Tuesday, December 30, 2008

2009

Seja qual for a razão, provenha ela de onde o Ser não tem razão, ou quiçá da desventura aventurosa do caminho lúdico do pestanejar, espero ter o fôlego perpétuo de cegar a rebelião de um suspiro. Porventura inanimado o estreito mergulhar, tão ofuscado, esteticamente espaçado por compassos dum ofuscante passo transmudado, léguas de tormentos a resguardar dedos dedilhados, insolúvel problema confiscado no panorama oprimido do prefixo, imensos trocadilhos e nada posso dizer se o concreto no meio do fim tem algo a ver com o princípio do fim, seguimentos do mesmo raciocínio que peca pela lógica deprimente do Ser mutilado no próprio atrelado das vicissitudes. Circunstancias predeterminadas pelo ocaso do acaso. Ciumenta retórica, aguarda magnificamente o seguimento...
Às tantas os braços perdidos requerem abraços, um baço e tremido olhar, um retoque no toque; poderá ser a miragem misturada com aragem. Nem sei do dilema que aguarda o mar da frescura transbordante do rio. Essa corrente do destino ter certo a nascente. Tudo isto, além do dito anteriormente não é para levar senão a sério, um pouco de licor e mudada a coreografia volta-se ao abismo recolhido. Assim sendo a natureza tem conduzido a vertigem para o estado energético do borbulhar, frasco engarrafado tornado transparente à Alma. Ela sim vê o que a linha modifica o seu trilhar em cada respirar. Por isso tudo, mais algumas coisas que não foram ditas, conduzem ao ano 2009, um...
Sejam Felizes!

Monday, December 29, 2008

Encapuçados Embriagados

Voam labaredas nos poços
Reclusos do próprio sepulcro
Voam acentuados esboços

Rios negros aglomerados
Reclusos das danças intemporais
Rios encharcados com veludos

Culminam afiados aromas
Envolvidos ao badalar do funil
Tocam esquinas queimadas
Esculpidos infernos, tempero senil

Voam Rios, Rios Voam
Chaminés embriagados
Voam Rios, Rios Voam
Fumos encapuçados

A lareira estremece…
Lenha, mais lenha, muito mais lenha.
As brasas tremem!

Friday, December 26, 2008

Conversas de Natal

- Como se faz a farinha?
- A farinha faz-se da pedra.
- De que pedra normalmente é feita?
- Se queremos farinha negra: pedra de centeio. Se queremos farinha branca: pedra de trigo.

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- Os pássaros estão cheios de frio nas árvores.
- Vai os apanhar para os pôr com as patas junta da lareira.

Tuesday, December 23, 2008

"Wally"

Onde está o "wally"? :)

Sunday, December 21, 2008

Invisibilidade do Visível

Marcas profundas onde se sente o inalar oscilatório da vitrina, captar da sensação para escandalizar o suspiro vibrante. Além do invisível a matéria encontra-se estagnada, sombra que remexe as profundezas, descobre o limiar das invocações a culminar a decapitação. No visível a Alma devora energias deliciosas, pondo corredores anárquicos na flutuação do inferno, inacabadas belezas que seguem a lógica de sugar cruzes para chegar ao rubro.
Recortes a desmembrar o Ser, a pô-lo na virgem disposição para consumar os actos do filamento. Início rega o estremecer do fim, quando o visível provém do invisível, débil linha, cruel segregar da existência; o trajecto alimenta-se da vivência única do cântico, desmontar o tempo, ou refugiar o fragmentar no desmontado tempo. Esta sequência prolongar-se-á com infinitas porções, do qual cada Ser provará partes visíveis e invisíveis, fará metamorfoses de qualquer parte, não distinguirá qual parte está. Deambulará.

Thursday, December 18, 2008

Mais de 40 Homicídios...

Há o sentido do vazio quando se chega ao ponto final da existência. Pode-se ponderar vários factores nessa turbulência, equacionar o impossível, transformar a realidade em ficção; com algum apetite voraz pode-se acreditar na continuação da vida para além da morte duma forma ou de outra. Nesse cenário tudo é realizável para quem aí chega.
Agora quando o homem (versão masculina) se apodera dos corpos alheios, da sua companheira, da sua amante, da sua mulher (ou qualquer sinónimo possível que acham mais plausível), e daí passa para a carnificina pura e dura, assassinando a mulher, a ele, ou até os filho (s) a questão passa para um pensamento de posse injustificada.
Como se poderá chegar a esse ponto de acção?
Complexo sem dúvida. Tentarei em breves passos explanar alguns acontecimentos que provocam tal acto. Haverá mais, não duvido de tal, mas acho estes os mais importantes.

