Friday, June 30, 2006
Sémen
Crueldade sem requinte de malvadez...
Mar de lama que suaviza a fervura
Mergulhada no tronco... timidez...
Das 4 não passo sem ritmo perder,
Um vazio sem vaso para emoldurar...
Arrombo o alçapão das grades desfeitas,
Sustenho a respiração,
Bailo os pedaços que voaram
Com os lábios agarrados ao meu seio,
Sorvo o sémen derramado...
Thursday, June 29, 2006
Palma da Mão
Sem partir...
Estender a mão no luar
E enrolar a coroa erguida,
Para depois deixar orvalhar
A minha Alma perdida.
Vou pegar em pétalas
E sorrir...
Prender um suspiro de olhar,
Riscando a palma da mão
No coração...
Wednesday, June 28, 2006
Dança Pureza
Abertas no rio de pétalas,
No suspiro do cansaço,
A esfregar o punhal de lâminas...
Viro o rosto de encontro
aos vitrais de chamas,
E abro o coração ao resvalar
Da pureza...
As minhas letras voam
Nas florestas negras da minha solidão...
Dança Demónio...
Tuesday, June 27, 2006
Gelo Espalhado
A fraqueza dos caminhos cai nas pedaladas do tempo. Roma ali tão perto e a roda aqui a florescer de escurecimento. Por onde se vira e rodopia, existe as chuvas de pedras que caem no uivo surdo da paisagem. Há certos momentos que os sons do silêncio, dos rasgos sem sentido, das palavras que não saem, dos gestos esquecidos nas asas depenadas, que gira em torno de obstáculos de vitrais fumados...Gelo espalhado pelo mar num barco desgovernado a bolhar, um olhar cada vez mais embalsamado, a montar tendas fragmentadas...Não há remos nesta transpiração, apenas um sono de barbas que não arranha as ilhas desertas. Todos os dias são dias iguais, sem mistura, sem o dom de haver fogos de artifícios. Puxo os cordéis de espuma, liberto fósseis e as velas rompem-se na brisa. Como é possível haver do monte de roma uma onda de telhados estagnados?...E do outro lado fazer a sobrevivência um corte, uma ajuda de fogo nos dedos da mão...A força da dança escondida no meu bolso a centenas de quilómetros de onde uma das minhas saudades fica parado nas penas a esvoaçar...Não consigo...Talvez...Tenho as mãos em gelo.
Matéria de sono adormecido, em que nas trepadeiras arrancadas não consigo olhar para o tecto. As questões de genes que pecam pelas deformações das cores e do seu substrato. O corpo pintado de ferrugem perfuma os pés paralisados a adocicar os paralelos do caminho. Não sei como os galhos conseguem fazer descair os remos das letras simples. Sei somente que os cabelos estão secos da inocência amaldiçoada.
Monday, June 26, 2006
Cinzas perfumadas
Num olhar decadente...
Arranquei em busca de cordas
Para segurar o toque materno,
Encontrei o suor sem aventura...
Se no sol árido
Minha Alma se esfumasse
Já estaria com as cinzas perfumadas...
Sunday, June 25, 2006
...
Friday, June 23, 2006
23
Choveu...
Thursday, June 22, 2006
Trémulas Asas
Seguro-me nos arames do tecto,
Num copo de sangue, a espumar…
Salpico esta fermentação
Com espasmos infernais de espinhos…
A melancolia dum sorriso a riscar o som, vazio…
Gracejo em hiatos de sulcos,
Arregalado para sufocar-me de êxtase.
Vem até mim, cresce no dorso do demónio…
A morder a cicatriz da última veia de sede…
A dançar o grito da última janela de vento…
Vem até ti, adormece nas trémulas asas…
A dilacerar o terror do olhar…
A devorar o sémen da natureza…
Vem brilhar esta tela…
Que venha a escuridão completa…
Wednesday, June 21, 2006
"O Tempo Que Resta"
P.S.: Este país é triste nalgumas coisas. Para ver este filme (O tempo que resta) de grande qualidade é preciso as pessoas se deslocarem à unica sala que tem em exibição neste país (UCI em Lisboa)...Enfim...
Tuesday, June 20, 2006
A viagem...
Monday, June 19, 2006
Plim...
Troveja na margem,
Pedaços de miragem em rostos escondidos.
São assim os olhos queimados...
Serras de fogo enjauladas,
Mergulho nas memórias regadas.
Debaixo do solo, a escuridão descalça.
São as cicatrizes do Oriente...
Sons fúnebres ardem
Em olhos estagnados, vazios...fogem...
Corridas em precipícios de aromas.
São as silhuetas do Chile...
Do Alto para o alto do mármore
A essência perfumada das flores.
Rabisco o banco da formosura.
São o dedilhar das mãos puras...
Menina de sorriso tímido
Toca-me as cordas do violino...
