Um fio de rio da areia espreguiçada a descair nos dedos levantados ao alto, é o que este anoitecer me faz acariciar. No altar mora a espuma desconhecida sulcando miragens de castelos feitos por crianças. Estremecidos nas conchas o vento não pára de bater, a rasgar as curvas destorcidas, a pulsar de emoção. Os grãos de areia são arranhados pelos dedos frágeis que caem, e se afundam na humidade do vaivém das águas do mar.
Risco no céu dourado, cores espalhadas no horizonte, na Rua da meditação, na inocência quebrada, no licor que derrete em céu de mar. Envergonhado pela timidez dos contactos, o rosto volta às profundidades do areal. Arranco grão atrás de grão, escavo tão fundo que deixo de ver a minha mão. Remexo docemente em solo duro, repousando o resto do corpo de lado, estendido, para o castelo. Fico com as cicatrizes, somente com elas, agarrando o meu peito do ardor duma gargalhada. Atordoados frutos da minha mão que se inclinam neste altar, escorre nos cabelos, nas costas, para dentro de mim...Fogo agreste...
Permaneço no esplendor das coisas mais simples, nos actos que em si são mais puros. Roubo a imagem à natureza, ou apenas um pequeno empresto, não o sei. Sei somente que dos frutos do fruto não pode não florir a semente. Só irá nascer um novo amanhecer, e depois um anoitecer. Esse é um dos ciclos das mãos. Não posso tocar em toda a areia, só ela é que pode tocar toda em mim.
Permaneço no esplendor das coisas mais simples, nos actos que em si são mais puros. Roubo a imagem à natureza, ou apenas um pequeno empresto, não o sei. Sei somente que dos frutos do fruto não pode não florir a semente. Só irá nascer um novo amanhecer, e depois um anoitecer. Esse é um dos ciclos das mãos. Não posso tocar em toda a areia, só ela é que pode tocar toda em mim.
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