- O controlo de todos os movimentos seja feito na sombra, ou com uma venda nos olhos num estado despido (controle mendigado), ou até ao ponto máximo do auge, controlar obsessivamente todos os passos sem descrição. Nisso tudo existe durante a fase do relacionamento, fases intermédias em que se faz um pouco dos três, a baralhar completamente estados emocionais.
-Discursos com visões completamente opostas, feitos em momentos diversos. O homem acaba por ter de mudar a sua visão, sem se aperceber do ridículo da situação, nem pondera tal facto. Todas as perspectivas têm de encaixar na sua versão, se isso não acontecer irá tomar partido da opinião da mulher para não a perder. Incoerência do deambular das palavras.
- O diálogo é a miragem. União baseada no monólogo, aceite e quando questionado pode levar a um mal-estar no relacionamento, perspectiva mais positiva.
- Motivações do “casal” completamente opostas que de um momento para outro coincidem em todos os pontos. Quando o relaxamento das pessoas acontece, aparece as divergências, tentando de novo a coincidência. Tal coincidência é forçada, e não realizada com a pureza da Alma.
- A agressão física vista como algo normal. Começa por pequenas pancadas, subindo o tom até se tornar insuportável. Arrependimento precoce pelo acto de agressão, perdoado pela mulher. Continuação desses actos. Ciclo vicioso. Isso pode-se aplicar também a agressões ditas psicológicas.
a) Poucas agressões – ruptura.
b) Muitas agressões – ruptura.
c) Muitas ou poucas agressões – aceitação.
- Questão dos filhos leva muita das vezes à aceitação dos acontecimentos. A ruptura não acontece para dar Amor ao(s) novo(s) Ser(es). O homem vê isso como ideal para continuar a absorver um relacionamento fictício, mas real para ele.
- A pressão do endividamento familiar ou a dependência financeira de um em relação ao outro, leva ao continuar da ligação. Tensão violenta do poder económico, e muitas vezes a manutenção do Status Quo.
- Criações de ilusões impossíveis de realizar para ambos. Imperceptibilidade da incompatibilidade, levando ambos para uma utopia ilusória, trajecto composto de miragens inalcançáveis.

Quando a ruptura acontece desencadeia-se um repouso falso. O homem tenta aperceber-se a causa que desencadeou tal acontecimento, por vezes auto culpando-se, ora pondo a perspectiva de haver outro homem na vida da mulher, ora culpando a mulher por não ser honesta em sentimentos e actos. Tenta a reconciliação abordando a perspectiva sentimental. A promessa é feita na perspectiva de um retorno a um “paraíso” do começo longínquo. Torna-se obsessivo no intento, chegando de forma camuflada fazer o que já se fazia no relacionamento. Um camaleão camuflado muito mais perigoso, um predador sem escrúpulos, tudo vale até se humilhar perante ele próprio e das pessoas que o rodeiam. É o controlo mendigado feito com muito mais astúcia do que na situação do relacionamento. Torna-se aí irracional, completamente desprovido de valores, sendo a posse do seu objecto (a mulher) o único objectivo a conseguir. Não irá parar até isso acontecer, seja duma maneira ou de outra. O sufoco será tanto que desencadeia reacções diversas. Irei somente salientar uma, em que a mulher decide conscientemente com ela própria, recomeçar a sua vida noutro lugar. Leva a sua determinação, vontade e sentimento até onde ela plena de si sabe o melhor para ela, onde ela desejar. Tudo isso leva a um choque gigante no homem. Pensando para ele próprio, e por vezes dizendo a ela (maior pressão – descontrolo quase total):
“ Ela não vai sobreviver”
“Vou-lhe fazer a vida negra”
“Planos para que os amigos em comum a odeiem, não voltando a falar com ela”
“Irei vigiar cada passo dado por ela, aqui, ali, em todo os lados possíveis”
“Tu vais voltar para mim, tu sabes disso”
“Fomos feitos um para o outro. Ninguém nos vai separar”
“Não tens capacidade físicas, nem psicológicas para ser atraente”
“Amo-te. Tu também me Amas”
“Ai de ti arranjares outro homem”
Resultado:
A mulher ignora-o, ele não aceita.
A mulher refugia-se no mundo dela, ele não consegue lá ir.
A mulher sobrevive, ele planeia o afogamento económico dela.
A mulher cria laços de amizade, ele vê relacionamento amoroso.
A mulher apaixona-se, ele congemina um plano final.

Racionalmente aproxima-se dela por a dita “amizade” e o homicídio é realizado. Irracionalmente assassina tudo o que rodeia. Tudo que alguma vez pudesse significar algo. Ela, ele, filho, filha, mãe, pai, companheiro actual dela... Um ponto final dado insipidamente, sem dar o valor a si mesmo, nem à sua vida.