A agitação do coração embala-me.
São poções de subtilezas...
Vagueio pelas ruelas brilhantes
Em misturas embriagadas de fome.
Restos de ossadas que tilintam.
São galhos da cidade maldita...
Preencho o poço dos Prazeres
Na mulher de sorriso largo,
Esbocei um corvo no jazigo.
São pisadas de fogo sublime...
Flutuo as veias no abismo,
O céu rasga-se de trovões
Por estar a violar esta terra...
São estrelas de velas...
Arrggghhhhhh!!!
Arrggghhhhhh!!!
Arrggghhhhhh!!!
Arrggghhhhhh!!!
O doce inferno dum trovão
Da chuva molhada...
Sunday, June 18, 2006
Calafrios
Mergulhadas na lava do tempo...
A embalsamar meu rosto
A rasgar os espíritos...
Suave nos trovões das esquinas,
Agreste nos tormentos aguçados...
A Alma passeia neste labirinto de olhares...
Pinto o céu de muralhas...
Calafrios de pétalas caídas...
Wednesday, June 14, 2006
Mia Couto
( O barbeiro de Vila Longe )
Mia Couto - O outro pé da sereia
Tirei estes excertos de frases do último livro de Mia Couto, que apenas desfolhei algumas páginas. Não é que concorde com as frases, mas há algumas palavras nestes fragmentos que me dizem algo, como por exemplo: "a lembrança", "o rio", "a terra", "a memória" e "perdido". O essencial do discordar é que a única coisa que importa é se a essência é pura ou não. Se for pura então o rio corre para algum lado, mesmo que seja para a solidão...Enfim...
Monday, June 12, 2006
Aconchego
Vesti-me na Lua...
Pus o carapuço nos cabelos
E deslizei na água do peito...
Os segredos de vozes miraram-me
Com olhos do rio...
Da intensidade de nomes
Só um havia de me levar...
Do gradeamento mágico,
As colunas erguem-se
No infinito de pétalas,
Na loucura do prazer Lunar...Puro...
(Sempre a Lua, Sempre Ela...)
Saturday, June 10, 2006
Friday, June 09, 2006
Para quê?...
Não consigo dar...
Devoro meu corpo,
Rasgo os olhos para ver,
Até dos lábios saem cordéis...
Para quê?...Não consigo dar...
E se na ponta da saudade
Houvesse esperança?
Quero adormecer num abismo...
Quero um sopro no meu colo...
Não quero nada...Quero...
Para quê ter alguma coisa?... Para quê?...
Thursday, June 08, 2006
Ninguém te reconhece...
Cidade Maldita
Estátuas do movimento fundem-se em misérias.
São cabos soltos que perfuram a ansiedade,
São armações geladas da saudade.
Costas dobradas, curvadas ao destino...
Dor imaculada com o traço fino...
Irei voltar à cidade maldita,
Onde o Amor dorme nas asas dos corvos...
Tuesday, June 06, 2006
Embrulho
Corrimão
A fumar o esqueleto,
Perfuram os nós
Para encantar as sensações de abraços...
Abandono o medo
E fico apavorado na miséria.
Aberrações deprimentes
Da fúria descontrolada...
São fatias da criação humana,
Como o corrimão que se afunda
Nas baladas das badaladas sequiosas...
O insaciável incêndio da paixão...
Monday, June 05, 2006
Olho...
Violino
Como a flauta faz ao vento...
Dos rabiscos encravados na pele,
Ponho a música do alento...
Nos grãos de areia montado,
Seguro os pés tristes, colados...
O nu descalço das notas de sereia,
Inundam o mar de sangue...
A brisa melancólica dum violino...
Saturday, June 03, 2006
Sem sentido
Rasguei pântanos de musgos
Por desvio de olhos ocos...
As lágrima florescem derretidas na jóia
Caem folhas, Caem folhas,
De cinzas se cobrem...
Crescem olhos, Crescem olhos,
Curvados da cor dispersiva...
Dia do Dia,
Que mia, já não ria...
Sorria quando abria e via...
Tossia nessa alegria...
Friday, June 02, 2006
Opaco
Do fundo opaco...
Meu olhar cai nos meus lábios,
Secos por falta de esperança.
Não vejo ninguém, somente a mim...
Dói-me o que sou,
Sem razão aparente...
Gelado de emoções, esgotado...
Valsas sem nada em redor...
Apenas penas a esvoaçarem...
Brotará
Thursday, June 01, 2006
Clarim Surdo
É uma imagem de rosto adormecido...
Passarão anos sem ninho
Com a incisão do corpo estremecido...
Tempo sem fim
De pontinhos,
A ser infernizado pelo clarim,
Aconchegadinhos...
O espelho não tem imagem...
Saudade...Saudade...Saudade...
Nevoeiro de sombras...
Utopia...Utopia...Utopia...