição
Da leve brisa da vida.

Soltar a energia
Cogumelos...

P.S: Se alguém desejar alguma foto mais pormenorizada pode pedir

Thursday, November 13, 2008

Caverna Lunar

Lendário viajante
Entrelaças as crinas nos dedos
Rompendo a chama incandescente

O orvalho da Alma
Transborda correntes de fogo
Dentro da caverna

A intensidade brilhante do esplendor...
Escuridão...

Tuesday, November 11, 2008

L

Um encontro...
Uma pausa...

Sino que toca num compasso apressado, fugidio, não sabe as horas. Toca perplexas as agitações que abriga reconciliando o segundo com o infinito a atear as fronteiras da ressurreição. As freiras sepultadas aleatoriamente no caixão do Amor escutam murmúrios, enquanto o som puro dilacera os vales assombrados. Talvez no profundo do badalar desejam o rasgar intempestivo, o néctar flamejante do desassossego que se apodera do perdão, segmentos da maldição.
Embaraçado no esconderijo cada louco sabe o sentido do orvalho. O que raramente sabe é o porquê da maldição cair dentro da sua Alma, seja ele parte da fantasia ou a própria magia, com trajecto elaborado de silhuetas integra miragens, violinos a deflagrar notas floreais. Do suspiro de sentir fica assolado, sem solução óbvia para guardar o baú das divagações.

Tormento...
Maldição...

Sunday, November 09, 2008

Lo

Juntar cores no altar do desconhecido, juntar círculos enfeitiçados, juntar a poção de sementes prateadas, e num vértice do sentimento cavalgar o horizonte na mão da mutação. Tarefa quando efectuado por um louco requer a dança dos sentidos, ritmado sem busca de algo despropositado à corrente. Ao haver melodia recolhe-se o coração para a expansão, acolhe-se a compreensão para a fuga. Noites de luzes a rodopiar os braços, a esgaravatar o último fôlego dos dedos, contágio da Lua com a escuridão a declarar a revolução das estrelas com os mares. A dádiva dada pelos loucos a quem deseja se impregnar com uma vontade pura...

Dançai...

Friday, November 07, 2008

Lou

Desejar dançar num planalto com tulipas negras imaginárias a descarrilar pétalas nas estrelas. Este trajecto atormenta qualquer louco.
Prever terramotos no céu quando o ninho está aprisionado dentro da cave descampada. Este trajecto recolhe qualquer louco.
Imperceptível dedução condicionada ao espaço submerso, definido pela fronteira do tempo despedaçado. Este trajecto acalenta qualquer louco.
Gradeamento frequentado por círculos de demónios ávidos de sangue, acolhendo a serenidade do caos com luzes de arco-íris. Este trajecto relaxa qualquer louco.
Saltitar no refúgio do sentimento aglomerando pós de sementeira quando faz a colheita com o sopro do fogo. Este trajecto germina qualquer louco.

Refugiados os loucos fortalecem amizade com o trajecto...

Tuesday, November 04, 2008

Louc

A consciência inerente ao abstracto é um factor condicionante, mas mesmo assim perfura a consciência para se tornar inconsciente. Crente no seu voo recorda a idade da sanidade em que povoado de clausuras conseguia ser para além do seu manto, um criador ardente. Quando chega o seu sopro artificial, o refúgio de palpitações enriquece o esplendor do altar de pétalas. Aureola trajada de abismos questionam os troncos mudos. Muito provavelmente estarão inflamados com a magia das cartas.
Com naipes floreados, números de notas esculpidas, arestas de chamas, o transbordar torna-se nítido ao nevoeiro, e dalguma luz que abraça o louco. Cartas de Outono, gemido de gotas.

Sunday, November 02, 2008

Loucu

Quando estagnado no horizonte nublado, circunda os remoinhos, rebola nas folhas, e quando chega a chuva sorri com as palavras do olhar. Pinta telas com a imaginação de outros loucos, utópicos nas paisagens resplandecentes.
Quando colocado na luz decadente do mundo, belo e imponente, partições que se juntam no patamar de poços deslumbrantes, ofusca o gelo revolucionando peripécias de artes decantadas.
Sente ambas de uma forma imaculada. Saltita arrepios no corredor das visões da cegueira, nas visões da infinidade. De repente no manicómio a sua escravatura transforma-se num vento áspero de delicadezas, imperceptíveis aos seus irmãos, muito menos aos “iluminados”.