Este homem irracional desprovido de qualquer auto estima, amor-próprio, orgulho, sensatez, objectivo de vida diversificado, destaque-se pela brutalidade do fim simples. Inacabado no seu vazio, aposto que nem os vermes o desejarão devorar na terra.
Aos mais de 40 homicídios acontecidos em Portugal no ano de 2008 é revoltando a condição do homem para chegar a esse ponto. Se a mulher quer criar a sua vida de outra forma, deixai-a ir. Cada Ser é único, merece o estado que procura. Se ela não o encontrar, terá o trajecto feito na procura de outra forma. Se ela encontrar será feliz, o que deveria trazer para o homem satisfação. Não há maior prisão do que sentir ter feita a escolha errada, e não é preciso estar a esbofetear isso como se fosse comida. Todo o ser humano sabe das escolhas erradas durante a sua existência (há uns que não sabem, mas isso está dependente da falta de QI), sendo o erro característico do ser humano. Provocar a germinação da vida tem ser uma constância, não a sua decapitação por um acto obsessivo e duma irracionalidade atroz. Para isso, um suicídio é um acto com mais valor, tanto a nível de números de mortes, como de implicações de tirar a vida a outra ou outras, apesar de não trazer tanto lucro para as agências funerárias (humor negro).
A vossa batalha deve ser o esplendor da vossa essência, nada mais; sendo isso um objectivo puro e válido para uma eternidade de aconchegos ao fôlego permanente.

Sunday, December 14, 2008

F

Estrondos de esplendor moram dentro de mim. Arrecado a visão fulgurante dos meus olhos, rebolo na pele do meu Ser, na Alma do recanto dos raios prateados da Lua, e viajo dentro da exaustão. Feitiço das recônditas chamas povoam fragrâncias de germinações, o jardinar da alucinação vigorante, solidão embriagada com fulgor. Retorna a iluminação do Ser demoníaco, dança de teclas construídas no telhado coberto de pétalas. Colher o aroma a deflagrar no coração, silhueta abissal do verter único da essência. Espírito brilhante do renascer chega até ao teu dia Demónio, até mim...Saboreio-o sossegadamente, enrosco-me com o feitiço do meu dia; Parabéns DarkViolet!!!

Friday, December 12, 2008

Sonata à Lua

Permanente.
Rainha do altar.

Regar a cantoria!
Embebedam-se as Luas com gemidos de água.

Regar o desfolhar!
Ancoras a palpitarem.
Tocar o adormecer!
Serenidade do caos a relatar o dedilhar.

Alterar a sonoridade!
Recoloco a subtileza da dança na mão.

O retrato do incêndio
Percorre a vastidão
De encontro aos violinos.
Segue-se no corredor da escuridão
A abrir os hinos.
Das notas flutuantes
Só as inundações são senhoras!
Aconcheguemo-nos...

Wednesday, December 10, 2008

Fe

Helicoidal falésia a despedaçar a sinfonia... Brutal apocalipse que aconchega o pingar...A ponte brota a fonte, desespero e agonizante desejo de chamas a incendiar a vastidão das profundezas. Rostos cobrem o feitiço duma altitude desesperante para invadir o culminar do encadeamento das lágrimas até à esperança. Banquete da reincarnação, ritmado na agitação das cordas do violino, colhe todo o detalhe das festividades.

Monday, December 08, 2008

Fei

Inevitabilidade do último suspiro sabe sempre a infinito. Assim são as escadarias do feitiço; um rendilhado de veludos sempre a elevar-se em turbilhões excitantes. O balançar de cada subida ou descida, rasga o êxtase em fragmentos ínfimos de silhuetas, a santificar o inferno para dilacerar as teias. Os únicos Seres da purificação agrupam-se nos remoinhos deste prazer, dobrando, alinhando os pós, até o canto dançar sobre a viagem da pedra decorada, esculpida.
Quem arremessa o cordão à escuridão da ressurreição?
Se nesta divagação houvesse escadas, o cego não necessitava do cordão. O vislumbrar do arremesso poderá ser o incomparável desejo infiltrado nas masmorras.

Friday, December 05, 2008

Feit

Quando a manta chega junto das estrelas do inferno, importa sentir o permanecer dos uivos incessantes, mergulhos de palpitações vibrantes. Não é qualquer Ser, não é qualquer folha de fumo da natureza, nem o raio fulminante que do acordar do alvorecer sabe o seu ardente gemer; será somente a virgem das purezas loucas a permanecer na cinta da vitrina recolocando pós no socalco dos remoinhos.

Espalhadas vertigens são trilhos dos viajantes...
Colheita de pó feita pelo véu...
Colheita de sementes feito pelas folhas...
Espalhado odor mistura a Alma...

“A vida é queimar perguntas” Antonin Artaud

Wednesday, December 03, 2008

Feiti

Captar o labirinto a desfolhar a visão dos lagos pingados. O momento estagnado de prazer acolhe os fios debruçados, suspiro frustrado de raios humedecidos a reflectir. Desdobrar o tempo, retalhar o pó, florescer o calor emanado pela terra. Transpiram curvas na envolvência dos troncos cruzados, nuvens embaladas pelo toque entreaberto da chuva. Os ninhos de janelas são contagiados no encantamento das folhas caídas, coloridas de gemidos acastanhados amarelados.
Mistura destas cores difundem-se manipuladas por um feitiço do inferno. Os Seres abraçam perversões ligadas à natureza, repetindo a sequência até à eternidade se tornar o apogeu do fogo.
“Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu, ou inventou senão para sair do inferno” Antonin Artaud