Thursday, May 31, 2007

Pânico

Molho o arpão da saudade
Num frasco de notas floridas;
O esquecimento perdido está,
A lembrança cavada cairá.
Nada do ser recolhe as trincheiras.
O pânico evapora o medo
Comprimido pela luz,
Seco de esperança...
Olho teu brilho,
Enlaço a silhueta.
A lágrima descai
Pesada Alma, restolho...
Ouço o barulho do silêncio da Lua...

Tuesday, May 29, 2007

Cavalo de Fogo

Nos confins do céu nublado o condenado é expulso do território. Avançar sobre as fontes espalhadas com os pés no bolso. Rara moldura não conseguirá morder o horizonte, nem do vento ouvirá tremer os lábios, nem da cauda se ouvirá o ranger. Da lava incandescente o corpo diluir-se-á para o fumo o envolver e o levar nas catacumbas da memória. O fogo arde no Demónio.

Sunday, May 27, 2007

Guardador da Luz

A tatuagem que baila no gesto da noite pergunta pelo guardador da luz. Onde está suspenso a corda da vibração pintada pelo vento?
A loucura ceifa a matriz da multidão mecanizada. Sem perguntas, sem respostas, sem a imposição de tais inquisições. O que resta no lameiro onde a chuva não pára de respingar?
Nem na mais densa floresta as questões incomodam o cinzento borbulhar da actualidade. Recreios nus sem velas…

Friday, May 25, 2007

Caracóis

Eles bem tentaram fugir mas eu fui mais rápido LOL

Wednesday, May 23, 2007

Maestro

O pescoço do tempo faz chover os seus pergaminhos queimados. As folhas do esqueleto seguem no trilho, instável na pulverização, contorcido no pólen espalhado no ar. O dia choveu tremido com a “neve” a misturar-se no meio das gotas. O ser transportou-se para a paragem sem passagem possível e na noite os caracóis saíram para o caminho. Senti os meus pés a esmagar o inverso do gigante. Tento voar neste labirinto, ao desgaste do medo, ao acasalamento de sémen. “ O Maestro rege a orquestra sem partitura”.

Sunday, May 20, 2007

Santa Maria da Feira - Teatro de Rua

A Lua fazia de baloiço à estrela numa noite de fria Primavera. Escalar a história na pura imaginação do riso, uma subida tão íngreme que o cantarolar da versatilidade descai pelos trapos das cores. Tantos instrumentos num corpo fazem a sinfonia ser o precursor das alturas. Todo o círculo ambienta-se ao desfilar das notas musicais. Plim…Plim…Plim…

Palhaços de machado e faca na mão esmagam de susto a personagem da cruz. O balão arrebentado, o copo com água invisível, a palmada que voa sem superfície, a mala de viagem sem bilhete, ou a maquilhagem na ponta do nariz vermelho!

O foco corrompeu as Almas presentes, incendiando a água, chamando os gritos das chaminés. Rolaram cilindros dos cereais na balança indestrutível do temporal das labaredas. Chiam os ferros que queimam a pele, arde o corpo com troncos descalços que clamam mais chamas.

Oito pessoas brincam numa esfera criando uma malabarismos de esqueletos. A dinâmica flúi no sabor do ar. Enquanto eu entretenho-me a tentar tocar num balão solto...

Saturday, May 19, 2007

Garrafa

Um abraço duma bebida que se encontra na garrafa no incondicional segredo resguardado da ténue brisa. O vidro mostra a transparência. O líquido molda o brilho da sua criação, e a suavidade de quem o quer beber fica suspenso ao saber o que irá acontecer depois de o deglutir. Não deixa de ser verdade que algo que toca o suspiro, voa sobre os glaciares. Encontrar cada recanto para deslizar e observar os rasgos no caminho. Sentir!

Friday, May 18, 2007

Sagradas Mãos

Os instantes são flechas do mergulho sagrado, reflexo da paisagem misturado ao orvalho do paladar, um sumo que ao vento faz eclodir a memória. A sensação povoa espaços desconhecidos como o calor atormenta a pele que ferve. São cavidades na porta, percorridas no tacto do devaneio. O terror das mãos apreendidas dança no espasmo da lentidão.


Wednesday, May 16, 2007

Gelo

O gelo pingado do demónio

Tuesday, May 15, 2007

Tinta

Os sons encontram-se adormecidos, escondidos pela evaporação sentida. O recorte do jornal semeia letras, toques suaves para os olvidados se maquilharem ao sabor das fogueiras. Não questiono do que é feito das melodias, somente sei que estão algures pousados a serem engolidos pelos restos duma chuva miudinha. Muito parecido ao estado que encontro a minha mão na textura regada do planalto. Letras pingadas no esquecimento. É isso que o céu faz resvalar no pincel da tinta…

Monday, May 14, 2007

Ribeira

As pedras chamam incertas condições climáticas, onde ecoam salpicos da ausência das árvores. Com os rasgos rasgados no monte percebe-se o culminar da rigidez que rema por curvas feitas pelas águas. Cada calhau polido pela natureza numa obra essencialmente feita ao retalho dos sabores dispersos. Nos vales as ribeiras clamam as cordas de um som puro. O repouso do olhar vira-se para lá do sonho, alcançando uma melodia ao atravessar para a outra margem. As pontes feitas ao remar das correntes...
Sinto o estremecer dentro de mim: o sol, o vento, a chuva, o granizo...Nem o próprio arco-íris escapa aos raios que saem da Alma...

Friday, May 11, 2007

Sociedade

“Agora fodo e bebo...”
Chegaram ao “clímax” da essência do ser humano e não se aperceberam disso. São o apogeu do retrato social...

Wednesday, May 09, 2007

Go SPURS Go !!!!

Loucura

A minha rouquidão amedronta os desprevenidos, enquanto que o calor devasta as ruas, e os pés socalcam as brasas que não pertencem a ninguém. Gira em torno dos raios solares o mundo de muitos seres humanos. Entretanto a maioria das pessoas olham-me com espanto. Uso o meu cachecol à volta do pescoço...Alguém está louco...

Friday, May 04, 2007

Plim

Rebolo frouxo o fluxo sentir.

Wednesday, May 02, 2007

O Murmúrio

Gelaste o pedaço de carvão
Ao lado dum violino,
Enquanto o embalo do peito despido
Acordou cordas.
Resta o convento do pedreiro
A velar imortais sons...
A insuportável queimadela
Desfaz-se como um corcunda
Posto ao lado do segundo...

A tenda aberta sustém o vento...
O mar sufocado abraça o vazio...
Galopo a voz tremida, a louca insónia!

O relâmpago irrompe,
Proveniente do sossego...
Tão poderoso reino da silhueta
Que diluo o meigo do formoso mel...
Deixo o incenso invadir as cavernas
Ao cruel do ardente pecado.

As chamas do lábio,
As flores do aflito gemido...
Vou até ao teu colo,
Adormecer na tua vinha,
Para naufragar a doçura
Dos pés descalços, enlaçados...

Bordo o murmúrio...
Dorme comigo Lua mágica...